29/12/2009

eduarda fadini

A Beleza de um Canto


Quando escuto Eduarda Fadini cantar logo me vem à cabeça que o Brasil , além de ser um celeiro de excelentes jogadores de futebol, é um país que inesgotávelmente produz grandes cantoras.Eduarda é exemplo disto. Carioca, sobrinha de um dos integrantes do famoso grupo vocal da Bossa Nova, Os Cariocas; ela surgiu no cenário musical como talentosa cantora e compositora no final dos anos 90.Em 2008 ela trouxe-nos , com voz marcante e estilo jazzy, um trabalho surpreendentemente belo e sensível , “Volta” ; reinterpretando 13 canções de Lupicinio Rodrigues (1914-1974) um dos grandes compositores da canção brasileira nos 40/50.

Nesta entrevista realizada entre novembro e dezembro ultimo, ela nos fala de seus trabalhos , suas influências, envolvimento com teatro e principalmente de sua música. Conheça um pouco da personalidade desta cantora e escute algumas de suas interpretações.


1. O que significa cantar para você?
Existir.

2. Técnica ou emoção, o que canta mais alto?
Emoção canta alto, emoção com técnica, canta mais alto, melhor e por mais tempo.

3. Quando nasceu em você a paixão pelo canto e pelo teatro?
Eu sempre soube que seria cantora, canto desde criança, minha mãe conta que eu já cantava no berço, os amigos na escola pediam que eu cantasse no recreio, começar a cantar profissionalmente aos 16 anos foi muito natural pra mim. Não seria feliz fazendo outra coisa. Tem uma tradição de família também, sou sobrinha do Valdir Viviani, que foi o primeiro solista d’Os Cariocas, o conjunto vocal mais importante do período da Bossa Nova. Cresci ouvindo meu tio cantando e tocando violão, eu era fascinada por ele. Ele me chamava de “Minha Duduca”, acho que me tornei cantora por causa dele... Já o teatro foi entrando aos poucos na minha vida, a primeira peça da qual participei foi na faculdade quando cursava música, era a Ópera dos Três Vinténs, de Brecht e desde então fazer teatro me arrebata completamente. É um prazer muito grande.

4. Qual é o tempero de sua musicalidade?
Música Brasileira e Jazz.

Eduarda Fadini canta “Bonita”





5. Você é afinal uma atriz que canta ou uma cantora que atua?
Me sinto uma artista que necessita da música e do teatro para se expressar. Sou atriz quando canto e sou cantora quando atuo, as duas caminham juntas. O teatro me trouxe um significado mais profundo como intérprete, me fazendo ir além da cantora e a música me deu uma compreensão melódica do texto, me proporcionou degustar mais profundamente as nuances da palavra e encontrar na técnica vocal um suporte fundamental para a performance como atriz.

6. Primeiramente vamos falar um pouco da sua formação, foi importante para você fazer o curso de Licenciatura em Música pela UNI-RIO?
A UNI-RIO foi muito importante na minha formação, não somente pela vida acadêmica que enriquece muito a visão do artista, burilando a técnica, e ampliando a visão sobre questões humanísticas, como pela troca com outros artistas, professores e alunos, que estão em busca de mais aprofundamento em seus trabalhos. Você passa a ter uma visão muito mais crítica em relação ao fazer artístico depois de passar anos da sua vida dentro de uma universidade de arte.

7. Como foi seu contato com o diretor de Teatro José Celso Martinez? E como foi trabalhar com o diretor Sérgio Brito?
José Celso sempre causa um impacto por onde passa e não foi diferente comigo quando participei das suas oficinas. Ele é um homem surpreendente e a sua paixão pelo teatro faz com que tudo pareça possível. Eu saí dessa experiência ainda mais certa de que a única forma de se fazer arte é investindo no que é mais essencial para a sua existência enquanto artista. Não importa o que digam, se você acredita, se é genuíno, faça. Foi isso que eu aprendi com o Zé Celso.
Sérgio Britto é talvez a pessoa mais importante na minha carreira, por que ele acreditou em mim antes mesmo que eu acreditasse. Eu aprendi muito com ele, a disciplina, o trabalho exaustivo, a obstinação incansável e também o prazer, a generosidade e o respeito, pelo trabalho e pelos companheiros de palco. Sérgio me levou pela mão na minha estréia no teatro profissional e eu sempre vou dever uma parte de quem sou a esse grande artista que hoje é uma lenda viva do teatro brasileiro.



