03/02/2009

saudosas bolachas _ 11

MPB-4
“DEIXE ESTAR” (1970)
O MPB-4, conjunto vocal integrado por Ruy, Magro, Aquiles e Miltinho, nasceu dentro de um Centro Popular de Cultura do Rio de Janeiro, departamento da UNE (União Nacional dos Estudantes) importante orgão de resistência cultural e política à ditadura militar instalado nas universidades. Quando o grupo surgiu com este nome-sigla: MPB; seguiam uma tradição de conjuntos vocais masculinos, como “Os Cariocas” da Bossa Nova. O grupo surgiu com o nome/conceito MPB; que acabou virando marca nome de um estilo musical bastante genérico. A música do MPB-4 tinha uma preocupação com a preservação da música brasileira contra a invasão estrangeira do rock e o do pop internacional.
Seu repertório durante as décadas de 60/70 transitaram entre o tradicional e o moderno, passando por samba, bossas, canções regionais e românticas. O que ressalta no MPB-4 é a excepcional e afinadíssima vocalização e os arranjos acústicos que se tornaram importantes influência e o almágama sonoro da musica brasileira a partir dos anos 70.
Em 1970 o grupo lançou o seu quinto LP “Deixe Estar” que traz regravações de “Pelo Telefone”(Donga),”Gago Apaixonado”(Noel Rosa), “Lamento”(Tom Jobim) e “Derramaro o Gai” (Luiz Gonzaga/Ze Dantas) e, seguindo a tendência de unir o tradicional ao moderno; inéditas de Jards Macalé, Milton Nascimento, Capinan, Toninho Horta e Edu Lobo, entre outros.
Escute a contemporânea “Amigo É Pra Essas Coisas”(Silvio Silva Junior/Aldir Blanc), outra pérola gravada no ano e na graça de 1970.


ZÉ KETTI
ZÉ KETTI (1970)
Ze Ketti em 1970, com 50 anos de idade, já era um sambista consagrado, renomado e considerado um dos pilares do Samba.
Nascido no Rio de Janeiro, filho de um marinheiro que tocava bandolim a música sempre foi parte de sua vida desde os dias em que vivia quieto no canto de sua casa observando as reuniões musicais que seu vô e pai promoviam. Dai veio o apelido Zé Quieto, que depois estilizou-se em Zé Ketti. Ligado à Portela desde os anos 40, atuou em vários grupos de samba e com o tempo tornou-se compositor. Em 55 compôs “A Voz Do Morro” (Eu sou o samba....) que na voz de João Gourlart e arranjos de Radamés Gnatalli se tornaram um grande sucesso da época e ganharam o mundo como tema do filme “Rio 40 Graus” de Nelson Pereira dos Santos. Nos anos 60 envolveu-se com o Teatro Opinião, compôs clássicos do samba como “Diz Que Fui Por Ai”, “Opinião” e “Máscara Negra” (uma das mais populares marchas carnavalescas). Em 1970 ele grava “Ze Ketti” um disco regado de sambas lamentos de sua autoria.
Regrava a contestatória “Opinião” (“Podem me bater/Podem me prender/Podem ate deixar-me sem comer/Que eu nao mudo de opinião...) e traz composições inéditas.
A primeira faixa “Ascender as Velas” começa assim : “Eu sou o Ze Ketti da Portela/ Vim trazer o meu samba/ da forma mais autêntica/ ao nosso querido e amigo/ Povo Brasileiro/ Obrigado.”
Escute Zé Ketti cantando o belíssimo samba lamento.
O samba chorava em 1970.

2 comentários:

Anônimo disse...

Legal essa serie Saudosas Bolachas, Paul. Muito legal!!
AA

Cristiane A. Fetter disse...

Zé Ketti, grande figura.