21/11/2008

SAUDOSAS BOLACHAS_03 (1970)

Milton Nascimento e o Som Imaginário
"MILTON" (1970)

A voz de Milton Nascimento soa: “Por que voces não sabem do lixo ocidental….”. As guitarras de Tavito e Frederyko solam e Milton emenda: “Eu sou da América do Sul”.
Sobrepõe-se à sua voz o orgão distorcido de Zé Rodrix. O piano de Wagner Tiso martela forte e junta-se ao seu compasso o baixo de Luis Alves alinhado a bateria dissimulada e rompante de Robertinho Silva.

É assim que se inicia o 4º. Disco da carreira de Milton Nascimento: “Milton” (1970).

Depois do sucesso de “Travessia em 67 e com disco lançado nos Estados Unidos; em 1970, Milton buscava uma redefiniçao sonora de seu trabalho. Ele se reune com seus amigos da banda Som Imaginário e os compositores Lô Borges, Marcio Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Toninho Horta. Juntos gravam este delicado disco que traz o embrião do Clube da Esquina ( gravado ano e meio depois) e a condensação da Toada que deixa a viola de lado e começa a tocar guitarra; ganhando visto de entrada ao então novo mundo : MPB.

Som Imaginário : Wagner Tiso (piano e orgão), Zé Rodrix (orgão e flauta), Tavito (guitarra base), Frederyko (guitarra solo), Luis Alves (baixo elétrico) e Robertinho Silva (bateria).

Para Lennon e McCartney
(Marcio Borges / Fernando Brant / Lô Borges)

Por que vocês não sabem do lixo ocidental? /Não precisam mais temer /Não precisam da solidão/ Todo dia é dia de / Por que você não verá meu lado ocidental?/ Não precisa medo não/ Não precisa da timidez/ Todo dia é dia de /Eu sou da América do Sul /Eu sei, vocês não vão saber /Mas agora sou cowboy /Sou do ouro, /eu sou vocês /Sou do mundo, /sou Minas Gerais /Por que vocês não sabem do lixo ocidental?/ Não precisam mais temer/ Não precisam da solidão/ Todo dia é dia de viver /Eu sou da América do Sul/ Eu sei, vocês não vão saber/ Mas agora sou cowboy /Sou do ouro, /eu sou vocês/


Paulinho da Viola
FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA" (1970)

Paulinho da Viola é um sambista, simplemente.
Puro como as coisas que saem da terra quando a escavamos e encontramos água. Das águas mais límpidas do samba é que o coração deste finíssimo compositor se entregou, transformou, fez e faz belos sambas.
Paulinho da Viola em 65, no início de sua carreira, integrou o tradicional grupo de samba e choro "Rosa de Ouro"; com o qual gravou quatro discos. Depois gravou um disco com o j
á então renomado compositor de samba Elton Medeiros. Seu primeiro disco solo veio em 68.
Porém, ah porém; como diz o seu grande sucesso de 1970, um grande rio entrou na vida de Paulinho neste ano.
Em 69 o compositor não passou imune a tudo o que acontecia fora da ilha do samba e fez a moderna “Sinal Fechado
”. Uma melodia de cadência simples que ao mesmo tempo conta num clima angustiante o diálogo de dois amigos que se encontram, cada um em seu carro durante um sinal fechado.
O samba moderno nascia.
Em 70 Paulinho grava um novo disco “Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida”, mas não inclue “Sinal Fechado” (lançada apenas em compacto simples).
Mesmo assim, o disco apresenta uma nova sonoridade. A modernidade traduziu-se em simplicidade. Paulinho dispensa orquestras tradicionais, traz músicos do morro, da Portela; e produz um disco marcante.
O disco obteve enorme sucesso; a faixa-título “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”; foi a música mais tocada nas rádios do Brasil no ano de 1970.
Batendo “Jesus Cristo”(Roberto Carlos) e a futebolística “Prá Frente Brasil” (Coral Joab)
Brasil, terra do samba.

Ps: Nos anos 90 quando a obra de Paulinho da Viola começou a ser reeditada em CD, oportunamente e com justiça Sinal Fechado e Ruas que Não Sonhei foram incluídas no “Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida”.

Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida
(Paulinho da Viola)

Se um dia, /Meu coração for consultado/ Para saber se andou errado/ Será difícil negar,
Meu coração tem mania de amor, /Amor, não é fácil de achar,/ A marca dos meus desenganos ficou, ficou, /Só um amor pode apagar, /A marca dos meus desenganos ficou, ficou, / Só um amor pode apagar. /Porém, ai, porém,/ Hà um caso diferente, que marcou num breve tempo, / Meu coração para sempre, / Era dia de Carnaval, / Eu carregava uma tristeza, /Não pensava em outro amor, /Quando alguém, que não me lembro anunciou, /Portela, Portela, /O samba trazendo alvorada, /Meu coração conquistou, /A minha Portela, quando ví você passar,/ Sentí meu coração apressado, /Todo meu corpo tomado, / Minha alegria voltar, /Não pude distinguir daquele azul, /Não era do céu nem era do mar, /Foi um rio que passou em minha vida,/ E meu coração se deixou levar,/ Foi um rio que passou em minha vida, E meu coração se deixou levar, /
Foi um rio que passou em minha vida, /

E meu coração se deixou levar./

(fotos das capas obtidas nas homepages dos artistas)


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