"MILTON" (1970)
A voz de Milton Nascimento soa: “Por que voces não sabem do lixo ocidental….”. As guitarras de Tavito e Frederyko solam e Milton emenda: “Eu sou da América do Sul”.
Sobrepõe-se à sua voz o orgão distorcido de Zé Rodrix. O piano de Wagner Tiso martela forte e junta-se ao seu compasso o baixo de Luis Alves alinhado a bateria dissimulada e rompante de Robertinho Silva.
É assim que se inicia o 4º. Disco da carreira de Milton Nascimento: “Milton” (1970).
Depois do sucesso de “Travessia” em 67 e com disco lançado nos Estados Unidos; em 1970, Milton buscava uma redefiniçao sonora de seu trabalho. Ele se reune com seus amigos da banda Som Imaginário e os compositores Lô Borges, Marcio Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Toninho Horta. Juntos gravam este delicado disco que traz o embrião do Clube da Esquina ( gravado ano e meio depois) e a condensação da Toada que deixa a viola de lado e começa a tocar guitarra; ganhando visto de entrada ao então novo mundo : MPB.
Som Imaginário : Wagner Tiso (piano e orgão), Zé Rodrix (orgão e flauta), Tavito (guitarra base), Frederyko (guitarra solo), Luis Alves (baixo elétrico) e Robertinho Silva (bateria).
Para Lennon e McCartney
(Marcio Borges / Fernando Brant / Lô Borges)
Por que vocês não sabem do lixo ocidental? /Não precisam mais temer /Não precisam da solidão/ Todo dia é dia de / Por que você não verá meu lado ocidental?/ Não precisa medo não/ Não precisa da timidez/ Todo dia é dia de /Eu sou da América do Sul /Eu sei, vocês não vão saber /Mas agora sou cowboy /Sou do ouro, /eu sou vocês /Sou do mundo, /sou Minas Gerais /Por que vocês não sabem do lixo ocidental?/ Não precisam mais temer/ Não precisam da solidão/ Todo dia é dia de viver /Eu sou da América do Sul/ Eu sei, vocês não vão saber/ Mas agora sou cowboy /Sou do ouro, /eu sou vocês/
Paulinho da Viola
“FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA" (1970)
Paulinho da Viola é um sambista, simplemente.
Puro como as coisas que saem da terra quando a escavamos e encontramos água. Das águas mais límpidas do samba é que o coração deste finíssimo compositor se entregou, transformou, fez e faz belos sambas.
Paulinho da Viola em 65, no início de sua carreira, integrou o tradicional grupo de samba e choro "Rosa de Ouro"; com o qual gravou quatro discos. Depois gravou um disco com o já então renomado compositor de samba Elton Medeiros. Seu primeiro disco solo veio em 68.
Porém, ah porém; como diz o seu grande sucesso de 1970, um grande rio entrou na vida de Paulinho neste ano.
Em 69 o compositor não passou imune a tudo o que acontecia fora da ilha do samba e fez a moderna
O samba moderno nascia.
Em 70 Paulinho grava um novo disco “Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida”, mas não inclue “Sinal Fechado” (lançada apenas em compacto simples).
Mesmo assim, o disco apresenta uma nova sonoridade. A modernidade traduziu-se em simplicidade. Paulinho dispensa orquestras tradicionais, traz músicos do morro, da Portela; e produz um disco marcante.
O disco obteve enorme sucesso; a faixa-título “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”; foi a música mais tocada nas rádios do Brasil no ano de 1970.
Batendo “Jesus Cristo”(Roberto Carlos) e a futebolística “Prá Frente Brasil” (Coral Joab)
Brasil, terra do samba.
Ps: Nos anos 90 quando a obra de Paulinho da Viola começou a ser reeditada em CD, oportunamente e com justiça Sinal Fechado e Ruas que Não Sonhei foram incluídas no “Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida”.
Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida
(Paulinho da Viola)
Meu coração tem mania de amor, /Amor, não é fácil de achar,/ A marca dos meus desenganos ficou, ficou, /Só um amor pode apagar, /A marca dos meus desenganos ficou, ficou, / Só um amor pode apagar. /Porém, ai, porém,/ Hà um caso diferente, que marcou num breve tempo, / Meu coração para sempre, / Era dia de Carnaval, / Eu carregava uma tristeza, /Não pensava em outro amor, /Quando alguém, que não me lembro anunciou, /Portela, Portela, /O samba trazendo alvorada, /Meu coração conquistou, /A minha Portela, quando ví você passar,/ Sentí meu coração apressado, /
Foi um rio que passou em minha vida, /
E meu coração se deixou levar./
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