NO BATUQUE DOS 70.
Xango da Mangueira
“Xangô, o Rei do Partido Alto”(1972)
Partido Alto é um estilo de samba surgido na decada de 30 nos terreiros, terrenos baldios onde grupos de sambistas se reuniam espontaneamente e onde nasceram as primeiras escolas de Samba do Rio de Janeiro. O Partido-Alto é um tipo de samba com um constante batuque (refrão), vocal repetitivo reforçando a intensidade instrumental.
Olivério Ferreira, conhecido como Xangô da Mangueira (1923-2009) foi sambista, compositor e cantor que surgiu na segunda geração de sambistas de Partido Alto na decada de 40. Iniciou-se na Escola de Samba União da Rocha, passou para a Portela mas ainda nos anos 40 fazia parte da Mangueira onde ficou até o fim de sua vida, sendo por quatro decadas diretor de harmonia e por dez anos interprete oficial do samba enredo.
Em 72 Xangô assinou com a gravadora Tapecar e gravou o primeiro disco. O album traz o registro de Partido-Altos de sua autoria e outros tradicionais da Mangueira, Portela, de várias escolas sem distinção. Trata-se de um documento rico da história do samba cantado por uma das vozes que fizeram parte de uma geração que consolidou o samba como musica urbana brasileira e que chegaram tardiamente as produtoras fonográficas.
“Xangô, o Rei do Partido Alto” é um disco que traz o canto afro-brasileiro das suas origens com simplicidade e beleza sem par.
“Moro na Roça” (Xangô/Jorge Zagaia) adaptação de tema popular.
“Olha o Partido” (Xangô/Rubem Gerardi)
Martinho da Vila
“Batuque na Cozinha”(1972)
Martinho da Vila , sambista, compositor e cantor ligado a Escola de Samba da Vila Isabel, Rio de Janeiro, em 72 lançava o seu quarto disco. Um disco forte e empolga. Entregue ao samba de raizes e revigorado com sua juventude e energia. Batuque, bandolins, sanfornas e a voz tranquila e sossegada de Martinho contrapondo com um coro feminino. O samba tem neste momento o seu reencontro do as suas origens porem dentro de um contexto urbano.
O samba de terreiro nos anos 70 ganhou com novos compositores, como Martinho da Liberdade, a liberdade de se emancipar dentro de uma musicalidade transformada e extremamente simplificada.
Longe das orquestrações e mais ligado aos recursos instrumentais acusticos que consolidaram o samba.
“Batuque na Cozinha” nos mostra um Martinho da Vila com composições que trazem conotações socio-economicas, que fala dos que acordam cedo para trabalhar, dos que se divertem vendo Tv; que fala da alegria e do samba e traz a regravação de um samba histórico “Batuque na Cozinha”.
”Batuque na Cozinha”(João Machado Guedes)
“Balança Povo” (Martinho da Vila)
Paulinho da Viola
“A Dança da Solidão” (1972)
Em 1972 o sambista, cantor e compositor Paulinho da Viola lançava o seu quarto disco “A Dança da Solidão”. Um compositor talentoso , herdeiro poético de Cartola e com uma musicalidade que conseguia conectar o samba as generosas turbulencias musicais que a musica urbana brasileira sofria nos inicio do anos 70. Em outras palavras, o samba de Paulinho da Viola era samba e MPB ao mesmo tempo.
Isto se deve pelo fato de Paulinho da Viola ter forte influência do choro e outros generos fora do samba em sua formação musical e que ele as traduziu de forma peculiar se mantendo sambista.
“Dança da Solidão” é um disco sólido, traz belas canções e as duas que aqui exibo. “Dança da Solidão” e “Guardei Minha Viola” são tratadas hoje como clássicos da história do samba.
Em 72, Paulinho da Viola fazia musica e história.
Tirem o chapéu para tão belo compositor.
“Dança da Solidão”(Paulinho da Viola)
“Guardei Minha Viola”(Paulinho da Viola)
4 comentários:
paul san,
piramidal...discos antológicos...remete-me à adolescência,quando a galera se encontrava pra tocar e cantar, exataemnte, grande parte desse repertório.
há um vídeo no youtube onde paulinho da viola fala sobre a bossa nova...talvez já conheças?
http://www.youtube.com/watch?v=6c64SRiUJEQ
abraçsons pacíficos
grande pituco
obrigado pelo toque do video do paulinho no youtube...nao conhecia nao meu caro.
tbm foi nos primeiros anos da minha adolescencia q rolaram estes discos...Batuqe na Cozinha...Minha Viola vai pro fundo do Bau...samba na boca, nas ruas da pequena cidade onde vivia...
abs
paul
passear por aqui em dias de caminhadas silenciosas
é reconfortante
alimentar-se de música
tornar-se musicalidade a cada som especialissimo...
passei pelo batuque dos 70, pelo jazz sambado e enfim escutei novamente mautner
agora novamente vou pro meu silencio, agora silencio musicado
fernanda
volte sempre, e curta bem o seu silencio musicado...
o teu blog ta cada vez mais lindo.
paul
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