12/11/2008

SAUDOSAS BOLACHAS (1970)_02

Elis Regina
"EM PLENO VERAO" (1970)

Em 1970, a cantora Elis Regina já tinha uma sólida carreira, com 13 discos gravados e por muitos era apontada como a melhor cantora do Brasil.
Neste ano ela até então identificada como uma cantora de samba jazz, ligada ao Fino da Bossa, realiza uma mudança significativa de repertório e direcionamento musical de sua carreira.
Talvez movida por ter se separado de Ronaldo Boscoli, um dos mentores da Bossa Nova. Talvez pela nova gravadora, ou seja, a produção musical de Nelson Motta, então, um jovem critico e produtor musical recem-chegado da Europa.
O fato é quem foi entre 69 e 70 que Elis cortou o cabelo bem curto , abandonou a postura en
érgica e "explosiva" para cantar e abraçou compositores jovens que até então tinha uma relação mais crítica do que amigável; como Caetano Veloso, Jorge BenJor, Gilberto Gil e Roberto Carlos.
Sua versão de “As Curvas das Estradas de Santos” (Erasmo e Roberto Carlos) é belissima.

Este disco de Elis é um marco de uma redefinição de seu estilo; e que perdurou por sua carreira. Uma busca de mistura de tendencias. Neste disco foi entre o samba, soul, frevo, jovem guarda e baião.
Mistura, fusão; a tônica da MPB.
Há o registro muito interessante do dueto de Elis com o então semi-desconhecido Tim Maia cantando These Are The Songs”(Tim Maia). Ela cantando em inglês e em português com tanta soltura e a voz reverberante de Tim Maia emoldurando-a.
Um registro digno do titulo do disco, verânico.
Verão de 1970 a voz de Elis sumindo na distorção de um orgão Hammond.

(foto; reproducao da capa Elis: Em Pleno Verao)
(foto: reproducao da capa Tim Maia: Tim Maia)

Tim Maia
"TIM MAIA" (1970)

Tim Maia durante sua adolescência na Tijuca, Rj, nos anos 50; era amigo de rua do Erasmo Carlos tinha um grupo chamado Sputniks onde cantavam ele e Roberto Carlos os sucessos de Elvis Presley e outras estrelas do rock americano e ainda, disputava com Jorge Ben, o titulo de melhor cantor entre os amigos e pessoas que frequentavam um bar onde se
tocava Rock'n'Roll. Foram atropelados pela Bossa Nova. Tim Maia foi para os Estados Unidos onde viveu cinco anos e voltou extraditado ao Brasil. Foi preso viajando pelos Estados Unidos, atravessando vários estados do sul, com outros dois amigos, num carro roubado.

De volta ao Brasil, Tim viu seus amigos famosos com a Jovem Guarda e amargava a vida vivendo vários dissabores. Porém, foi o ano de 1970 que lhe sorriu. Elis Regina grava uma canção de sua autoria e ainda o convida para um dueto; assim, uma gravadora lhe abriu as portas.

Tim Maia (1970) gravado pela Polydor é o disco de estréia do cantor e compositor. Ele sonhava em fazer um disco de soul music que aprendera a amar nos Estados Unidos. Com os músicos que encontrou aqui fez uma simbiose interessante produzindo vários hits e inaugurando um estilo de baladas e balanço urbano, carioca.
Tim montou uma banda de rock, os ensinou a tocar soul music e colocou a ginga carioca no meio. Cassiano que além de tocar guitarra no disco colabora com três canções, sendo uma delas o hit “Primavera”, foi quem durante um ensaio tocou “Coroné Antonio Bento” (Luiz Wanderley- João Vale) e Tim de imediato quiz gravar e assim, acabou entrando na fusão o xaxado-soul com zabumba, triângulo, sanfona, orgão Hammond e guitarra elétrica.
Azul da Cor do Mar”(Tim Maia) outra canção do disco, é autobiográfica, forte e poética; ainda hoje ecoa nas ondas do templo da música.


No ano de 1970, a voz potente, deliciosa e espumante de Tim Maia ,um dos maiores cantores que já se teve, nascia para o Brasil.


Neste link pode-se ouvir parcialmente as musicas deste disco : http://www.allbrazilianmusic.com/artistas/artistas.asp?Status=DISCO&Nu_Disco=4713



AZUL DA COR DO MAR

(Tim Maia)

Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...

E na vida a gente
Tem que entender
Que um nasce prá sofrer
Enquanto o outro ri..

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi, PB.
Bom dia!
Li e adorei a segunda bolacha musical.
Minha mãe tinha este disco do Tim Maia. Passei minha infância vendo e ouvindo este bolachão rodando na vitrola da minha casa. Não sei onde foi parar. Tomou Doril, sumiu...
Hoje, tanto quanto o vinil que o Tim gravou quando fazia parte do Universo em Desencanto, é raridade entre os colecionadores e ratos de sebos.
Tenha um radiante dia.
Inté.
Rose

Anônimo disse...

Legal essa serie que voce ta colocando no blog. E me lembro muito bem de tudo aquilo: o disco da ELis, que participei como pianista - ainda estava no grupo dela aquela altura. Acho que gravei alguma coisa no do TIm tambem. se nao foi nesse, foi em outro, na mesma epoca. Foi uma epoca bem legal em que eu participava de mil gravacoes e shows. E eu era empolgadissimo. Legal voce estar lembrando disso, num momento em que ando fazendo uns revivals, como o do Trio 3D, no mes passado e da Brazuka ou Brazuca, que gravei pro selo ingles ha 2 anos.
-
Abs
AA

Val Becker disse...

Muito legal essa série, Paul!
Realmente, os anos 70, apesar da dureza política, foram anos de grandes revelações e recriações na música brasileira.
Aliás, sou meio suspeita pra falar, sou dessa safra :P

Beijo, querido!
:))