22/06/2009

Saudosas Bolachas (17/1971)

O PÊNDULO DA VIRTUOSE.

Em 1971 a musica instrumental no Brasil continuava produzindo vários albuns interessantes. Criações distintas seguindo o pêndulo de tendências. O pop, a fusão criativa de ritmos; o samba jazz; ou então, a virtuosidade instrumental consagrada na musica.


DOM SALVADOR E O GRUPO ABOLIÇÃO
“SOM, SANGUE E RAÇA”(1971)

Pianista paulista Salvador Silva Filho, o Dom Salvador, começou sua carreira tocando na noite paulista dos anos 50 mas logo se transferiu para os Becos das Garrafas no Rio de Janeiro e de lá para os Estados Unidos. Ao voltar em 1970 trouxe na bagagem a influência do funk e do rhythm & blues.
Ele monta um noneto com integrantes provenientes de várias escolas desde o jazz, o samba de escola, e o forró; como o saxofonista Oberdã Magalhães, futuro líder da Banda Black Rio, Rubão Sabino (baixo, o baterista Luis Carlos (outro que integraria a Black Rio), o trompete e flugelhorn do músico de sinfônica Darcy, José Carlos na guitarra, Maria no vocal e Nelsinho na percussão.

O disco “Som, Sangue e Raça” é uma verdadeira fusão de ritmos e elementos sonoros contraditórios, com encadeamento de sopros, piano funkiado, cuíca, improvisos jazzísticos e triangulo de forró.

Extremamente criativo e cheio de swingue.

Escute “Guanabara” (Dom Salvador/Arnoldo Medeiros)

Dom Salvador - Guanabara

Escute “Folias de Reis”(Jorge Canseira/Marcos Versiani)

Dom Salvador - Folias de Reis


QUARTETO EDSON MACHADO
A OBRA 2 – O PULO DO GATO (1971)


Edson Machado (1934-1990) baterista do Rio de Janeiro, iniciou sua carreira tocando em bailes de Gafieira. A ele é atribuido a criação do chamado “samba no prato”. Em 1949, durante um baile sua caixa furou e ele continuou o show usando apenas os pratos e os tambores.
Entre os anos 50 e 60 tocou no Bossa Três com Luis Carlos Vinhas (piano) e Tião Netto (baixo), integrou o sexteto de Sergio Mendes, o Bossa Rio; tocou no Rio65 Trio e formou uma big band.
Em 1970 ele formou o Quarteto Edson Machado com Ion Muniz (sax tenor e flauta), Alfredo Cardim (piano) e Ricardo dos Santos (baixo), com o qual gravou dois discos.

Em 1976, por motivos políticos exilou-se para os Estados Unidos onde tocou e gravou com Chet Baker e Ron Carter e formou um grupo chamado Lua Nova.

No ano em que voltou ao Brasil, 1990, chegou a montar um sexteto com Edson Maciel (trombone), Macaé (sax tenor), Paulo Roberto Oliveira (flugelhorn e cornet), Luís Alves (baixo) e Luís Paiva (piano), mas no dia 15 de setembro do mesmo ano sofreu um ataque cardiaco fulminante.

Listen to “ Asa Branca”(Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira).

Quarteto Edson Machado - Asa Branca



GUILHERME COUTINHO E SEU GRUPO "PROCURA-SE" (1971)

Guilherme Coutinho, pianista de Belém do Para, começou a tocar piano aos cinco anos de idade e, aos dezessete, já integrava “Os Mocorongos” e “Os Iguanos.
Nos anos 60 ele tocou em várias casas noturnas de Belém e se tornou fixo num clube chamado Assembléia Paraense onde fez muito sucesso com sua banda formada por piano, baixo, bateria e cantor. Com sua banda ele animava as festas populares e o carnavais da cidade.

Em 1971 ele gravou o seu primeiro album, “Procura-se” de uma série de três que chegaria a gravar. Seus arranjos são criativos e misturam ritmos populares com ritmos jazzisticos com muita naturalidade.

Escute “Pappa Jimmy” (Guilherme Coutinho)
Guilherme Coutinho e Seu Grupo - Pappa Jimmy



EGBERTO GISMONTI
ORFEO NOVO (1971)

Em 1971 Egberto Gismonti continuava a sua peregrinação musical destilando sobre ela a sua virtuosidade instrumental. Neste disco gravado na Alemanha entre 1970/71, ele toca piano e violão e começa a dar mais espaço neste quarto album de sua carreira a musica instrumental.
“Orfeo Novo” foi feito por um trio formado por Gismonti no piano e violão, o alemão Bernard Wystraete na flauta e o norte americano J.F. Jenny-Clark no contrabaixo; tendo ainda a participação da cantora Dulce Nunes em algumas faixas e todos os arranjos feitos por Gismonti.

