01/09/2009

Saudosas Bolachas (08/1972)

PONTOS LUMINOSOS
Numa tarde enevoada de 1972, os anos de chumbo, a musica brasileira recebia a entrada de dois novos musicos que entre o amargor e a radiosidade atacavam a nevoa com sua luminosidade.


JORGE MAUTNER
“PARA ILUMINAR A CIDADE” (1972)

Jorge Mautner (RJ, 1941) é filho de uma familia de judeus austriacos que fugiram do holocausto. Jorge nasceu um dia após o desembarque de seus pais do navio que os troxuera ao Rio de Janeiro.
Vivendo em São Paulo desde os primeiros anos de vida foi durante a infancia que aprendeu a tocar violino e se tornou grande interessado por literatura e filosofia. Em 1962 com apenas 20 anos de idade lançou um romance existencialista “Deus da Chuva e Da Morte” que teve excelente aceitação da critica especializada; e foi assim que até 1965 lançou outros quatro romances. Em 1967 viaja para os Estados Unidos e toma parte dos movimentos de contra-cultura e começa a se dedicar a musica, tocando o seu violino e musicando seus poemas.
Em 1970 estava num parque de Londres tocando o seu violino e cantando em portugues quando chamou a atenção de dois pasantes: Caetano Veloso e Gilberto Gil. Da amizade nasceram parcerias entre Gil e Mautner gravados no disco de Gil deste ano.
Em 1972 quando Mautner volta ao Brasil é convidado a gravar pela Polydor num selo dedicado ao publico mais jovem que se denominava “Disco Pirata”.
O disco de estréia de Mautner traz toda a vertente diluviana do poeta cheio de hiperboles, alto astral e humor e do romantismo exarcebado que mistura rock, xaxado e samba no requebrado sonoro de seu violino; fazendo de Mautner , no minimo, um personagem original no cenário musical brasileiro; mas impregnado de imenso talento e brilho.
Para iluminar a cidade.

“Super Mulher”(Jorge Mautner)

“Estrela da Noite”(Jorge Mautner)

“Quero Ser Uma Locomotiva”(Jorge Mautner)



JARDS MACALÉ
“JARDS MACALÉ” (1972)
Jards Macalé( RJ, 1943) se fez músico durante a infância e adolescência cercado por rodas de samba em sua casa e depois pelos cursos que fez de orquestração, violoncelo e violão. Durante a adolescencia montou um grupo “Dois no Balanço”, influenciado pela Bossa Nova. Por ser eximio violinista conseguiu em 1965 a tocar profissionalmente para a peça de Teatro Opinião onde conheceu Maria Bethania que o chamou para dirigir musicalmente seu espetaculo e o apresentou a Gal Costa que foi a primeira a gravar uma musica sua e consequentemente conheceu Caetano Veloso, com quem tambem tocaria.
Em 1972 a convite de Caetano, Jards foi para Londres participar da gravação de “Transa”; quando voltou para o Brasil lançou o seu primeiro album : “ Jards Macalé” (1972).
O estilo de Jards em transformar sambas em blues; e blues em sambas com uma poesia inteligente e dilacerada pendendo entre o desconsolo e a ironia faz deste seu primeiro album um disco importante num periodo conturbado socialmemente e extremamente rico e pulsante no lado musical.


“Farinha do Desprezo” (Jards Macalé/Capinam)

“78 Rotações”(Jards Macalé)

“Mal Secreto”(Jards Macalé/Wally Sailormoon)

2 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Grande Paul,
Na mosca.
Duas tijoladas na cara do sossego.
Esse do Macalé é fantástico (tenho relativamente muita coisa dele, mas dos anos 70 tenho esse e o Aprender a nadar).
Do Mautner tenho, autografados (durante um show que esse malucaço fez em São Luís, com o fiel escudeiro Nélson Jacobina), o Bomba de estrelas, o Jorge (que tem a hilariante Matemática do desejo) e o Mil e uma noites de bagdá. O prá iluminar a cidade, infelizmente, não tenho - mas é louquérrimo.
Valeu mesmo!!!!

Paul Constantinides disse...

grande erico
o disco do Mautner de 74,o que tem "O Relogio Quebrou", eh um disco q me marcou demais.
no fim dos anos 70 para os 80, eu e amigos, em Sampa iamos a quase todos os shows q ele dava...era cult mesmo....
o jards ia pouco por lah..mas qdo aparecia..a gente nao deixava de ir ve-lo tbm.
abs
paul