11/09/2009

Bia Malnic


Luxo Só

Ouvir Bia Malnic no desfalecer de um piano solitário com sua voz deslizando sobre notas com firmeza, fineza e afinação dá a sensação suprema de prazer.
Bia Malnic, cantora paulista radicada há pouco mais de uma década no Sul da Florida esta lançando o seu segundo album, o “Bossa N’Blues”. Um disco com composições de Caetano, Chico Buarque, Jobim e outros, que traz na voz envolvente e terna desta bela cantora um doce e gratificante embalo.
Bia é uma cantora singular, de grande brilho intimista, e que empresta a qualquer gênero que cante um requinte sem par.
Sua vida neste canto do mundo é cantar. Ela canta na noite de Miami, Fort Lauderdale e cercânias. Além disso, desde 2000, está a frente de um projeto que ela própria criou junto com a cantora Loren Oliveira. Trata-se do Brazilian Voices, um coral com cerca de 50 vozes femininas que se dedicam quase que exclusivamente a cantar música brasileira, se apresentam em shows que montam semestralmente e possuem dois discos gravados.
Em 2006 Bia já nos presenteou com o seu primeiro album, o “Estrada do Sol”, que trouxe belas interpretações de Bossas junto com um quarteto de Jazz norte americano. Agora ela volta com um trabalho mais solto e diversificado, mas sem perder uma centelha sequer do que tem de mais bonito em si : o gosto refinado e o brilhantismo vocal.
Nos dias 17 e 18 de setembro ela estará fazendo o show “Bossa’N’Blues” lançando o Cd hononimo, no Cine Paradiso em Fort Lauderdale, as 19hs. Uma grande oportunidade para ouvir e curtir o novo trabalho desta cantora.
Leiam a entrevista que fiz com a Bia depois de ouvir em primeira mão o “Bossa N’Blues” dentro de seu carro ouvindo seus comentários emocionados e sinceros.
Ainda, um presente para os leitores do MusaMusica ofertados pela cantora: Em primeira mão ouçam 03 canções do “Bossa’N’ Blues” (“Bonita”, “Samba e Amor” e “Ne me quitte pas”.

“Bonita”(Antonio Carlos Jobim/Gene Lees/Ray Gilbert)

“Samba e Amor” (Chico Buarque)

“Ne Me Quitte Pas”(Jacques Brel)



Paul : Para você o que significa cantar?
Bia Malnic : Cantar para mim realmente faz parte de viver, pois desde crianca comecei e nao parei. E como respirar.

Paul : Quando e como você começou a cantar?
Bia Malnic : Sempre cantei em corais infantis na escola primaria, media, depois nas rodas de violao, quando tocava violao, na faculdade, quando entrei para fazer meu curso de piano e educacao artistica. Aos 1 8 anos fiz meus primeiros sho ws como cantora, cantando sempre MPB e musica classica.

Paul: Ter estudado musica e composição na Universidade de São Paulo foi fundamental para você iniciar sua carreira como cantora?
Bia Malnic : Acho que sim, pois entrei para estudar piano e ser pianista. Estava pronta para ir para a Alemanha com uma bolsa do DAAD. Nao tinha, porem o folego para ficar 8 horas estudando piano. Aos poucos fui convencida do meu timbre peculiar, que eu nao reconhecia. Me liguei a alguns compositores e naturalmente fui levada a fazer minhas primeiras apresentacoes como cantora. Trabalhei como monitora de corais e fui contratada pelo Coral do Estado de Sao Paulo, coral jovem profissional.

Paul: Técnica ou emoção, o que canta mais alto?
Bia Malnic : Primeiro a emoção, mas depois você percebe que sem a técnica você trava. A garganta fecha quando você fica nervosa ou emocionada. Ai a técnica vem para salvar você. Mas a melhor escola é cantar sempre que puder. Sem duvida cantar na noite lhe permite ao que chamamos de "ensaios pagos". Segredo, tá?

Paul: Quem você considera a sua maior influência? Teve alguma cantora que para você é uma importante referência?
Bia Malnic : Fui influenciada pelos cantores aos quais eu tinha acesso. Desde Gal Costa, Joan Baez ,Edith Piaf e Elis Regina . Fui muito exposta a música Erudita, por causa de meus pais, imigrantes. Hoje, racionalmente me inspiro nas grandes cantoras Norte Americanas. Adoro Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald. Das novas adoro Diana Krall pela forma verdadeira e natural que interpreta as músicas e pelo timbre suave e aveludado, é claro.

Paul: Você iniciou seus estudos como pianista de música clássica. Como ocorreu a migração para o popular?
Bia Malnic : Fui atras do que procuravam mais. A procura naturalmente foi pelo meu lado cantora. Mas posso dizer que ter tido a formação de pianista clássica foi decisivo como base para me enriquecer como cantora. É muito mais fácil se você tem uma formação instrumental.
Paul: No inicio de sua carreira você trabalhou com Toquinho, como foi ?
Bia Malnic : Estava pensando em gravar um disco, e meu ex-marido Jose Rubens Lopes havia trabalhado com o Toquinho como flautista e saxofonista. Ele sugeriu que pedisse ao Toquinho uma música para meu CD. Então entreguei a Toquinho algumas gravações do meu CD, entre elas uma música que havia gravado em Italiano. Toquinho ouviu, gostou muito e me convidou para trabalhar com ele, especialmente por seu trabalho que realiza na Itália. Quanto a musica para o CD nunca mais tocamos no assunto. Trabalhei com ele por 5 anos, viajando pela Europa e America do Sul.E sse processo foi importantissimo como aprendizado humano e profissional.

