01/10/2010

choro porque choro (04

"Pixinguinha é o maior e mais importante músico brasileiro de todos os tempo. Penso mesmo que sua música tem o poder de cura." (Paulinho da Viola)


PIXINGUINHA

(1987-1973)


Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha (Rio de Janeiro, 1897-1973).

Se comparararmos a musica ao futebol, Pixinguinha seria Pelé ou Garrinha, dada a importância que sua obra tem na musica brasileira. Pode-se contestar o que digo, mas suas composições são o retrato da transformação lírica que o Brasil passou na virada do século XIX para o XX e culminou no Brasil pré-industrial e pré, um tanto, pré-samba-canção. A flauta, o saxofone e a natureza melódico deste compositor afro-brasileiro transportou o lirismo europeu a candência urbana de um Rio de Janeiro que misturava raças, culturas e vivia um apogeu econômico graças ao café e outras coisas que se produzia então no Brasil. Mas de fato, Pixinguinha viveu num momento de delineamento de camadas sociais e sua musica traz em seu código genético a mistura delas. Foi seu olhar e sua sensibilidade musical que nos proporcionou isto. Sua musica deu cor ao Choro e ainda contribuiu imensamente para o Samba e a Gafieira.

Alfredo o Pixinguinha, pode-se dizer, “is the Man!”. Não há como falar em musica brasileira para quem não a conhece sem se referir a sua obra. E aquele que consome musica brasileira e não há conhece, ou cita em sua memória “Carinhoso” sua obra mais popular; não conhece nem a ponta do imenso iceberg que é a obra deste compositor.

Nascido numa família numerosa aprendeu musica com os irmão mais velhos, e aos 15 anos de idade foi levado por seu irmão China (Otávio Viana) a tocar flauta numa orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco e ainda em cabarés.

Seu primeiro grupo foi o Caxangá, com Donga e João Pernambuco. Daí originou-se o histórico Oito Batutas (foto ao lado) , em 1919. Este grupo chegou a excursionar pela Europa e fez extensa turnê pela França onde foi premiado e recebeu grandes criticas. O fato é que este sucesso no Brasil foi visto por parte da imprensa da época como algo vergonhoso, pois a musica que os Oito Batutas faziam era musica secundária. Já havia no Brasil o famoso complexo de vira-lata.

Quando compôs e publicou Carinhoso (1917) e Lamentos (1928) as duas foram consideras inaceitáveis, pelo influência jazzística que alegavam ter.

Ao contrário do que se criticava na obra de Pixinguinha, o fato é que sua musica ouvindo-se hoje não há como não dizê-la brasileira. Mesmo como interpretes de sua musica usem um quarte de Jazz para grava-la. A essência da musica de Pinxinguinha é afro-brasileira. É inevitável.

Nos anos 30 Pixinguinha trabalhou como arranjandor da RCA Victor e foi decisivo nas gravações primordias de cantores como Francisco Alves e Mario Reis.

Pixinguinha integrou o regional de Benedito Lacerda quando começou a tocar Sax Tenor. Devido a seu caráter e ingenuidade, e aliando-se a isto sua condição econômica precária Pixinguinha permitiu que fosse explorado por Benedito Lacerda que sabendo do talento do compositor lhe ofereceu emprego no regional em troca de que as composições que Pixinguinha fizesse fossem registradas como suas e de Benedito.

Durante sua infância sua vó, nascida na África, o chamava de Pizindim (Menino Bom em algum dileto africano). Pizindim para Pixinguinha foi a transformação universal tipicamente brasileira. Temos ai o Pelé, o Garrincha e o atual presidente Lula. Nada para se contestar.

O vigor, a malicia, a pureza e a sinuosidade da musica de Pixinguinha é um retrato belíssimo da nossa musica.

O compositor morreu em 1973 durante uma cerimônia de batizado de seu afilhado, dentro de uma Igreja chamada de Nossa Senhora da Paz. Que a paz solar da musica de Pixinguinha esteja sempre entre nós.

“Ingenuo”, (Pixinguinha), Zé da Velha e Silvério Pontes(2006)

“1x0” (Pixinguinha), Paulo Moura

“Carinhoso” (Pixinguinha) , Hermeto Paschoal (1973)

“Lamentos” (Pixinguinha), Dilermando Reis (1976)

“Trombone Atrevido”(Pixinguinha), Zé da Velha e Silvério Pontes (2006)

Urubatan (Pixinguinha)., Pixinguinha (1970)

“Prá Que Chorar” (Pixinguinha), Bocato (2001)

“Oitos Batutas” (Pixinguinha), Zé da Velha e Silvério Pontes



6 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Grande Paul,
A obra de Pixinguinha é genial. Ele trafegou por todas as formas de música popular que havia no Brasil na primeira metade do século XX, com ênfase especial no samba e no choro. Até na valsa ele andou se arriscando - Rosa é o melhor exemplo.
É bastante poético que tenha morrido dentro de uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Paz!!!!!
Abração!

pituco disse...

paul,

pixinguinha é música clássica brasileira...não é verdade?

abraçsons

Paul Constantinides disse...

sem duvida gran érico. a obra de pixinguinha é rica, intensa e abrange muitas nuancias da musica.
abs
paul

Paul Constantinides disse...

pituco
pixinguinha é parte do código genético da musica brasileira.
certo?
abs
paul

fernanda disse...

obrigadissima
adoro
bjim

Anônimo disse...

Viva sao pixinguinha! Valeu Paul.

Dan