8. Como foi participar do lançamento do Songbook de Ivan Lins?
Foi uma emoção incrível! Eu já estava planejando gravar um disco com o Jesus Chediak, da Lumiar e ele me convidou para cantar no lançamento do Songbook do Ivan. A Lumiar sempre realiza os lançamentos dos Songbooks com a presença de grandes nomes da música brasileira e esse convite confirmou a confiança que eles estavam depositando em mim. Eu cantei Aos Nossos Filhos, uma canção do Ivan, cuja letra e a melodia são de uma beleza muito particular. Eu sempre me emociono quando canto essa canção e de repente eu me vi ali, na frente o próprio Ivan, cantando a música dele pra ele... Eu não sei ao certo, mas entrei numa espécie de transe, olhando pra ele e cantando, até ser despertada pelos aplausos da casa lotada. Foi muito emocionante mesmo...

9. Você já gravou 04 discos. Poderia nos falar um pouco dos três primeiros? (Calendário / Eduarda Fadini / MPB Lounge)? Foi difícil o começo?
Os três primeiros CDs foram feitos na raça e eu não tinha nenhuma estrutura para fazer isso. Então são CDs completamente independentes concebidos por mim e pelo Roberto Bahal, pianista, arranjador, produtor musical e parceiro. Não tínhamos selo, distribuidora, nada, era tudo por nossa conta mesmo! Nós sempre tivemos ao nosso lado músicos incríveis que me acompanham até hoje e apostam no meu trabalho com o seu talento e amizade.
Calendário era um trabalho de MPB, com uma pegada mais pop, onde eu deixei surgir todas as sonoridades que estiveram presentes na minha vida. Era um trabalho muito contemporâneo, ousado mesmo, música urbana, contundente, sem meio termo. Eram composições minhas e do Bahal junto de regravações e a escolha do repertório tinha muito a ver com o que eu queria dizer naquele momento.
Eduarda Fadini, foi o trabalho no qual eu coloquei a compositora, poeta e intérprete ao lado do meu maior parceiro, o pianista Roberto Bahal. É um disco de voz e piano onde nós deixamos fluir toda a intimidade musical adquirida ao longo de muitos anos de trabalho e é possível ouvir que nós respiramos juntos todo o tempo. Das onze faixas, cinco são composições nossas. As outras seis são músicas muito conhecidas, mas sobre as quais nós lançamos um novo olhar. São canções que surpreendem, como Paralelas do Belchior, que durante muitos anos foi o meu “carro chefe”. Certa vez, o Gê Alves Pinto, que fez a capa do Lupicínio Volta, ouviu a minha versão de Toda Forma de Poder do Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Havaí, e como eles são amigos também enviou pra ele por e-mail. A resposta veio rápida e comovente: “Que lindo...lindo mesmo! Me senti nos 70, quando havia compositores, intérpretes e arranjadores...cada um iluminando um canto. HG”

Eduarda Fadini canta “Toda Forma de Poder”


MPB Lounge foi um trabalho muito prazeroso, onde pudemos reinterpretar grandes clássicos da música brasileira usando recursos de música eletrônica, misturados a instrumentos acústicos, sem perder de vista a essência da música brasileira, mas com uma pegada pop-jazz. Eu explorei muitas variações de timbre na minha voz, foi uma pesquisa muito rica em relação à técnica vocal. A minha favorita desse trabalho é Bonita de Tom Jobim e Ray Gilbert. Esse trabalho visava mais o mercado externo da Europa e Japão.
Mas, infelizmente esses trabalhos não existem mais no mercado, é muito difícil um artista independente, produzir, prensar e distribuir o seu próprio trabalho sem apoio. Espero poder fazer circular novamente esses CDs. Quem sabe eles não surgem como uma fase Cult da minha carreira daqui a um tempo?

