Saudosas Bolachas (10/1971)

O SAMBA MARCANDO PRESENÇA

O início dos anos 70 foi um período onde o samba passou por um processo de renovação e ao mesmo tempo de valorização do samba tradicional. Este processo foi conduzido por compositores novos e tradicionais. Aqui vê-se os exemplos de Rildo Hora, Martinho da Vila e Candeia (foto ao lado).

RILDO HORA
A VEZ E A HORA DE RILDO HORA (1971)

Rildo Hora (Caruaru, Pernambuco, 1939) é gaitista, violinista, arranjador e compositor.

Durante sua infância mudou-se para Madureira, RJ. Dede pequeno se apegou a uma gaita e de ouvido aprendia a tocar sambas e frevos. Na adolescência começou a animar festas suburbanas e seu talento começava a despontar nos programas de auditório das rádios cariocas. Com o dilúvio da Bossa Nova, Rildo aprendeu a tocar violão e passa a compor. Em 60 grava o seu primeiro compacto; e a partir de então passa a ter suas musicas gravadas por Elizete Cardoso e Clara Nunes. Passa os anos 60 gravando compactos e envolvido a trabalhar como produtor de gravações. Em 1971 grava o seu primeiro Lp “A Hora e a Vez de Rildo Hora” , disco com 12 músicas de sua autoria , incluindo parcerias com Nonato Buzar, Humberto Reis, Paulo Gracindo e outros. O samba contemporanizado de Rildo temperado por sua gaita não deixa de ser um registro interessante deste ano deste periodo.

Escute “Leonor” (Rildo Hora):

Rildo Hora - Leonor

MARTINHO DA VILA
MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILICIA (1971)
Martinho da Vila (Duas Barras, RJ, 1938) nasceu numa familia de lavradores e durante a adolescência trabalhava para se manter. Estudou e se formou no Senai como Auxiliar Quimico e aos 18 anos ingressou no Exército. Porém mesmo com tais atividades o samba sempre atravessava o seu caminho e lhe inspirava. Auto-ditada passou a compor seus sambas na adolescência. Em 67 participa do III Festival de Musica da Record com “Menina Moça” sem grande impacto. Em 68 volta a quarta edição do Festival mas mesmo não ganhando recebe grande aceitação publica com sua “Casa de Bamba”. Em 69 Martinho grava o seu primeiro disco e faz sucesso com “Casa de Bamba”, “Pra Que Dinheiro” e “O Pequeno Burguês”. Em 1971 Martinho grava “Memorias de um Sargento de Milicia” (com produção de Rildo Hora) que apesar de não repertir os sucessos de seu primeiro disco, mantém a diretriz criativa, o pé fincado no samba e aura voltada as suas tradições.

Escute “Segure Tudo” (Martinho da Vila)

Martinho da Vila - Seguro Tudo

CANDEIA
FILOSOFIA DO SAMBA (1971)
Antonio Candeia Filho (Rio de Janeiro, 1935-1978) era filho de um tipografo e flautista; homem envolvido com o samba e que tomou parte nos processos de criação de escolas de samba no Rio de Janeiro. Na casa dos pais de Candeias qualquer aniversário e o Natal eram comemorados com uma roda de samba em partido alto, feijoada e limão. Naturalmente Candeia se envolveu no clima da casa de bamba de sua familia e aprendeu a tocar flauta, cavaquinho e ainda a jogar capoeira.
Em 1953 compos seu primeiro samba-enredo “Seis Datas Magnas” com Altair Prego e viu sua Portela se sagrar campeã. Em 1960 criou o grupo Mensageiros do Samba, porem devido a dificuldades economicas passa a trabalhar como policial. Homem truculento, infelizmente, em 61 se envolveu num tiroteiro policial e se torna paralitico devido a um tiro recebido na espinha.
Isto não o impediu, no entanto, de continuar compondo samba e de se envolver com escolas de Samba. Em 1971, Candeia lança seu segundo Lp “Filosofia do Samba”, com sambas voltado as raizes e as memórias de sua casa de bamba. Lamentos caracteristicos do samba, exaltações deslumbradas em compassos ritmicos que combrem a alma do Brasil.

Escute “Vem É Lua” (Candeia):

Candeia - Vem eh Lua