30/06/2009

Saudosas Bolachas (18/1971)

O SAMBA NOS ANOS 70
REBUSCANDO AS ORIGENS

Em 1971 os novos recursos tecnicos alcançados pelas gravadoras possibilitavam uma nova sonoridade que até então o samba não havia adquirido dentro de um estudio. Isto provocou uma valorização imediata do samba e trouxe novas vertentes para este estilo musical.


JAIR RODRIGUES
“É ISSO AÍ” (1971)

Jair Rodrigues (1939) é o cantor paulista que despontou nos inicio dos anos 60 na cidade de São Carlos (SP), fazendo sucesso na noite da cidade e no programa de rádio local. Em 1965 se transferiu para São Paulo e logo sua voz vigorosa e afinadissima despertou a atenção dos produtores de TV que o contrataram para apresentar junto com Elis Regina o programa O Fino da Bossa, que se tornou um dos programas de TV mais populares naquele periodo. Em 65 ele defendeu Disparada (Geraldo Vandré/Theo Barros) e chegou a uma das finalistas mais disputadas do Festival da TV Record; empatando em primeiro lugar com “A Banda”(Chico Buarque de Holanda) defendida por Nara Leão.

Sua carreira desde então decolou e por uma decada ele se tornou um dos mais expressivos cantores de samba de sua geração, sendo que, por suas origens, também se dedicaria a outro genero: a musica caipira.

Em 1971 Jair Rodrigues teve dois grandes sucessos. O primeiro foi na gravação do disco “Ê Isso Aí”, onde o cantor gravou sambas desde enredos, Noel Rosa, Evaldo Gouveia e os novos Wando e Eustaquio Sena. O grande sucesso foi a contagiante samba de Zuzuca “Tengo, Tengo”(Zuzuca), uma musica que celebra a negritude e a escola de samba Mangueira.

Ainda neste ano; Jair Rodrigues gravaria outro samba de Zuzuca, num compacto, o samba que foi o enredo dos Acadêmicos do Salgueiro em 1971; “Festa Para Um Rei Negro”.

Escute “Tengo,Tengo” (Zuzuca)

Jair Rodrigues - Tengo, Tengo

Escute “Dindinha”(Noel Rosa/Hayblan)

Jair Rodrigues - Vem Dindinha

Escute “Festa Para Um Rei Negro”(Zuzuca)

Jair Rodrigues - Festa Para um Rei Negro



OSVALDO NUNES
“VOCÊ ME CHAMOU”(1971)

Orfão de pai e mãe, Osvaldo Nunes (?-1979) foi um compositor/cantor carioca nascido nos fim dos anos 40, fugiu de uma instituição de amparo ao menor quando tinha 13 anos de idade e viveu grande parte de sua adolescência na marginalidade do Rio de Janeiro. Esta vida no entanto lhe aproximou de rodas de samba e capoeira e seu talento musical despertou cedo. Em 1962 comporia o hino “Oba” para o Bloco Bafo da Onça que se tornou um grande sucesso. Outros sucessos vieram como “Segura Esse Samba”; “Voltei”, “Levanta a Cabeça” e “Berimbau”.
Osvaldo gravou quatro albums; em 71 ele gravava o seu terceiro disco. Registro autêntico de um samba nascido nas ruas da cidade do Rio de Janeiro com vigor sonoro e poética simples, voltada aos signos tradicionais de Umbanda e das raizes da cultura afrobrasileira.
Osvaldo Nunes ainda gravaria outro disco mas em 1979 seria assassinado em circunstancias misteriosas no bairro boemio da Lapa no Rio de Janeiro.


Escute “Você Me Chamou”

Osvaldo Nunes - Voce Me Chamou


Escute “Berimbau”

Osvaldo Nunes - Ta Tudo Ai (Berimbau)


OS ORIGINAIS DO SAMBA
“EXPORTAÇÃO” (1971)

O Originais do Samba foi um dos primeiros grupos de samba surgidos no cenário musical brasileiro com uma formação ritmica distinta com 15 integrantes (inicialmente) e que pretendiam reproduzir de forma sincopada a parte ritmica de uma Escola de Samba, aliado ao canto uníssono.

Eles faziam muito sucesso no Rio no show “O Teu Cabelo Não Nega” destinado a turistas no Copacabana Palace. Este show lhes proporcionou uma excursã pelo México e Estados Unidos.

Participaram de festivais e desde a sua primeira gravação em 70, não parariam de fazer sucesso por quase todo os anos 70. O grupo ostenta o titulo de ser o primeiro grupo de samba a se apresentar no famoso teatro Olympia de Paris. Seus maiores sucessos foram “Do Lado Direito da Rua Direita” (Luiz Carlos/Chiquinho), Tá Chegando Fevereiro (Jorge Ben/ João Melo), A Dona do Primeiro Andar, E Lá se Vão Meus Anéis (Eduardo Gudin/ P.C. Pinheiro), Tragédia no Fundo do Mar (Assassinato do Camarão) (Zeré/ Ibrahim).
O grupo esta ativo até hoje com seis integranges mas nenhum deles faziam parte da formação de 1971 que era : Armando(falecido), Bide (falecido), Branca di Neve (falecido) ,Chiquinho, Gibi (seguindo carreira solo cantando musica gospel), Lelei, Biguinho - compositor ( falecido ), Mussum (falecido), Rubão (falecido), Rubinho Lima - depois Sambasonic, Sócrates, Valtinho Tato, Zeca do Cavaquinho e Joãozinho Carnavalesco.
Em 1971 o Originais do Samba gravaram o terceiro disco de uma carreira que chegaria a dezoito discos gravados. Este disco traz uma harmonização e uma musicalidade interessante do samba no início dos anos 70.