10. Em “Lupicínio Volta”, seu quarto álbum você optou em cantar a obra de Lupicínio Rodrigues transportando a sua musica para uma irretocável interpretação jazzística. Como se deu tudo isto? Porque Lupicínio?
Lupicínio Volta, na verdade é considerado o meu álbum de estréia, por ser o meu primeiro CD de mercado. Foi lançado pela Lumiar, um selo respeitado por conta de toda a trajetória do Almir Chediak, que criou os Songbooks que hoje são uma marca de qualidade da música brasileira em todo o mundo. A crítica me recebeu muito bem, tive ótimos elogios por conta desse trabalho.
Os arranjos foram concebidos pelo Roberto Bahal, pianista que está ao meu lado desde o início da minha carreira. Eu já não preciso dizer a ele o que eu quero, ele simplesmente já faz os arranjos que eu imagino. Mas nós conversamos muito durante o processo de escolha do repertório, eu pesquisei toda a obra do Lupicínio e nós decidimos que o CD teria uma marca pessoal, o Jazz era essa marca. Eu sempre cantei Jazz, eu cresci ouvindo Jazz. E nós queríamos dar um tratamento mais contemporâneo ao Lupicínio. O Jazz é atemporal, nunca fica datado. Muitas pessoas acham Lupicínio Rodrigues cafona, por conta da dor de cotovelo, da dramaticidade das letras e melodias e nós queríamos mudar isso. Eu busquei uma interpretação que desse o tom da dramaticidade das letras, mas sem nenhum exagero, onde cada nota fosse a medida certa de cada emoção.

Eduarda Fadini canta “Volta”



11. Você se considera uma cantora de Jazz?
Sim e não.
Sim, por que cresci ouvindo Jazz, sempre cantei jazz, aprendi muito com as cantoras de Jazz, tive uma professora jazzista que me ensinou muito. Eu comecei cantando Bossa Nova, que anda de mãos dadas com o Jazz. Posso dizer que eu descobri a minha voz graças ao Jazz. Cantando Jazz eu posso usar tudo que eu estudei a vida inteira sem nenhum limite, o Jazz é o ambiente perfeito pra qualquer músico, pra um cantor então... Cantar Jazz é simplesmente poder tudo! A voz alcança todos os limites, de timbre, dinâmica, ritmo... Por outro lado eu sempre amei MPB principalmente pela poesia, pela força da nossa língua que é riquíssima. Mas se você for ouvir Tom Jobim, Edu Lobo, Chico Buarque, Ivan Lins, vai ver que o Jazz está presente ali, nas melodias sofisticadas, nas harmonias dissonantes...
Não, por que eu não sou uma cantora típica de Jazz, não sou uma cantora de Bebop, não sou dada a grandes improvisos, prefiro as sutilezas, as mudanças nos detalhes e não canto somente Jazz. Adoro cantar Samba, por exemplo! E cantar Samba também tem uma ciência assim como o Jazz. Você tem que saber como tratar as síncopes, tem que ter o suingue, tem que conhecer os ritmos afro-brasileiros, tem que ter na voz a tristeza e a alegria que só o Samba tem. Adoro cantar boleros, com todo sufrimiento, toda dolor. E mais que tudo, o que eu considero realmente importante é a interpretação, a palavra, a emoção e pra fazer isso tudo brotar, nada melhor que a MPB, com seus poetas incomparáveis, suas melodias e todas as influências, como um caldeirão aberto, fumegante...


12. Que cantoras você admira?
Todas as grandes... As grandes vozes, as grandes intérpretes... Elis Regina, qual a cantora brasileira que não foi influenciada por ela? Elis nunca teve meio termo... Elizeth Cardoso, A Divina. As cantoras do rádio, Dalva de Oliveira, Nora Ney, Isaurinha Garcia, Linda e Dircinha Batista... Aracy de Almeida, um timbre estranhíssimo, com uma personalidade única! Ângela Maria, a Sapoti, maravilhosa, maravilhosa! Maria Bethânia, dona de uma interpretação arrebatadora sempre descalça, uma força da natureza, uma entidade espiritual... O timbre único de Nana Caymmi. A delicadeza de Gal Costa. A força nordestina de Elba Ramalho. A voz generosa de Clara Nunes. O samba prazenteiro de Beth Carvalho. A voz escura e triste de Maysa Matarazzo. O suingue tresloucado de Elza Soares, pra mim uma kamikaze da música, ela é capaz de tudo no palco! E uma cantora de quem eu sempre beijo as mãos quando a vejo cantar, Leny Andrade, um gênio, que une a inteligência do Jazz à emoção da Música Brasileira, incomparável... O Brasil é um país de cantoras... E das boas!
As grandes Divas do Jazz, Ella Fitzgerald, a perfeição, Sarah Vaughan, a versatilidade, Billie Holiday, o sofrimento, Diane Schuur, o virtuosismo, Shirley Horn, a elegância, Dinah Washington, a surpresa, … e Dionne Warwick, que é dona de uma das vozes mais lindas que eu já ouvi e que intérprete! Poderia falar horas e horas sobre cantoras...