Paul: Soube que você desenvolveu, anos atrás um trabalho com Geraldo Vandré. Como foi esta experiência?
Bia Malnic : Foi única,como pode imaginar. O Geraldo, considerado louco para a maioria, para mim é uma pessoa extremamente lúcida em vários aspectos. Para entendê-lo você tem de se despojar de qualquer ego. Aí você pode compreendê-lo.
Comecei participando como cantora de dois shows no Paraguai com ele, em 1982 e 1985. A uma certa altura ele sugeriu que fizessemos uma apresentações de músicas dele para o piano. Pediu que eu escrevesse suas melodias e fizesse arranjos para piano. (Foram 6 estudos para piano). Ele disse que ia me ensinar a compor. Realmente aprendi muito neste processo. Foi uma grande base para os arranjos vocais que adoro fazer no presente. Fiz 2 apresentações desses Estudos na Biblioteca Municipal de Sao Paulo, em 19 85 e 1987.

Paul: Sobre o disco que você gravou no Brasil e não foi lançado, é um projeto perdido ou você pensa em um dia resgatá-lo?
Bia Malnic : Gravei um disco de Samba-canção, com direção musical de Roberto Menescal em 1992. Ia ser lançado pela Warner Music do Brasil, quando o Nelson Motta era diretor. Ficou na gaveta.
Para mim isso serviu como um começo de meu relacionamento com o incrivel Menescal, que gravou uma participação no meu CD "Bossa n'Blues" que será lançado em Setembro deste ano na apresentação do show no Cinema Paradiso em Ft Lauderdale. Por enquanto nao tenho planos de resgatar o CD gravado no Brasil. Mas nunca digo nunca.

Paul: Porque você decidiu se mudar para os Estados Unidos?
Bia Malnic : Vim para os Estados Unidos por motivos pessoais e percebi que musicalmente seria produtivo para mim. Acertei e fiquei. Depois que cheguei, descobri que no Brasil estava presa numa mesmice musical Global, e não gostava disso.

Paul: É difícil uma cantora brasileira se fixar no exterior? Que barreiras você encontra ou encontrou por aqui?
Bia Malnic : Não encontrei muitas barreiras pois tinha facilidade com a lingua inglesa. Acho que a lingua e diferencas culturais podem ser uma grande barreira. Achei que deveria estar aberta ao que era oferecido a mim e não tentar impor o que eu queria. Pude perceber que o sul da Florida é aberto a várias culturas, que são apoiadas pelo governo Americano. O importante é continuar interagindo com a sociedade local.

Paul: O Brazilian Voices. Como surgiu? Que significado tem em sua vida este trabalho?
Bia Malnic : O Brazilian Voices foi surgindo (2001) e se colocou naturalmente com uma importancia intrigante! Acabou sendo uma necessidade para mim e para muitas que participam do grupo. Nos envolvemos como voluntárias de uma forma apaixonada. Para quem participa, o Brazilian Voices é apaixonante. É um resgate de várias emoções e acalma o coração de quem se sente só num pais diferente.
Hoje somos uma 501 C 3 (non profit) e estamos organizadas em 4 departamentos distintos: O Cultural (shows), o Arts and Healing (em hospitais),o Educacional (para a rede de escolas publicas e particulares) e o Brazilian Voices Kids, nosso xodó.

Bia Malnic com o Brazilian Voices.

Paul:.Este seu novo disco, “Bossa n’ Blues”, o que nos traz? Que diferenças ele traz em relação ao seu primeiro album, o belo e jazzístico "Estrada de Sol"?
Bia Malnic : O "Bossa n' Blues" também esta voltado para o público Americano e Brasileiro. Sao bossas e baladas num estilo "Bluesy" que canto em português, ingleê, espanhol e francês. Músicas de Tom Jobim, Miltom Nascimento, Jacques Brel , Caetano Veloso, Chico Buarque, e outros. Tem participação de músicos excelentes como Don Wilner (baixo) e Mike Orta (piano), que também gravaram meu outro CD , assim como Goetz Kujack (drums), Billy Ross (flautas e sax) e participações mais do que especiais como as de Antonio Adolfo na faixa "Amor , meu grande amor" , Roberto Menescal e Alex Correa.
A produção musical é minha e de Don Wilner e a produção geral fica por conta de Carlos Borges, que fez a produção geral do “Bossa n' Blues” e que me convidou para fazer esse projeto.



Videos de Bia Malnic em apresentações de 2007/2008





5 comentários:

Anônimo disse...

Paul
Divina cantora.
Parabens.
Gustavo

pituco disse...

paul,
grande voz, arranjos na medida exata e músicas que dispensam qualquer comentário...rs

um conjunto piramidal...valeô a dica...obrigadão.

abraçsons

Paul Constantinides disse...

Gustavo valeu! ABs.

Pituco valeu a visita e o comentario como sempre. absons.

paul

Anônimo disse...

Paul, o canto da BIA é bem pra lá de BONITO... Que voz DOCE (sem ser melada)... LINDA, mais que que demais!

Fernando

Paul Constantinides disse...

Concordo plenamente Fernando.
abs
Paul