Escute “Demonstração”

Originais do Samba - Demonstracao


Escute “A Subida do Morro”

Os Originais do Samba - A Subida do Morro


DEMÔNIOS DA GAROA
“SAI DE MIM, SAUDADE”(1971)

Demônios da Garoa é um grupo de choro e samba paulista que surgiu nos anos 40 como o nome “Grupo do Luar”, seus integrantes eram Arnaldo Rosa( vocal e ritmo) ;Antonio Espanha, (tantã) ;Benedito Espanha( afoxé); Waldemar Pezuol( violão);Zezinho( Violão Tenor) e Bruno Michelucci (Pandeiro). Em 49 devido ao grande sucesso e a similariedade do nome do grupo com outro do Rio de Janeiro, através de um concurso promovido por uma emissora de Rádio; escolheu-se o nome Os Demônios da Garoa. Neste mesmo ano o grupo conheceu o sambista/compositor Adoniram Barbosa (1910-1982) com quem formaram uma parceria que lhes rendeu grande sucesso durante os anos 50. O grupo se tornou, neste periodo, a voz de Adoniram Barbosa, que lhes deu musicas como “O Trem das Onze”, “Saudosa Maloca”, “O Samba do Arnesto”, “As Mariposas”, “Tiro ao Alvaro”, etc.

Em 1971 o grupo já tinha vários discos gravados (doze Lps/) , não mantinham mais a parceria com Adoniram Barbosa e tinham uma diferente formação : Arnaldo Rosa (Crooner e Afoxé), Antonio Gomes Neto (Violão Tenor), Cláudio Rosa (Pandeiro), Roberto Barbosa (Cavaquinho) e Osvaldo (Violão).

Os Demonios da Garoa se caracterizavam por fazer um samba misturado com o Regional, que é uma versão do choro em São Paulo, também o humor e o improviso em suas apresentações.

Escute “Sai de Mim, Saudade”(Geraldo Nunes/Victor)

Demonios da Garoa - Sai de Mim Saudade


Escute “Canoa Furada”(Aloisio Figueiredo/José Guimarães)

Demonios da Garoa - Canoa Furada


PAULINHO DA VIOLA
“PAULINHO DA VIOLA”(1971)

Paulinho da Viola, o sambista/compositor carioca, em 1971 desfrutava do prestigio de ter gravado o disco de maior vendagem no Brasil em 1970 (Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida).
Entrementes, o sucesso não destemperou o trabalho deste compositor que continuou compondo e
Trazendo a tona preciosidades da Velha Guarda do Samba de sua escola, Portela e de sua comunidade no Rio de Janeiro.
Em 1971, Paulinho da Viola gravou dois LPs que foram lançados em periodos diferentes.
Os dois discos tem caracteristicas muito semelhantes. Os dois trazem regravações de antigos sambas e ao mesmo tempo novos sambas composto por Paulinho com a cadência suave que o tanto caracteriza e pela riqueza de seus versos seguindo a força e a tradição de um grande compositor/sambista do passado: Cartola.


Escute “Lapa em Três Tempos”(Paulinho da Viola)

Paulinho da Viola - Lapa em Tres Tempos

Escute “Sol e Pedra”(Paulinho da Viola)

Paulinho da Viola - Sol e Pedra


PAULINHO DA VIOLA
“PAULINHO DA VIOLA (1971)

Escute “Num Samba Curto”(Paulinho da Viola)

Paulinho da Viola - Num Samba Curto

Escute “Para Ver As Meninas”(Paulinho da Viola)

Paulinho da Viola - Para Ver as Meninas



CYRO MONTEIRO E JORGE VEIGA
“DE LEVE” (1971)

Cyro Monteiro (1913-1973) foi um cantor carioca que nos anos 30 apadrinhado por Silvio Caldas que o admirava o jovem talento. Cantou em programas de rádio e se tornou muito popular com sua voz empostada e afinada. Sua marca registrada era cantar sempre com uma caixa de fosforo nas mãos, marcando o ritmo. Cantou vários sucessos nos anos 40 e 50, como “Se Acaso Voce Chegasse”(Lupicinio Rodrigues) e “Falsa Baiana”(Geraldo Pereira). Cyro Monteiro foi um cantor importante e influente, cantou com Carmem Miranda no inicio de sua carreira e no fim dela subiu ao palco com Vinicius e Tom Jobim para cantar no “Orfeu da Conceição”.
Jorge Veiga (1910-1979) tambem era um cantor carioca ligado a gafieira e as musicas de carnaval; iniciou sua carreira cantando nas Rádios e gravou vários sucessos durante os anos 40 e 50, como “Eu Quero É Rosetá” (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), “Estatutos da Gafieira” (Billy Blanco) e “Café Soçaite” (Miguel Augusto)
Em 1971, Cyro e Jorge se reuniram para gravar um simpático disco que remete ao saudosismo da era de ouro dos dois cantores e traz estampada nas canções o deliete destes cantores intreprentando tais musicas.

Escute “Café Soçaite”(Miguel Gustavo)

Cyro Monteiro e Jorge Alves - Café Soçaite

Escute “Boi Bumbá”(Zito de Souza/Toninho/Jorge Veiga)

Cyro Monteiro e Jorge Alves - Boi Bumba

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal as bolachas que voce está postando...realmente é uma viagem pela nossa história musical....Tengo tengo foi demais....Grande Abraço ao amigo de sempre...

B.

Anônimo disse...

Caro, Paul
Essa sua serie é realmente espetacular.
Abs
R.