13. Você tem planos de seguir uma trajetória internacional, como muitas cantoras brasileiras do seu gênero fazem; gravando no Japão, por exemplo?
Sim, claro! Estou à procura de um produtor que possa fazer essa ponte entre Brasil e Japão. O mercado lá é muito bom para a música brasileira. A questão é que são poucas as pessoas que tem esses contatos e quem tem não conta pra ninguém... Então, se algum produtor se interessar, é só chamar, estamos aí!

Eduarda Fadini canta “Farol”



14. Como você vê o mercado brasileiro fonográfico e a própria produção musical atual em relação a musica que você canta?
O mercado fonográfico brasileiro está muito complicado... Tem muita gente boa lançando CDs lindos, mas é muito difícil fazer esse todo material chegar ao grande público. Você tem hoje as majors que ocupam todos os espaços nas rádios e TVs, cujos artistas lotam as grandes casas e tem uma repercussão nacional. Tem a questão muito séria do Jabá, (execução de música em rádio ou TV mediante pagamento do artista ou da gravadora) que é uma prática muito discutida hoje, mas muito difícil de identificar. E tem um outro lado que é o mercado independente com as pequenas gravadoras ou os próprios artistas que batalham muito pra ter um retorno da mídia e mantém os seus trabalhos em nichos específicos. As rádios e TVs públicas ainda são um veículo de exposição bastante positivo para os artistas independentes. A internet hoje é um meio de difusão muito importante, o artista que sabe manipular bem essa ferramenta pode ampliar muito seu público. Mas a internet pode dar uma falsa sensação de “sucesso”. Muitas vezes o trabalho é conhecido em um segmento específico da rede então você pensa que um artista está bombando e depois descobre que tem um monte de gente que nem sabe que ele existe. É muito complexa essa relação da realidade virtual em contraponto com a vida real. Mas, na minha opinião, nada substitui o contato direto com o público, mostrar a cara, fazer muitos shows por aí, mas isso nem sempre é simples também... O Rio de Janeiro, infelizmente, é hoje um lugar difícil de se trabalhar... Se você não canta samba, então as coisas ficam ainda mais complicadas. Algumas casas agora têm o mau gosto de cobrar um mínimo dos artistas para que possam tocar, isso é uma inversão de papéis incompreensível pra mim. Ainda tem os pianos... Ah... O Rio de Janeiro é uma cidade sem pianos! Tom Jobim já dizia isso nos anos 80, imagino o que ele deve estar pensando agora lá em cima...

15. Você participou de um projeto chamado “A Musica na Arte da Sedução”. Como se dá musica como veiculo de sensualidade, eh uma coisa natural , pensada, ou às vezes você nem tem consciência disto?
Esse projeto foi lindo! Eu encerrei a temporada do CCBB de São Paulo com um espetáculo inteiramente dedicado à música do cinema americano dos anos 30 aos anos 60. As músicas estavam ligadas a grandes cenas de divas como Rita Hayworth e Marilyn Monroe, como a cena do streep tease em Gilda onde Rita canta Put the Blame on Mame e Diamonds are a Girl Best Friend, onde Marilyn canta com o famoso vestido pink. Os arranjos como sempre, foram do Roberto Bahal, a direção cênica e a luz foram do ator José Mauro Brant e a produção e concepção do projeto foram do Pablo Castellar.
A música sempre esteve envolvida com a sedução, desde as cantigas de menestréis da renascença que falavam de amor, as modinhas brasileiras de sec. XIX, as canções das cortesãs de Veneza dos sec. XVI e XVII até chegar ao clímax do glamour e da sedução no cinema americano. Eu sou louca pelos musicais da Metro! Cresci assistindo os musicais que passavam na Seção da Tarde no Brasil. Então posso dizer que o meu referencial de feminilidade é absolutamente vintage!
Acho que a sensualidade sempre estará presente nas mulheres que pisam o palco, é uma exposição que leva a isso, cada artista tem a sua dose de sedução e o seu meio de expressá-la. Mas o que é bonito de se ver é a sensualidade natural que aflora pela voz de se derrama nos gestos sutilmente, com elegância. As mulheres dos anos 40 sabiam disso muito bem e faziam tudo de forma meticulosamente estudada, mas sem o menor traço de vulgaridade. Eu gosto disso!



