09/07/2009

Bianca Rossini

ALGUEM CANTANDO LONGE, LONGE DAQUI...
(todas as fotos: Phil Fewsmith )

O que faltaria fazer uma pessoa que já tivesse sido modelo de uma campanha internacional de uma famosa marca de Jeans, ou ainda, fosse atriz e tivesse atuado em diversos filmes de produção hollywodiana, que tivesse feito papeis principais em vários seriados da TV americana; e ainda, apresentasse um programa de entrevistas na TV, publicasse um romance e tres livros, sendo uma ficção e dois de poemas?
Ou melhor, que faceta uma pessoa assim poderia estar a ponto de nos revelar?
Bonita e naturalmente sofisticada; estou falando de Bianca Rossini. Cantora carioca que vive em Los Angeles, Califórnia.
Prestes a lançar o seu primeiro CD, e dona de uma voz belíssima, Bianca nos revela aqui um pouco de sua personalidade e de sua música, que há muito ocorre em sua vida e que agora está dando sua cara ao sol.
Leiam esta gostosa entrevista que me foi concedida há duas semanas; e escutem trechos de algumas de suas canções.

www.biancarossini.com/

www.myspace.com/biancarossini/


Paul: Quando você se tornou cantora e compositora? Foi um processo fácil ou você teve conflitos pelo fato que de ser uma pessoa multitalentosa?
Bianca: Eu tenho cantado desde pequena. A música e a poesia sempre foram grandes paixões, mesmo quando estava dançando ou atuando. A vida inteira eu vinha procurado um parceiro para escrever/ compor; já que eu não toco nenhum instrumento musical e não conseguiria fazer música, com a harmonia, sozinha. Embora, eu sempre tenha criado melodias.



Em geral eu posso improvisar, criar canções em qualquer lugar. Já fiz concertos, às vezes em festas, quando improviso melodias e letras do começo ao fim, e naturalmente todas aquelas canções se vão, porque aconteceram num momento, sem nenhuma forma de registro.
A maioria das pessoas achava que, talvez, aquilo que eu cantava tivesse sido escrito antes por compositores famosos. Passei décadas cantando assim. Mas eu nunca encontrei “meu parceiro musical”. Um dia recebi um telefonema do compositor americano Glenn Scott Lacey, que estava procurando uma nova Astrud Gilberto e me falou que me achava perfeita para o projeto que ele tinha em mente. Nos entrosamos muito bem e imediatamente gravamos três canções. A Flora Purim fez uma participaçao especial em uma delas. Infelizmente, o nosso produtor teve problemas familiares na época e não pode prosseguir na apresentação de nosso trabalho para gravadoras; assim, o projeto não decolou.
Meu amigo Don Heckman, crítico, desde o lançamento de meu livro de poesia ”A Brazilian Heart” me incentivou a começar a escrever minhas próprias canções. Num dia, no ano passado, depois que escutou pelo telefone uma pequena canção que eu havia feito, ele não podia acreditar que eu tinha criado ali na hora, e disse: “Bianca você deve fazer seu próprio álbum. Suas letras merecem os melhores compositores. Você produz seu show de TV, escreve livros em dois idiomas; não há nenhuma desculpa para você para não fazer o seu CD”.
Por causa desta conversa eu mudei o paradigma a respeito de minha música. Nas duas semanas seguintes eu escrevi dez canções com o compositor e cantor Sergio Santos e então eu comecei a compor com excelentes músicos, compositores do Brasil e de Los Angeles. Depois de um mês e meio eu já tinha 150 canções, e agora, são mais de 200 canções… Na verdade, eu parei de contar.


Paul: Quando e por que você saiu do Brasil?
Bianca: Eu saí do Brasil há vinte anos. Eu queria desenvolver todos os meus talentos em uma única escola e muitas universidades americanas pareciam me oferecer um programa completo. Eu estudei na Universidade de Maryland e depois na de Georgetown, fiz respectivamente Dança e Teatro.

Paul: Quando você começou a cantar e o que isto significa para você?
Bianca: Eu me recordo de quando eu tinha quatro anos de idade, segurando um LP do Dorival Caymmi e cantando uma de suas canções, que era a minha favorita; “Marina”. Naturalmente que eu não tinha idéia alguma do que significava a canção, mas eu amava cantá-la. Minha mãe foi o meu ídolo, ela me introduziu em vários estilos musicais; da MPB ao bolero e ao fado; da música clássica à ópera, às músicas francesa, italiana, árabe, e assim por diante. Embora eu ame todos as facetas da minha carreira artística, a música é provavelmente a que eu não posso ficar sem. Eu tenho improvisado letras e melodias desde que eu era uma criança, é parte de minha vida diária, natural e espontânea; e eu não posso suprimi-la. A inspiração vem e eu sou um instrumento para dar a voz às palavras e às melodias que jorram do meu coração.

Escute “Ipanema Paraiso” (Bianca Rossini/Peter Roberts)

Bianca Rossini - Ipanema Paraiso


Paul: Quais são as suas grandes influências musicais?

Bianca: Algumas de minhas grandes inspirações são Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Toquinho, Pinxinguinha, Noel Rosa, Tom Jobim, Maysa, Elza Soares, Elis Regina, Nara Leão, Amalia Rodrigues. Chopin, Prokofiev, Johan Strauss; e mais recentemente Yo-Yo Ma, Gabriel Yared, Alexandre Desplat e muitos outros.

