08/09/2009

Saudosas Bolachas (09/1972)

NO BATUQUE DOS 70.

Xango da Mangueira
“Xangô, o Rei do Partido Alto”(1972)


Partido Alto é um estilo de samba surgido na decada de 30 nos terreiros, terrenos baldios onde grupos de sambistas se reuniam espontaneamente e onde nasceram as primeiras escolas de Samba do Rio de Janeiro. O Partido-Alto é um tipo de samba com um constante batuque (refrão), vocal repetitivo reforçando a intensidade instrumental.
Olivério Ferreira, conhecido como Xangô da Mangueira (1923-2009) foi sambista, compositor e cantor que surgiu na segunda geração de sambistas de Partido Alto na decada de 40. Iniciou-se na Escola de Samba União da Rocha, passou para a Portela mas ainda nos anos 40 fazia parte da Mangueira onde ficou até o fim de sua vida, sendo por quatro decadas diretor de harmonia e por dez anos interprete oficial do samba enredo.
Em 72 Xangô assinou com a gravadora Tapecar e gravou o primeiro disco. O album traz o registro de Partido-Altos de sua autoria e outros tradicionais da Mangueira, Portela, de várias escolas sem distinção. Trata-se de um documento rico da história do samba cantado por uma das vozes que fizeram parte de uma geração que consolidou o samba como musica urbana brasileira e que chegaram tardiamente as produtoras fonográficas.
“Xangô, o Rei do Partido Alto” é um disco que traz o canto afro-brasileiro das suas origens com simplicidade e beleza sem par.

“Moro na Roça” (Xangô/Jorge Zagaia) adaptação de tema popular.

“Olha o Partido” (Xangô/Rubem Gerardi)


Martinho da Vila
“Batuque na Cozinha”(1972)

Martinho da Vila , sambista, compositor e cantor ligado a Escola de Samba da Vila Isabel, Rio de Janeiro, em 72 lançava o seu quarto disco. Um disco forte e empolga. Entregue ao samba de raizes e revigorado com sua juventude e energia. Batuque, bandolins, sanfornas e a voz tranquila e sossegada de Martinho contrapondo com um coro feminino. O samba tem neste momento o seu reencontro do as suas origens porem dentro de um contexto urbano.
O samba de terreiro nos anos 70 ganhou com novos compositores, como Martinho da Liberdade, a liberdade de se emancipar dentro de uma musicalidade transformada e extremamente simplificada.
Longe das orquestrações e mais ligado aos recursos instrumentais acusticos que consolidaram o samba.
“Batuque na Cozinha” nos mostra um Martinho da Vila com composições que trazem conotações socio-economicas, que fala dos que acordam cedo para trabalhar, dos que se divertem vendo Tv; que fala da alegria e do samba e traz a regravação de um samba histórico “Batuque na Cozinha”.

”Batuque na Cozinha”(João Machado Guedes)

“Balança Povo” (Martinho da Vila)



Paulinho da Viola
“A Dança da Solidão” (1972)

Em 1972 o sambista, cantor e compositor Paulinho da Viola lançava o seu quarto disco “A Dança da Solidão”. Um compositor talentoso , herdeiro poético de Cartola e com uma musicalidade que conseguia conectar o samba as generosas turbulencias musicais que a musica urbana brasileira sofria nos inicio do anos 70. Em outras palavras, o samba de Paulinho da Viola era samba e MPB ao mesmo tempo.
Isto se deve pelo fato de Paulinho da Viola ter forte influência do choro e outros generos fora do samba em sua formação musical e que ele as traduziu de forma peculiar se mantendo sambista.
“Dança da Solidão” é um disco sólido, traz belas canções e as duas que aqui exibo. “Dança da Solidão” e “Guardei Minha Viola” são tratadas hoje como clássicos da história do samba.
Em 72, Paulinho da Viola fazia musica e história.
Tirem o chapéu para tão belo compositor.


“Dança da Solidão”(Paulinho da Viola)

“Guardei Minha Viola”(Paulinho da Viola)



4 comentários:

pituco disse...

paul san,
piramidal...discos antológicos...remete-me à adolescência,quando a galera se encontrava pra tocar e cantar, exataemnte, grande parte desse repertório.

há um vídeo no youtube onde paulinho da viola fala sobre a bossa nova...talvez já conheças?

http://www.youtube.com/watch?v=6c64SRiUJEQ

abraçsons pacíficos

Paul Constantinides disse...

grande pituco
obrigado pelo toque do video do paulinho no youtube...nao conhecia nao meu caro.
tbm foi nos primeiros anos da minha adolescencia q rolaram estes discos...Batuqe na Cozinha...Minha Viola vai pro fundo do Bau...samba na boca, nas ruas da pequena cidade onde vivia...
abs
paul

fernanda disse...

passear por aqui em dias de caminhadas silenciosas
é reconfortante
alimentar-se de música
tornar-se musicalidade a cada som especialissimo...
passei pelo batuque dos 70, pelo jazz sambado e enfim escutei novamente mautner
agora novamente vou pro meu silencio, agora silencio musicado

Paul Constantinides disse...

fernanda
volte sempre, e curta bem o seu silencio musicado...
o teu blog ta cada vez mais lindo.

paul