17/12/2010

O centenário do rei da Embolada

Manézinho Araujo
(1910-1993)

Este ano, alertou-me um amigo leitor, comemora-se além dos centenários de Adoniram Barbosa e Noel Rosa o de Manézinho Araujo (27/09/1910-23/05/1993), um importante compositor e cantor que tem papel fundamental na divulgação pelo país da Embolada, do Frevo e do Côco.
Diz-se que uma Embolada, originária do nordeste, se faz com um cantador, um violão e um pandeiro. O Côco é um estilo de origem africana, trazida pelos escravos; a Embolada surgiu da tradição do canto, do repente envolvendo-se com a marcação rítmica do pandeiro.
Ritmos envolventes que as vezes me fazem pensar que sejam um tipo de samba nordestino, posso estar absolutamente errado. Porém uma coisa é certa: a riqueza rítmica destes estilos fazem parte do grande mosaico musical brasileiro. E são gêneros musicais intensamente urbanos na sua caracterização e origem que surgiram no início do século passado.

Manézinho Araujo aprendeu a cantar emboladas durante a infância com Minona Carneiro, considerado um mestre de Embolada no interior de Pernambuco. Durante a Revolução de 32 Manézinho engajou-se no Exército e chegou com a tropa, em que estava alistado, até a Bahia. Lá embarcaram num vapor para o Rio de Janeiro. Na viagem. Destino. Um encontro com Carmem Miranda, Almirante, Josué de Barros e Betinho (músicos) que estavam se apresentando no barco. Durante a viagem Manézinho cantou-lhes suas emboladas e ganhou a admiração de Carmem e Josué de Barros que o hospeda no Rio e o apresenta a Radio Mayrink Veiga onde ele começa a cantar suas emboladas no Programa Casé. De 1933 a 1956 Manezinho gravou diversos discos de frevos, cocos, sambas e emboladas.
Da lista de sucessos seguem “Segura Gato”, “Sá Turbina”, “Como Tem Zé na Paraiba”, “Cuma É O Nome Dele?”, “O Carrité do Coroné”, “Tadinho do Manezinho”, “Quando Eu Vejo a Margarida”, “Pra Onde Vai Valente?”, entre outras.

Exmio violinista chegou a integrar por um longo periodo o Regional do Canhoto nos anos 50. Esta sua fluência entre o choro e o samba conferiu a sua obra um selo diferenciado e rico em influências. Nos anos 60 trabalhou em alguns anúncios televisivos, teve um programa de Radio e escrevia para jornais, resenhas sobre musica e costumes nordestinos. Nos anos 60 decidiu abandonar a vida artística e se dedicar a pintura, onde obteve relativo sucesso; além de abrir um restaurante de comida típica nordestina.
Morreu em 1993 perto de completar 83 anos de idade. Deixou sua marca na nossa musica com humor, graça, simplicidade e riqueza rítmica. Um sabor delicioso do Brasil.

“Cuma É O Nome Dele?”(Manezinho Araujo), Manezinho Araujo, 1974

“Dor de Cotovelo”(Manezinho Araujo), Manezinho Araujo, 1974

“Seu Dureza da Rocha Pedreira”(Manezinho Araujo), Manezinho Araujo, 1974

“Pra Onde Vai Valente?” (Manezinho Araujo), canta Geraldo Maia, Samba do São João , 2004

“Sodade de Pernambuco”(Manezinho Araujo), canta Geraldo Maia, Samba do São João ,2004,

“Vatapa”(Manezinho Araujo), Manezinho Araujo, 1974

“Mulher Rendeira”, com depoimento de Manezinho Araujo sobre sua carreira.

3 comentários:

pituco disse...

paul,

grande resgate...esse é o muzamusica...obrigadão

abraçsons

Paul Constantinides disse...

obrigado grande pituco
logo logo vem outra surpresa sobre o Manezinho Araujo.
via Geraldo Maia.
abs
paul

Zé Alípio Pinho disse...

Má rapá...
Quanta gente boa que é preciso ser develadas!!!
Parabéns e obrigado