16. Como nasceu o seu contato com os cartunistas Ziraldo, que tem uma participação especial em “Volta”; e Caruso que também participa do Cd além de estar trabalhando com você no show do disco?
É uma longa história, mas vamos resumir... Eu sou amiga da Márcia Martins, produtora, casada com o Ziraldo, que dispensa maiores apresentações. Ela era minha aluna, fazia aulas de canto comigo. Nós éramos amigas em comum do Jesus Chediak, que hoje dirige a Lumiar. Nós já estávamos querendo fazer um disco juntos e a Márcia foi a liga disso tudo. Nesse meio tempo o Chediak um dia me ligou e disse: Lupicínio Rodrigues! Você topa? É claro que eu topei na hora! Lupicínio é um compositor importantíssimo na música brasileira, tem uma obra vastíssima e andava um pouco esquecido... Era perfeito, o repertório que toda cantora adoraria interpretar! Ele teve a idéia de convidar o Ziraldo, que sempre adorou cantar, mas nunca havia gravado, para uma participação no disco. O Ziraldo é uma personalidade incrível, muito querido por todos no Brasil e no exterior, ele faz parte do imaginário infantil de várias gerações, inclusive da minha, então foi um prazer tê-lo presente nesse processo. O Chico Caruso também, além de ser um grande cartunista é um ótimo cantor e especialista em Lupicínio Rodrigues. Um dia nós estávamos jantando, Márcia, Ziraldo e eu, e o Chico foi apresentado a mim pela Márcia que disse: Essa é a Eduarda Fadini, cantora, ela vai gravar um disco em homenagem a Lupicínio e você vai cantar com ela! Ele respondeu: Vou? Quando? E nós somos grandes amigos desde então. A Márcia começou a me produzir e empresariar, e orquestrou tudo para que o CD fosse um sucesso, ela esteve presente em cada detalhe, da escolha do repertório, passando pelo figurino, a capa, as gravações, o show de lançamento... Ela foi incrível!
O Chico Caruso, ficou muito meu amigo e me convidou par cantar com ele num espetáculo que ele chamou de Lupicínio e Bergman – Cenas de um casamento, um espetáculo de música e humor que conta as desventuras de um casal através das músicas de Lupicínio Rodrigues, nossa parceria deu muito certo temos um timming ótimo e é sempre um prazer estar com o Chico em cena! Esse show já está no segundo ano em cartaz, fazendo o maior sucesso! E além do Chico temos tocando sax conosco outro cartunista, o Aroeira, que é um ótimo músico também! Esses cartunistas todos dão pra músicos! Impressionante!


17. “Palavra de Mulher” é um trabalho, um projeto que você desenvolveu e que mistura poesia, musica e teatro. Como surgiu este projeto e em que estagio se encontra agora?
Palavra de Mulher, é um projeto acalentado há muito tempo. Sempre desejei unir música, poesia e teatro de uma maneira mais despojada, pois isso sempre povoou a minha vida. Eu não classificaria Palavra de Mulher como teatro musical, nem como show, nem como performance, é como um momento íntimo compartilhado com o público. Eu precisei me afastar de tudo pra conceber esse espetáculo, fiz as malas, carreguei uma tonelada de livros e fui pro mato ficar sozinha. Eu precisava desse silêncio, desse tempo pra deixar fluir tudo o que eu tinha pra dizer e precisava por pra fora, fiquei ali na beira do rio em Mauá, sentindo os cheiros, ouvindo a natureza e os meus próprios silêncios que sempre me disseram tanto... Foi um momento vital, era tudo ou nada, eu tinha que fazer esse espetáculo pra me sentir plena... Depois que ele estreou, a reação do público tem me dado cada vez mais a certeza de que eu realizei a função primordial do artista, colocar em cena a sua verdade, despudoradamente sem nenhuma espécie de barreira...
Nesse espetáculo eu filosofo sobre a condição feminina, sobre a necessidade do amor, sobre as faltas que o amor nos dá e sobre o quanto eles nos devolve quando o encontramos. Falo do amor e todos os seus efeitos colaterais, onde não há que se fugir da dor, mas onde a dor não é amargura. É uma celebração à mulher, a feminilidade...
Estréio dia 10 de janeiro de 2010 uma temporada no Teatro Café Pequeno no Leblon aos domingos, às 17h. Eu diria que é um horário delicadamente feminino, a hora do chá que as nossas avós cultivavam. Perfeito para um encontro como esse! Os homens são bem-vindos, é claro! Inclusive muitos vêm me agradecer por esclarecer as nuances femininas. Já me disseram que Palavra de Mulher funciona como uma bula das emoções femininas! Achei esse comentário ótimo!

