13/01/2009

SAUDOSAS BOLACHAS _ 08

1970 - O CANTO DE CISNE DA JOVEM GUARDA

Em 1970 o programa de Tv Jovem Guarda jà estava fora do ar desde 69. O imenso espaço na mídia que havia conquistado na segunda metade da década passada se reduzira drasticamente. A moda tinha passado. A juventudade universitária, a moçada do rock pauleira; a galera udigrudi emergia e o povo parecia cansado daquela onda : uma brasa, mora?
A dupla Erasmo e Roberto Carlos partiram para campos novos, buscando espaços onde seus talentos poderiam servir. Experientes e seguros com a popularidade, fama e fortuna que a Jovem Guarda lhes proporcionou cada um foi tomando o seu caminho musical; e em 1970 ficou, em dois discos, o registro desta transição.

OBS: para saber mais sobre Jovem Guarda veja post de 2007 :

http://muzamusica.blogspot.com/2007/08/era-uma-brasa-mora.html


ROBERTO CARLOS (1970)

Roberto Carlos o grande ídolo da Jovem Guarda em 1970 começaria a pavimentar a longa estrada que o levaria durante a década de 70 e 80 a ser tornar o cantor/compositor do Brasil que mais discos vendeu; o mais popular. O resultado de uma época em que desenvolvia suas canções dentro de um movimento que copiava o rock britânico foi a simbiose de um cantor romântico e popular, com características interessantes como a sua voz anasalada, afinada, cristalina; a masculinidade suave e a idolatria à mulher (herança da Bossa Nova).

Roberto em 1970 pede para sua amada vestir a roupa e ir com ele ao altar (“Vista a Roupa Meu Bem”) , chora sua terra natal (“Meu Pequeno Cachoeiro”), revela paixão por uma mulher mais velha (“Minha Senhora”); ainda, traz resquíicios da Jovem Guarda, rebela com seus cabelos compridos a 150..200 por hora.(“120, 150, 200 km...por hora”)

Mas sem dúvida, influênciado pelo sucesso da opera pop “Jesus Christ Superstar´(1970) e ainda do sucesso de George Harrisson com “My Sweet Lord” (1969), foi com Jesus Cristo”, um hino cristão tratado como canção popular, a grande novidade que Roberto trouxe em 1970. Esta canção que, até hoje é uma de suas várias marcas registradas.

ERASMO CARLOS E OS TREMENDÕES (1970)

Em 70, depois de viver 04 anos em São Paulo, Erasmo decide voltar a sua Rio de Janeiro. Não totalmente desvinculado do conceito Jovem Guarda, ele lança seu Lp neste ano com capa e nome típicos ao movimento; porém, o que se encontra no interior do disco é outra história.

Erasmo Carlos e os Tremendões” traz a clássica "Sentado À Beira Do Caminho", bela cantiga bluseira com um leve toque de Bossa Nova; ares de despedida da Jovem Guarda, ali, sentado à beira do caminho. Tem a surpreendente “Coqueiro Verde” com gingado e balanço carioca que se tornou imediatamente um hit, um hino da volta de Erasmo ao Rio.

Coqueiro Verde” resgata algo da malandragem carioca que Carlos Imperial trabalhava junto com outros artistas, porém tem uma leveza masculina e compactua com a idéia de uma mulher (Leila Diniz), uma posição pouco machista e que a malandragem carioca tinha em excesso. Ainda, reforçando esta transição, Erasmo grava versões de “Teletema” (Antonio Adolfo e Tiberio Gaspar), “Saudosismo”(Caetano Veloso) e “Aquarela do Brasil”(Ary Barroso).

Um disco interessante com a marca e o sabor da canção brasileira trazida por um dos estandartes da Jovem Guarda no início dos anos 70.

PS: A capa do disco de Erasmo com ares de Jovem Guarda, a contracapa não.

Coqueiro Verde

(Roberto Carlos/Erasmo Carlos)

Em frente ao coqueiro verde
Esperei uma eternidade
Já fumei um cigarro e meio
E Narinha não veio

Como diz Leila Diniz
O homem tem que ser durão
Se ela não chegar agora
Não precisa chegar

Pois eu vou me embora
Vou ler o meu Pasquim
Se ela chega e não me vê
Sai correndo atrás de mim

4 comentários:

Monica Ramalho disse...

tô dando bobeira, paul. herdei esse roberto de capa preta e acho que nunca ouvi... beijos!

Paul Constantinides disse...

entao vai guardando Monica
pq vira reliquia logo, logo..
se eh q jah nao virou.

se vc coleciona vinils beleza.
bjs
paul

Cristiane A. Fetter disse...

Paul, você precisa ler (se já não o fez) a biografia do Tim Maia feita pelo Nelson Motta, lá ele fala do início do Roberto e Erasmo, que aliás formaram uma banda junto com o Tim, Os Sputiniks (não sei se a grafia é esta). É muito interessante entender o início destes artistas.
Abraços

Paul Constantinides disse...

oi cristiane, eu li sim a biograifa, alias devorei, li em dois dias, ano passado.
mesmo assim, obrigado pelo toque.
vai lah nas primeiras postagems das bolachas saudosas, q eu falo do Tim Maia e falo sobre isto.
Mas o texto q estou escrevendo neste caso, eh mais direcionado com o disco lancado em 1970; nao vi necessidade em ter q dizer tudo sobre o passado antes do disco ter sido lancado..ai vira livro de historia...kkkk.. no caso do Roberto Carlos, eu dediquei um dos primeiros posts do MusaMusica a Jovem Guarda...talvez seja por isto q nao me importei em dar mais dados biograficos do rapaz...;-)
mas eh isto ai.
abs
paul