É um disco carregado de matizes vigorosas de sua musica que ainda passeava pela instrumentalidade acustica devido a forte influência do samba jazz.

Escute “Consolação/Berimbau”(Vinicius de Moraes/Baden Powell)
Egberto Gismonti - Consolacao/Berimbau



ZIMBO TRIO
“STRING AND BRASS PLAYS THE HITS”(1971)

Zimbo Trio é um conjunto paulista de Jazz Brasileiro (Brazilian Jazz) surgido nos anos 60 formado por Amilton Godoy (piano) , Luis Chaves (contrabaixo) e Rubinho Barsotti (bateria).
O trio é considerado um expoente da ala paulista da bossa nova

Em 1965 passaram a fazer parte do programa “O Fino da Bossa” ( TV Record), apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, que lhes conferiu grande popularidade.

O Trio se mantem ativo até hoje, administram o CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical) e possuem mais de 40 discos gravados.

Em 1971 eles gravaram o primeiro disco dedicado ao mercado intenrnacional o “String and Brass plays The Hits” (Cordas e Metais Tocam os Sucessos) um disco equilibrado e bem tocado pelo talentoso trio; contendo versões de algumas Bossas, sambas e MPB.

Escute “Madalena”(Ivan LIns)
Zimbo Trio - Madalena



MILTON BANANA
“MILTON BANANA” (1971)

Milton Banana (1935-1999) foi um dos principais bateristas ligados a Bossa Nova. Ele começou sua carreia nos anos 50 tocando na noite carioca. Em 1959 ele acompanhou Tom Jobim e João Gilberto nas gravações históricas de “Chega de Saudade”. Neste periodo formou o Milton Banana Trio com quem gravou mais 20 albums alem de continuar acompanhando Tom e João Gilberto como no show do Carnegie Hall em NY em 1962 e nas gravações com o saxofonista Stan Getz.
Em 71 lança seu nono album ampliando o formato de Trio para um grupo, anexando outros elementos de percurssão e um orgão hammonder que conferiu a sonoridade do disco o cracha para os anos 70.

Escute “Você Não Entende Nada”(Caetano Veloso)
MIlton Banana - Voce Nao Entende Nada




SÉRGIO ABREU E EDUARDO ABREU
“OS VIOLÕES DE SÉRGIO E EDUARDO ABREU”(1971)

Sergio Rebello Abreu (1948) e Eduardo Abreu (1949), irmãos, que durante a infância aprenderam a tocar o violão clássico estudando com o avô Antonio Rabello e o pai Osmar Abreu.
Seguiram seus estudos nos anos 60 com a violinista Adolfina Raitzin Távora.

Em 68 gravaram o seu primeiro disco e causaram grande impacto pela virtuose e pela forma como transcreviam peças da musica classica em seus violões.

Em 1975 depois de vários albuns gravados e constantes apresentações na Europa e Estados Unidos, o duo teve fim devido o afastamento de Eduardo.
Sergio prosseguiu sozinho até 1981 e hoje é um reconhecido fabricante de violões (Luthier) no Brasil.
As gravações existentes do duo e dos solos de Sérgio e Eduardo Abreu são objectos de culto entre os admiradores do violão clássico que os consideram como dois dos maiores violonistas daquele período.

Escute “Dança Espanhola de A Vida é Breve”(Pujol)
Sergio e Eduardo Abreu - Danca Espanhola e Vida Breve



5 comentários:

Anônimo disse...

Que raridades que postastes aqui meu parceiro !!! Adorei, as matérias sobre MIB a música instrumental brasileira ...
Que época divina , inclusive sou muito amigo do filho do edson machado um super batera lá do rio estudamos juntos na vila lobos ... Bons tempos ! Obrigado pela matéria Arrazou como sempre

D.

Anônimo disse...

O milton banana e o rei da bateria brasileira cheia de swing
Dom salvador nem se fala !
B.

Anônimo disse...

O milton banana e o rei da bateria brasileira cheia de swing
Dom salvador nem se fala !
B.

Anônimo disse...

Paul
Adorei tudo!
O Don Salvador arrasa.
valeu!!

Motta

Anônimo disse...

Paul,

seu blog está o bicho.

O LP desse duo de violões, Sérgio e Eduardo Abreu,que execução maravilhosa.
Obrigado por mostrar isso pra gente.

Grande abraço.

A.