12/05/2009

Saudosas Bolachas (11/1971)

CANTORAS DE RÁDIO, VENTOS E OUTRAS ESTAÇÕES.

Porta-vozes de emoções e sentimentos coletivos; as cantoras do Brasil sempre tiveram um significado importante na história da musica brasileira.
Nos anos 70 não foi diferente e ainda, acrescentava uma diversidade até então pouco vista e também procedia de vertentes que antes nem haviam. Este foi o caso destas cantoras com seus trabalhos lançados em 1971.


Maria Bethânia
“A TUA PRESENÇA”(1971)
“A ROSA DOS VENTOS” (1971)

Maria Bethânia (agosto, 1948) começou sua carreira em Salvador, Bahia; cantando nos palcos de peças teatrais em 1963. Sua voz potente, seca e portadora da alma agreste do Brasil, logo chamou a atenção do dramaturgo Augusto Boal (Teatro Opinião) que a conheceu de passagem pela capital bahiana. Em 1965 ele a convida para vir a São Paulo substituir Nara Leão (afastada por motivo de saude) na peça Opinião.
Carcará, pega, mata e come!” a voz da jovem cantora ganhava o Brasil em 1966. Seu irmão (Caetano Veloso) e amigos (Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé) se enveradavam na Tropicália e Bethânia não embarcou nesta, mantendo-se afastada do movimento, cantando Noel Rosa, Edu Lobo entre outros. Em 1971, depois da turnê com Vinícius e Toquinho, Bethânia grava “A Tua Presença” onde ela se dirige a obra de seu irmão, canta Jorge Ben, Roberto e Erasmo Carlos, Chico Buarque, abrindo o leque de sua sensivel musicalidade para produções mais contemporâneas e menos conservadoras.
O sucesso do disco e o momento inovado que vivia a leva a montagem do show “Rosa dos Ventos” que vira disco e é lançado no mesmo ano. Trazendo poucas canções de “A Tua Presença”, Bethânia canta Caetano, Macalé, Carlos Gardel, Toquinho e Vinicius, Chico Buarque, Batatinha e Caymmi; entre as canções recita poemas de Fernando Pessoa e Clarice Lispector. Um dos discos de maior vendagem em 1971. Neste periodo Bethania lançava a semente que a transformaria nesta instituida personalidade, de tamanha beleza e grandeza, da canção brasileira.

Escute “Mariana, Mariana” (Coelho Pereira/ Ruy Guerra)
bethania - mariana, mariana



Astrud Gilberto
“GILBERTO WITH TURRENTINE” (1971)

Astrud Gilberto, nascida Astrud Evangelina Weinert, nasceu em 1940 em Salvador, Bahia. Durante a infancia se muda para o Rio de Janeiro; onde na adolescencia se empolga com a Bossa Nova e começa a cantar em bares noturnos. Em 1959 conhece e se casa com João Gilberto, e a partir de então passa a acompanhar a carreira meteórica do marido abandonando os pequenos palcos dos bares.
Em 1963 quando João Gilberto gravava com Stan Getz, nos Estados Unidos, a famosa versão bilingue de “Garota de Ipanema” tantos os musicos como a produção sentiram que ficaria melhor uma voz feminina naquele “take”. Os olhos se voltaram para a moça esqualida e de olhos grandes do outro lado do “aquário”:” - Ms. Gilberto!”. Foi assim que a cantora até então amadora, entrou “acidentalmente” na gravação que esta entre as mais tocadas na historia da música moderna. Nascia a carreira profissional de Astrud que em 1971 somava 10 discos gravados acrescidos de um tremendo reconhecimento e prestigio nos Estados Unidos e na Europa. Neste ano ela grava “Gilberto with Tarrentine”, leia-se Stanley Turrentine (1934-2000) trumpetista da escola do jazz-fusion que nos anos 70 predominavam no cenário jazzistico norte-americano. Astrud grava um disco simples e correto, com uma marcante singularidade vocal que determinou de certa forma o como se cantar Bossa Nova. Outrossim, o disco traz canções de Deodato, Milton Nascimento, Jorge Ben, Edu Lobo, Burt Bacharach, entre outros. Astrud pode ter sido uma cantora acidental, mas tinha bom gosto e qualidade; e isto transparece neste disco de 1971.

Escute “Zazueira”(Jorbe Benjor)

Astrud Gilberto - zazueira


Dóris Monteiro
“DÓRIS MONTEIRO”(1971)

Adelina Doris Monteiros, nasceu no Rio de Janeiro em 1934. Desde criança demonstrava os dotes de cantora e no fim de sua adolescência já cantava em programas de rádio. Em 56, com 22 anos de idade foi eleita “Rainha do Rádio”, titulo de grande significado naquela época.
Em 1971 encontramos Doris adulta e como uma das cantoras responsáveis pela modernização do samba, isto é, da passagem do samba de terreiro para samba de apartamento de classe média.
Neste ano, com sua voz suave de nuancias leves e de grande sensibilidade; ela grava “Doris Monteiro” um disco bem equilibrado, com arranjos de Geraldo Vespar e um repertório bastante abrangente que passa por sambistas tradicionais como Noel Rosa e chega aos novos Caetano Veloso, Sergio Sampaio, Antonio Adolfo e Tiberio Gaspar. Ouvir este disco traz doces lembranças de um momento marcante de nossa musica; mas resplandece pela voz de Doris Monteiro, que ai, não tem tempo ou época para se ouvir.

Escute “É Isso Aí” (Sidney Miller)

Doris Monteiro - Eh isso Aih

Um comentário:

Anônimo disse...

O seu blog tá demais, dá pra passar horas curtindo...
Ana Souto