14/07/2009

SAUDOSAS BOLACHAS / 1972

LIBERDADE : UMA CALÇA VELHA AZUL E DESBOTADA



O piso da calçada reproduzia geometricamente o mapa do Estado de São Paulo; os carros estacionados ao lado da guia exibiam dezenas de adesivos aos meus olhos curiosos. Havia a incognitiva “O Pluto é Filho da....”, mas o mais constante nas traseiras dos automoveis era “Brasil Ame-o Ou Deixe-o”.
1972.
O sol brilhava sobre os capôs reluzentes, e minha adolescencia descobria novas sensações. A foto da bela atriz no cartaz exibido na porta do cinema, as expressões espantadas das duas senhoras apontando o imenso cartaz “Procura-se” na porta da agência do banco. No fundo da loja um poster de um general em trajes civis; o presidente do Brasil. Havia ainda uma ponta de euforia sobre o futebol, alguma coisa assim. Os rapazes cabeludos, festivos, atravessavam a rua cantando em altos brados:
“Eu quero é botar/ Meu bloco na rua!”


A MÚSICA
“Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua”
(
Sérgio Sampaio)

Depois de sua aventura musical com Raul Seixas em 1971, Sérgio Sampaio faz uma canção que traduz o a frustação, angustia e os seus anseios pessoais de vingar como um músico; mas que magicamente, traduz os mesmos anseios de uma geração censurada no Brasil desde 1968, e que em 1972, se identifica com a canção “Eu Quero É Botar Meu Bloca Na Rua”.
Sergio Sampiao (1947-1994) cantou “Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua” na ultima edicao do Festival de Musica Internacional (FIC) e apesar de não ter ganho foi uma das canções mais tocadas nas rádios e um dos grandes sucessos populares de 1972.

A musica é uma marcha-rancho que traz uma poetica contemporânea onde mistura elementos de cultura pop (Durango Kid/TV) com cultura popular (“dormir de toca”/”perdi a boca”) e culmina numa marcha carnavalesca. Um marco da canção brasileira.

“Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua”, Sérgio Sampaio.

Sergio Sampaio - Eu quero é botar meu bloco na rua


A MUSA
RITA LEE

Rita Lee, a cantora dos Os Mutantes em 1972, no ano em que a banda se extingue, vive um periodo produtivo onde grava um disco com o grupo (Mutantes no Pais dos Baruetes) e o seu segundo solo (“Hoje É O Ultimo Dia do Resto da Sua Vida”).
Rita Lee foi uma das cantoras que trouxe na sua musica e em sua atitude carismatica e popular os icones da cultura hippie, udigrudi, nos inicio dos anos 70. Sua jovialidade, desbunde e irreverência, aliados a sua bela voz, sua musicalidade e ao seu aspecto fisico; foram os condutores do céu e do inferno de uma geração cabeluda, rockeira e brasileira.

Rita Lee a musa de 1972.

Beija-me Amor” Rita Lee

Rita Lee & Os Mutantes - Beija-me, amor!

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