24/02/2009

SAUDOSAS BOLACHAS 1971 / 01

SAMBA ROLANDO NOS DIAS DE MUITO CHUMBO
1971. O Brasil imerso nos anos de Chumbo. Morriam pessoas vítimas de tortura como estudante o Stuart Angel integrante do grupo de resistência à ditadura militar,o MR8. Morriam pessoas durante confrontos com a polícia e o exército, como o Capitão Lamarca, lendário lider da guerrilha. A censura controlava tudo o que era impresso, gravado e filmado; e impedia que filmes e publicações estrangeiras chegassem ao país. Por outro lado, a economia colocava o Brasil no patamar das 10 nações mais produtivas e ricas do mundo, o que não a excluia de ter grande parcela da população vivendo na miséria. A música continuava num processo crescente de transformação e modernidade que caracterizou este período e que abrangia todos os estilos desde a musica instrumental, passando pela regional, pelo samba e chegando no que se chamava entao MPB.1971 foi o ano em que o samba dentro do contexto nacionalista governamental ganhou impulso e espaço na mídia. Mas não por isto, deixou de produzir coisas interessantes. Foi ano tambem em que vozes brasileiras de artistas exilados chegavam ao país criando um impacto positivo e interessante.

A MUSICA:
“VOCÊ ABUSOU

(Antonio Carlos e Jocafi)

Antonio Carlos e Jocafi (José Carlos Figueiredo) são compositores e sambistas baianos que se conheceram no meio universitário de Salvador, Bahia. No fim dos anos 60 os dois chegaram a participar de festivais de música em SP. Em uma das vezes, em 69 no festival da Record, com a canção “Catendê” defendida pela esposa de Jocafi, a cantora Maria Creuza . Em 1970, os dois trocaram a Bahia pelo Rio de Janeiro , contratados pela RCA gravaram seu primeiro disco “Mudei de Idéia” lançado em 1971.
Uma das canções do disco, "Você Abusou" foi uma das mais executadas naquele ano. Fica aqui o registro deste samba na linda voz de Maria Creuza.




A MUSA:
CLARA NUNES
“CLARA NUNES”
(1971)
Clara Nunes nasceu Clara Francisca em 1942 na cidade Paraobeba, interior de Minas Gerais. Filha caçula de uma familia de sete filhos. Seu pai, marceneiro, tinha paixão pela musica e enchia a casa com as melodias de seu violão. Aos dez anos de idade ela venceu um concurso de canto infantil promovido pela rádio local, mas aos 14 atendendo as necessidades da família ingressou como funcionária de uma fábrica da cidade. Porém uma tragédia mudaria o destino de Clara. Em 1957 o assassinato de seu namorado por seu irmão fez com que ela fosse levada a morar com uma tia em Belo Horizonte. Em BH ela retomou a sua vida de tecelã, estudante noturna e cantora de coral de Igreja. Logo sua voz seria notada por um produtor que a conduz para as rádios da capital mineira, onde ela além de ganhar concursos, muda o seu nome para Clara Nunes. Durante os anos 60 Clara Nunes conquistava respeito e prestígio na noite de Belo Horizonte. Cantava em programas de TV, cantava em boates e bares. Um dos baixistas que costumava acompanhá-la neste período era conhecido como Bituca; tratava-se de Miltom Nascimento. O sucesso de Clara Nunes a levou ao Rio de Janeiro onde gravou seu primeiro disco, repleto de canções românticas e boleros, “A Voz Adorável de Clara Nunes”, pela Odeon em 1966. Em 1971, com 29 anos de idade, vivendo no Rio de Janeiro Clara Nunes já havia gravado 03 discos de pequeno sucesso e era identificada como uma excelente cantora de boleros. Mas neste ano sua vida daria uma nova guinada.
Neste ano Clara Nunes descobre o samba, ou foi o samba que descobriu Clara Nunes. Atribui-se este fato a uma apresentação da cantora em Luanda, Angola em 1970. O fato é que, de repente parecia que nada sairia melhor na voz desta cantora mineira de boleros que o samba vindo dos morros cariocas. Em 1971, Clara Nunes grava um disco que leva seu nome “Clara Nunes” recheado de sambas. Troca a orquestra de cordas por um conjunto de tamborins e surdos. Troca os lamentos amorosos pela euforia e a explosão do samba. Uma cantora que até então tinha como record de vendas 7.000 cópias ; com este disco chegaria a vender 160.000 cópias e consolidaria sua carreira no primeiro passo em direção a se tornar uma das cantoras de sambas mais importantes da sua geração; uma das mais lindas vozes que o Brasil teve.
Escutem “Ê Baiana” (Fabrício da Silva / Baianinho / Ênio Santos Ribeiro / Miguel Pancrácio).





Um comentário:

Anônimo disse...

Beleza Paul!!!

Danuzio