18. Este ano você deu continuidade a sua turnê com o “Lupicínio Volta”, há a possibilidade de uma apresentação aqui em Miami?
Esse ano foi um ano cheio de acontecimentos muito marcantes pra mim, por questões pessoais que me fizeram rever questões profissionais e artísticas.. Enfim... Foi um ano muito rico, fiz muitos shows com o Chico Caruso, cantei muito Lupicínio Rodrigues, encenei o Palavra de Mulher para platéias lindas, estou retomando meu trabalho de Jazz e comecei a cantar com o Pascoal Meirelles, grande baterista brasileiro internacionalmente famoso. Tenho boas perspectivas para o ano que vem e pretendo viajar mais. Estou em contato com produtores fora do Brasil para viabilizar uma tour internacional ano que vem. Quem sabe não começo por Miami, que é conhecida como a mais brasileira das cidades americanas? Vai ser um prazer, certamente me sentirei em casa!


15 comentários:

Anônimo disse...

Paul
Bela entrevista.
Grande cantora.
abs
Valdir

Érico Cordeiro disse...

Mr. Paul,
E a moça ainda canta? Mas nem precisava!!!! UAU!!!

Paul Constantinides disse...

valdir obrigado pelo comentário, feliz ano novo.

érico amigo, é isso aí..

feliz ano novo

abs
paul

pituco disse...

paul,
tô com o érico...rs

e,valeô a entrevista...aliás, esse lance de jabá, vista grossa pra produção musical mais elaborada, indústria cultural e coisa e tal...parece que li isso já em algum lugar...hehehe...há muitos e muitos anos atra´s....

a estória se repete...sem trocadilho com os versos da canção 'toda forma de poder', que a eduarda interpreta.

e folgo em saber que ela esteja ladeada pelos cartunistas cantores...o ziraldo não conheço pessoalmente, mas o chico caruso sim...inclusive, na década de oitenta participei de vários shows da 'tancredo jazz band', junto com ele, o paulo, ruy barboza e a troupe do línguadetrapo...havia também outra versão com o luis fernando veríssimo tocando saxofone...rs...bons tempos,hein?

é isso aí,
happy new year

Anônimo disse...

Caro Paul

aqui do Rio, onde no momento so tem samba de pagode para escutar....

envio os meus votos de um feliz 2010 e o agradecimento por momentos como este desta cantora Eduarda Fadini cantando Bonita!!!
um grande abraco e muito obrigado

marcelo

Paul Constantinides disse...

pituco san tudo de bom pra vc..q beleza q vc participava do Tancredo Jazz Band. Tem registro disto? Lembro-me q tinha uma musicalidade interessante.
qto a fadini, beleza pura mesmo.
obrigado pelo comentário.
Feliz Ano Novo

Paul Constantinides disse...

pituco san tudo de bom pra vc..q beleza q vc participava do Tancredo Jazz Band. Tem registro disto? Lembro-me q tinha uma musicalidade interessante.
qto a fadini, beleza pura mesmo.
obrigado pelo comentário.
Feliz Ano Novo

Paul Constantinides disse...

mario aqui onde estou (jacarei/sampa)muita musica pop americana nas rádios (q que é isto??!!!).
a versão de Bonita feita pela Fadini é primorosa.
FELIZ ANO NOVO
pra vc e sua familia
abs
paul

Anônimo disse...

Paul,
Obrigada, amigo
Que vc continue nos presenteando com as músicas e textos no seu maravilhoso blog (sem falar das fotos).

beijo ENORME
E.

Anônimo disse...

Paul a entrevista com eduarda
ficou exelente. Meus votos de um ano MARAVILHOSO
Beijos
B.

Edna Medici disse...

Fantástica!!!!

Paul Constantinides disse...

sem duvida Edna.
sem duvida.

abs
paul

Anônimo disse...

excelente interpretação,voz...fiquei fascinada por Volta.fiquei com a voz dela o dia todo humming...sempre gostei de Lupicínio,e agora mais uma soberba interpretação desta musica de qualidade.Bonito.Lindo mesmo.

Paul Constantinides disse...

Rotten a Eduarda arrasa cantando Lupicinio..totalmente.
abs
paul

Paul Constantinides disse...

E. e B.
obrigado pelos comentários simpáticos.
Feliz Ano Novo.
abs
paul