26/07/2011

Chora Baião, o novo album de Antonio Adolfo

Ernesto Nazareth, Oscar Peterson, Guinga, Chico Buarque e o Baião na ótica de um pianista sutil.


O piano sutil, ágil e determinado do mestre Antônio Adolfo volta a nos alegrar e a surpreender em seu novo álbum “Chora Baião”(AAM-2011) com produção e arranjos do mesmo e mixagem de Alex Moreira.

A capa traz uma bela imagem semi-abstrata de Bruno Liberati. Nesta imagem há um olho, dentro dele uma espiral. Simbolismo de busca interna, de mergulho interior. Em “Chora Baiao” fica mais claro ainda o elo que Antônio Adolfo vem construindo desde seu ultimo álbum “Aqui e Lá/Here and There” (2010), que é o de conectar-se a musicalidade do inicio de sua carreira no Trio 3D. Não se trata de uma releitura ou resgate saudosista, mas a abertura de uma nova possibilidade em sua musica. Vê-se claramente neste novo álbum a fluência musical da época dos trios mesclando-se com genuinidade musical de Antonio Adolfo; que é trabalhar com elementos musicais brasileiros num ambiente jazzístico.

Em “Chora Baião” a musica de Antônio Adolfo reelabora musicas de dois renomados compositores cariocas, Chico Buarque e Guinga. Um presente para a obra dos dois, dado a beleza e a suavidade dos arranjos apresentados em virtuosa execução de Antônio Adolfo (piano), Leo Amuedo (guitarra), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria) e Marcos Suzano (percussão). A cantora Carol Saboya participa em três faixas, dando valorosa contribuição com sua voz delicada e deliciosa.

No conjunto de 11 musicas há diversos momentos preciososo como em “Dá o Pé, Loro (Guinga), a faixa inicial, onde o pandeiro espreitando a musica, o piano e o silencio ditam o ritmo, puro Jazz. Em “Nó Na Garganta”(Guinga) o piano entoando o samba canção enquanto a guitarra limpa de Leo Amuedo acolhe a musica como um devaneio. São diversos fragmentos amontoados neste delicioso album.

O tratamento cuidadoso nas musicas de Chico, demonstram uma reverência interessante que o maestro tem ao compositor, reverência, carinho. Em “Morro Dois Irmãos” (Chico Buarque) a beleza melódica ganha um quadro suspenso mantido pelo piano com a cuica ecoando no fundo. Em “Gota D’agua”(Chico Buarque) Antonio Adolfo fez a musica perder a dramaticidade e ganhar uma leveza irevelada, e pode-se dizer, tornou-se dançável.

Antonio ainda nos apresenta três obras de sua autoria, sendo duas inéditas. A obra-titulo “Chora Baião”(Antonio Adolfo) traz uma enérgica sincope de ritmos que relembram a inquietude de Ernesto Nazareth migrando para o repique dissonante de um jazz baião, onde mais uma vez o silêncio custura de forma genial o momento tenso da musica. A pequena “Chorosa Blues”, de apenas um minuto e vinte e sete segundos, traduz-se num suspiro onde Antonio absolutamente Oscar Petersoneano mostra o seu valor e soltura.

A regravação de “Chicote”(originalmente gravada no album Feito em Casa, de 78) é uma releitura como que obrigatória dentro do contexto deste trabalho, talvez, porque foi onde maneiorosamente em 78 ele introduzia o frenético ao seu modo jazzístico de fazer musica, além de elementos da musica nordestina. O quarteto junto ao mestre dominaram e arrasaram.

Chora o baião.

“Gota D’agua”(Chico Buarque)

“Di Menor” (Guinga/Celso Viafora)


3 comentários:

Anônimo disse...

sensacional Paul.
lindo arranjo na musica do Chico Buarque. Antonio Adolfo, fera!!
abs
Gabriel

Anônimo disse...

Muito bom. O pianista Antonio Adolfo esta entre os melhores do
Brasil. Onde posso comprar este Cd?

Zeca da Bahia

pituco disse...

paul,

agora tô ouvindo os áudios...putz, valeô

abraçsons