25/03/2009

SAUDOSAS BOLACHAS (04/1971)

VENTOS, LAMENTOS PÓS TROPICALISTAS.
DE LONDRES PARA O BRASIL.


Depois de passarem o ano de 1970 praticamente silenciosos no exílio em Londres; Caetano Veloso e Gilberto Gil em 71 lançaram discos que chegaram ao Brasil como uma mensagem de novidade misturada com lágrimas de saudade.

CAETANO VELOSO
“CAETANO VELOSO” (1971)
Em 1971 Caetano Veloso entrou no estudio e destilou sua melancolia de estar vivendo longe do Brasil. Naquele ano recebera uma visita de Roberto Carlos que lhe fez chorar ao abrir a porta para a visita (deste encontro nasceu “Debaixo dos Caracóis”), e ainda visitaria o Brasil para uma rápida visita a família, uma passagem tensa pela polícia federal; a gravação de um pequeno especial para TV, e a volta para o aeroporto rumo a Londres.
A capa do disco de Caetano é um retrato deste momento da sua vida. Rosto abatido, olhar sério; cabeludo, barbado; com a mão fechada sobre o lado esquerdo do peito; e envolto num capote de pele de carneiro. Saudades do calor da terra.
O disco traz sete músicas. “London,London” gravada por Gal em 70 é uma delas. Outras cinco são de sua autoria e todas em inglês. Mesmo sofrendo o exilio o jovem compositor não perdeu a mão e a veia poética; produzindo pequenas pérolas neste disco tão singelo na sua produção.
“If You Hold a Stone” que ele grava sobrepondo “Marinheiro Só” é um retrato bonito deste seu momento. “Maria Bethânia” traz um solo percurssivo de baixo e canta sobre a destruição. Nela Caetano declama a sua irmã: “ Maria Bethânia please send me a letter. I wish the know things are getting better...better..beta..bethânia.” Transmutação literal.
O disco encerra com a clássica “Asa Branca” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira); numa versão longa, melancólica e acertada. Nela se ouve, por fim, a voz familiar de Caetano cantando em português e as vezes experimentalmente; lapidando-se pelas paragens londrinas.
Um disco pra ser ouvido ainda hoje com bastante deleite.
Se você entrar na viagem de Caetano e for sensível, vais chorar.
Um viva pros que circularam pelas ruas amargas e vividas do ano de 1971.

Escutem “A Litle More Blue”(Caetano Veloso)





GILBERTO GIL
GILBERTO GIL” (1971)
Gravado em Londres pela Phillips, Gilberto Gil fez um disco surpreendente e alegre, totalmente entregue a experiência do rock, do blues ,do folk, de tudo que inundava as ruas de Londres quando por lá vivia. Não se vê em Gil a melâncolia, mas sim uma postura calma, tranquila e vibrante; sem deixar transparecer a dor do exílio como Caetano. Vê sê uma ponta de nostalgia em duas canções: “Mamma” e “Can’t find my way home”. Na capa se vê Gilberto Gil barbado e cabeludo; com uma expressão sorridente tocando violão. Como que dizendo: “Estou firme aqui, segurando bem esta onda de viver longe do Brasil.”
“Gilberto Gil” (1971) é um disco contagiado pela energia e candura de sua voz; e pela cadência de seu violão extremamente swinguado que transita entre batidas baden powellianas, em canções bluseiras, outras rockeiras e outras apenas Gilberto Gilianas.
Para este disco Gil convidou dois músicos que conhecera na noite londrina, onde já vivia se apresentando. Chamou o guitarrista Steve Winwood, da banda de rock progressivo Traffic e o baixista Chris Bonnet. Os três, com Gil no violão e por vezes no baixo e na percurssão, gravaram este disco peculiar.
Gil apresenta oito canções, todas em inglês. Quatro são de sua autoria: “Nega”, “Volkswagen Blues”, “One O’clock Last Morning” e “Mamma”. De sua parceria com o poeta/músico brasileiro Jorge Mautner, que também conhecera no exílio, três canções : “The three mushrooms”, “Babylon” e “Crazy Pop Rock”. E de Steve Winwood : “Can’t find my way home”.
O disco de Gil mistura sensações, traz o romantismo, a reflexão, a festividade e a alegria. Tendências nascentes neste compositor que ao longo de sua carreira se tornariam constantes.
Gil fez um disco saboroso e licoroso; para ser ouvido como um cartão postal musical que este compositor nos enviou de uma praça ensolarada e cheia de hippies, em Londres, no ano de 1971.

Escute “Mamma”(Gilberto Gil):

6 comentários:

Anônimo disse...

sou muito a fim de conhecer estes discos e agora fiquei empolgada em checar se o meu fornecedor de vinis tem!

ao meu ver, gil sempre mais solar. e também um músico superior. de caetano ecoa a voa do povo, que, dizem, é a voz de Deus.

um beijo, meu amigo paul floyd!

Anônimo disse...

BELO!
abs
Edu

Paul Constantinides disse...

monica agora com sambas que ando fazendo, acho q vou me rebatizar de paulzinho da viola..KKKKK.
agora, interessante q Gil eh de cancer como a gente...signo lunar...e Caetano leao, signo solar...mas signo nenhum..como dizia uma musica do Cae..os dois sao compositores importantes da musica brasileira, sem sombra de duvida...

bjs
paul

Paul Constantinides disse...

Edu
querido amigo
belo
belissimo
esta ficando o seu "Dajabuticaba".
quero ser o primeiro a anunciar
neste meu bloguinho aqui.
me avise qdo o biscoito fino sair do forno.
estou sonhando com este dia.
abs
paul

Cristiane A. Fetter disse...

Paul, domingo agora a globo internacional vai passar um especial com o Caetano Veloso, é o Som Brasil, um espetáculo.
bjks

Paul Constantinides disse...

que beleza Cris!!! Valeu o toque. e amanha vou esta ligado no lance do Dia da Terra viu?
beleza.
abs
paul