O ANO
Para quem viveu de forma intensa o ano de 1973 pode-se começar dizendo, assim como disse o poeta Vinicius de Moraes em suas considerações, lamentando as mortes do pintor Pablo Picasso, do poeta Pablo Neruda e do violincista Pablo Casals; ocorridas naquele ano.
“Oh ano triste e sem sorte
Vá prá puta que o pariu.”
Em 1973 o Brasil construía hidroelétricas, produzia sua primeira novela colorida “O Bem Amado”. estreava um dos shows televisivos mais perseverantes da historia da Tv Brasileira, “O Fantástico”.

A censura prevalecia sobre a imprensa e a produção cultural. Havia o medo e o nacionalismo exarcebado. O presidente-ditador Medici se fortificava com seu Atos Institucionais que lhe davam autonomia para fazer o que quizesse. No Chile caia um bastião socialista: o assassinato do presidente Salvador Allende durante a tomada do poder deste país pelas Forças Armadas.
Enquanto isto em Gothan City...
Bem, enquanto isto a musica brasileira continuava efervescendo toda a sua potencialidade criativa em diversos cantos e arranjos. Musicos provenientes do nordeste embarcavam nas rádios e Tvs do Sudoeste; a musica instrumental dava altos vôos e ganhava notoridade com arranjos de Eumir Deodato na película “2001:Uma Odisséia no Espaço”.
A mercearia musical apresentava novos secos e melhados. Raul dava o seu urro : Krig-Há. As divas de Gal a Elzas encantavam os ares com cores e sensualidade. Ecos da Bossa infiltrando-se pelos oceanos musicais, o Brasil seguia , apesar das dores : musica para todos os ouvidos e corações.

GAL COSTA
INDIA (1973)
Uma das musas de 1973 foi a “india” Gal Costa.
Sensualidade; brasilidade pop e pós-tropicalista.
Gal Costa em 1973 grava o álbum “India” que já traz na capa o espírito libertário daquele momento e ainda as tendências musicais desta cantora que ampliava o conceito de abraçar toda a brasilidade possível, dentro de um contexto “moderno”; com seu canto sofisticado e sensível.
Gal em 73 brilhava como um sol entre as galáxias de estrelas reluzentes, perdidas e cadentes.
“India” (J. A. Flores / M. O. Guerreiros / José Fortuna)

“SANGUE LATINO” (João Ricardo/Paulo Mendonça)
“SECOS & MOLHADOS” (1973)
“Secos & Molhados” é a uma banda que surgiu na hora certa e no local certo de um momento peculiar da musica brasileira: a busca de uma contemporâniedade diante da explosão do rock e da musica progressiva na Europa e nos Estados Unidos.
João Ricardo, compositor e violinista português radicado em São Paulo desde a sua infância, montou a banda entre 1970/71 com o nome inspirado na mercearia de seu pai.
A banda misturava a influência do rock progressivo do início dos anos 70 com ritmos folclóricos e arranjos melódicos diversificados que davam um resultado bastante original e inovador ao som da banda.
No inicio de 73 a banda tocava no Teatro Ruth Escobar, em SP, e chamou a atenção do empresário Moracy do Val que os levou a Continenal.
O repertórios do primeiro disco é fruto das composições de João Ricardo em parcerias com outro integrante da banda, Gerson Conrad e com a cantora e compositora Luli.
A banda lançou o álbum “Secos & Molhados” e causou um grande impacto. Tanto pela musicalidade, a impressionante voz de Ney Matogrosso, como pela maquiagem que o grupo usava.
O disco vendeu em um mês 300 mil cópias, quando vender 30 mil já era um grande sucesso.
A musica “Sangue Latino” (João Ricardo/Paulo Mendonça) foi uma das músicas mais tocadas naquele ano.
“Sangue Latino” (João Ricardo/Paulo Mendonça)
8 comentários:
Dois discaços, Mr.Paul,
Discoteca obrigatória mesmo!!!
O nosso país padecia sob uma ditadura estúpida e cruel, mas a música nos mostrava o caminho da liberdade!
Abração!
paul san,
piramidal
anos setenta...nossa canção na contra-mão do regime facínora...vivam nossos artistas populares...bons tempos, hein?
parabéns pelo post
abraçsonoros
Érico sem duvida foi assim mesmo...em 73 eu tinha 12/13 anos de idade e começava a vislumbrar este choque do Estado e da produção Cultura..a entende-lo melhor.
mas sem duvida a musica apontava para o caminho que até hoje trilhamos...
abs
e obrigado por estar aqui prestigiando neste 2010 cheio de chuva e suor.
abs
paul
pituco san
é isto mesmo....na contra-mão de um Estado que infligia a dor e a censura, a musica, de certa forma, deu o seu recado e não deixou a peteca cair de todo.
mesmo assim, vc esta certo, foram bons tempos.
abs
e obrigado por esta aqui prestigiando neste 2010.
vamos em frente
e força total
paul
"Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra-mola que resiste!"
é isso aí fernanda zen.
abs
paul
Secos e Molhados-que criatividade,não?não me lembro da gente ter tido algo parecido antes,e aí aparece o Ney Matogrosso com aquele visual exuberante cantando em voz de falsete" o gato preto cruzou a estrada..." muito big! grande mesmo! e ele continua compartilhando sua arte !
secos & molhados é uma banda super original mesmo...sem duvida houve influência dos Mutantes, Tropicalismo e outros sons vindos do exterior...mas a alquimia sonora do grupo e o talento vocal do Ney deu uma originalidade e tanto.
abs
paul
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