Paul: Como é o seu processo criativo? O que vem primeiro, a música ou a letra?
Bianca: Boa pergunta. A música, certas vezes, vem primeiro, às vezes, vem a letra; mais freqüentemente, ambas ao mesmo tempo. Cada vez que eu piso numa praia, imediatamente começo a compor novas melodias. Às vezes fico louca, procurando uma maneira de gravá-la em meu telefone, se eu não estiver com meu Ipod. Às vezes, eu estou dirigindo, como ontem, e me veio uma melodia; liguei para um amigo compositor e pedi-lhe para que ele a escreve-se enquanto eu lhe cantava, ou a gravasse pelo telefone.

Paul: Você atua em diversas áreas criativas: música, literatura, cinema, dança e moda. Qual é a essência real de Bianca Rossini?
Bianca: Eu dou cem por cento e mais um pouco em tudo que faço. Mas eu diria que cantar abrange o meu todo: a escrita, o movimento e o desempenho. Cantar, sobretudo, traz esta conexão profunda que todos nós temos com o algo maior que nós mesmos. Cantar e compartilhar essa energia com o outro é uma dádiva; porque uma canção somente se transforma realmente em uma canção quando toca no coração de outro.


Escute “Tarde em Copacabana” (Bianca Rossini/Patrick Lockwood)

Bianca Rossini - Tarde em Copacabana


Paul: Como cantora, o que você pensa ser o mais importante: técnica ou emoção?
Bianca: Sem dúvida, para mim, um cantor ou cantora com boa voz, compasso perfeito, e excelente fraseado sem alma que brilhe não tem valor algum. Eu nem consigo escutar algo assim, não inspira. Ao contrário, uma voz que seja vulnerável, que expresse os sentimentos do cantor/a, mesmo que imperfeita tecnicamente, é prazerosa e conduz o ouvinte por uma viagem.

Paul: Como se chamara este seu novo CD? O que pode você nos dizer sobre ele?
Bianca: Um de meus parceiros, o compositor Dana Kaproff, sugeriu um título sensual, mas é segredo até o lançamento do CD. O álbum contém canções originais, bossa-nova, que comemoram o amor, a beleza e o romance. Pode-se escutar algumas das canções deste trabalho na minha homepage, pelo my space: www.myspace.com/biancarossini/

Paul: Quanto tempo levou para fazer este CD? Quem participou?
Bianca: Comecei a trabalhar neste álbum neste ano (2009). Eu tenho tido o privilégio e a alegria de ter parcerias e colaborações de fenomenais compositores americanos e brasileiros; como Dana Kaproff, Peter Roberts, Steve Rawlins, Ken Hirsch, Don Heckman, Patrick Lockwood, Michael Levine, Jon Gilutin, Sergio Santos e Cláudio Nucci; e tem também a participação de Grecco Buratto, de Larry Koonse, de Cyro Batista, de Cassio Duarte e de Doug MacDonald.

Paul: Como foi o clima das gravações?
Bianca: Eu estou sorrindo. Numa gravação há muito com o que se lidar - a alegria, o estresse, o cansaço com o excesso de trabalho e pouco tempo para dormir. No começo, eu me peguei várias vezes sorrindo dentro do estúdio, sentindo tanta alegria pelo fato de meu álbum estar se realizando na companhia de músicos tão notáveis. Às vezes, eu danço com meus parceiros no meio de uma sessão, saboreando as canções. Há risadas, rasgos de alegria, e uma camaradagem entre tantos talentos imbuídos em criar a melhor musica.

Paul: Você tem uma voz bonita, bem equilibrada, refinada e emocional. De onde vêm tudo isto?
Bianca: Obrigada. A viagem de descobrir-se é muito interessante e leva um tempo. As pessoas dizem que meu canto é intimista, sensual; mas eu não tenho nenhuma agenda exceto a de estar perto de meu coração.

Escute “Tique Taque” (Bianca Rossini/John Gilutin)

Bianca Rossini - Tique Taque


Paul: Quando você planeja lançar seu CD?
Bianca: Eu gostaria de lançá-lo no final do ano. Neste ano eu tenho feito algumas apresentações beneficentes e em festas privadas. No futuro, uma vez que o CD esteja pronto, pretendo excursionar e fazer shows.

Paul: Em Los Angeles, onde você vive, existe uma comunidade musical brasileira?
Bianca: Los Angeles tem uma comunidade artística brasileira muito diversa que inclui talentosos músicos. Recentemente tive o prazer de ter o fabuloso guitarrista brasileiro Grecco Buratto (que toca com K.D. Lang) tocando cavaquinho e violão na gravação de uma das canções do CD.

Paul: Como é ser uma brasileira em Hollywood?
Bianca: Eu sou muito orgulhosa de nossa cultura, da diversidade de nossa música e da força de nosso povo. Embora eu viaje bastante e tenha vivido em diferente lugares do mundo, a inocência em minha música vem do Brasil, a fonte de sua pureza vem da luz de nossas praias, na apreciação da natureza, na beleza da simplicidade, na alegria e no coração aberto de nosso povo, nossos compositores, grandes artistas, nossas paisagens…
Não importa onde eu estiver; o Brasil é parte de minha alma, como uma cachoeira de inspiração que continua a crescer com o passar do tempo.


Escute “No Silencio da Noite” (Bianca Rossini/Steve Rawlins)

Bianca Rossini - No Silencio da Noite

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Paul

Linda mulher de voz suave e gostosa (como ela).


Abs.
E.