29/08/2009

QUANDO O JAZZ ABRAÇOU O SAMBA

Stan Getz & Charlie Byrd
"Samba Jazz" (1962)


Quando Charlie Byrd (1925-1999) voltou de uma rápida viagem pelo Brasil em 1961 ele já era um reconhecido guitarrista de jazz da cidade de Washington, Estados Unidos, com 03 discos gravados e já tinha tocado na orquestra de Woody Herman, com Django Reinhardt e Joe Marsala. Naquele ano, Byrd já chamava a atenção da critica especializada pelo fato de introduzir técncias de guitarra acustica ao jazz. Mas o que Charlie Byrd trazia na bagagem de volta de sua viagem ao Brasil chamaria mais ainda a atenção da midia americana.
Charlie estava excitado, ligou para seu amigo saxofonista em New York, Stan Getz (1927-1991) com quem tocara junto na orquesta de Woody Herman e lhe disse:

- Getz precisamos nos ver! Você não vai acreditar?
- O que foi Charlie? Alguem morreu?
- Não! Não! Sabe aquela musica de que a gente falava tanto quando tocavamos na orquestra do Woody. Aquela musica magica que não sai de um lugar e sai assim mesmo. Aquela sinuosidade.

- Sim.

- Eu a descobri.
- Como? Como assim? Onde?
- No Brasil Stan, no Brasil meu amigo.
- Brazil?

- Bossa Nova Stan, Bossa Nova

- Bossa Nova?


Em 1962, Charlie Byrd e Stan Getz lançaram o disco “Samba Jazz”, historicamente o primeiro disco nos Estados Unidos a se dedicar exclusivamente a Bossa Nova.
O disco traz o esforço e o empenho de musicos americanos em aprenderem as musicas brasileiras através dos discos que Byrd trouxera. A participação é apenas de musicos americanos : Stan Getz (sax tenor), Charlie Byrd (guitarra acustica), Gene Byrd (guitarra e baixo), Keter Betts (baixo), Buddy Deppenschmidt (bateria) e Bill Reichenbach (percurssao).
Das sete musicas gravadas apenas uma é de autoria de Charlie Byrd, as restantes são de Antonio Carlos Jobim, Newton Mendonça, Ari Barroso, Baden Powell e Billy Blanco. Os caras sabiam o que era bom, sem duvida.
O disco fez um tremendo sucesso e ganhou o Grammy de melhor disco de Jazz de 1963. Abriu as portas dos Estados Unidos para a Bossa Nova e para vários musicos brasileiros.
Nos anos seguintes Stan Getz e Charlie trabalhariam diretamente com João Gilberto, Tom Jobim e outros realizando gravações mais interessantes e melhores tocadas daquilo que se denominou pelos norte americanos como Samba Jazz.
Escute aqui algumas faixas do “Samba Jazz” de Stan Getz e Charlie Byrd.
Luxo só.

“Desafinado” (Antonio Carlos Jobim/Newton Mendonça)


“Samba Dees Days”


“Samba Triste”(Baden Powell/Billy Blanco)


“One Note Samba” (Antonio Carlos Jobim)


“É Luxo Só” (Ari Barroso/Luiz Peixoto)


“Baia” (Ari Barroso)




3 comentários:

pituco disse...

resenha bacanuda...curto pacas esse disco...música eterna...parabéns pela postagem.

e, curioso esse lance de definir a bossa nova como uma música que não sai do lugar e sai assim mesmo...comparativamente, sempre achei o jazz uma música que se transforma durante a execução...a bossa, já é diferente...começa num clima/mood e segue até o fim nele...apenas as sutilezas que se agregam durante a execução.

é isso aí,
abraçsons pacíficos

Érico Cordeiro disse...

Caro Paul,
É a primeira vez que visito esse espaõ, que conheci por meio do nosso amigo comum Pituco.
Parabéns.
Muito bacana mesmo e ótimas resenhas, sobre discos fundamentais, como esse do Charlie Byrd.
Aproveito para convidá-lo a conhecer o JAZZ + BOSSA + BARATOS OUTROS, um blog dedicado, por óbvio, ao jazz e à bossa nova, mas aberto a todas as formas de expressão musical.
Abração!

Paul Constantinides disse...

pituco e erico, obrigado pelos comentarios.
vou visitar o blog recomendado.
abs
paul