20/04/2010

Saudosas Bolachas (09/1973)

Os experimentais, os anti-convencionais, os audazes.....



WALTER FRANCO

CABEÇA”(1973)


A CAPA: UMA MOSCA SOBRE O FUNDO BRANCO. O CORTE RACIONALISTA. NADA TEM VALOR, TUDO TEM.

Filho do poeta Cid Franco, Walter Franco (São Paulo, 1945) , musico e compositor, se tornou conhecido durante o periodo em que quando cursava o EAD (Escola de Arte Dramática) da USP. Uma de suas primeiras criações foi musicar peças de seus colegas. Sua musicalidade, pouco convencional chamou a atenção da TV Tupi que usou uma musica sua como tema de uma telenovela, Hospital, em 1971.
Com um compacto simples gravado e participações marcantes no I, II e III Festival Universitário de São Paulo, Walter chegou a ter uma musica defendida por Geraldo Vandré (Não se Queima um Sonho).
Walter Franco nasceu num período em que facilmente se influenciaria pela Bossa Nova, pelo Rock e pelo Jazz. Inquieto ele buscava em sua musicalidade uma linguagem formal diferenciada. Texto e musica disassociados, interagindo aleatóriamente. Sussurros, dissonâncias e passagens de grande intensidade sonora.
Influenciado pela poesia concreta Walter Franco em 1972 causou furor no VII Fic, da TV Globo, Rio de Janeiro ao apresentar a clássica “Cabeça”(Walter Franco). A musica tem a duração de 6 minutos e canta repetidamente a palavra “cabeça”, “cabeça”, “saiba que ela pode explodir”, “ou não”.
Em 1973 ele lança o primeiro álbum de sua pequena discografia, “Cabeça”.
Considerado de vanguarda por alguns e desprezado por muitos críticos de musica, na verdade Walter Franco sempre tomou uma atitude alheia a tudo isto. Jamais se engajou a um movimento estético ou musical ou lançou diretrizes.
Solitário e curioso, fez seu discurso poético e musical num período em que pensar em fazer algo semelhante era praticamente impossível; e Walter fez.
Seu trabalho ainda hoje tem um caráter inovador.
“Me Deixe Mudo”é uma síntese concretista-musical extremamente interessante e executada
de forma improssionante.
Walter Franco é cabeça, cabeça irmão.

“Me Deixe Mudo”(Walter Franco)

“Cabeça”(Walter Franco)

“Mixturação”(Walter Franco)




TOM ZÉ
TODOS OS OLHOS”(1973)


A CAPA: A INTENÇÃO SERIA UMA BOLA DE GUDE SOBRE UM ANUS (O OLHO DO CU). MAS A FOTO USANDA, REPRODUZINDO ESTA IDÉIA, É DE UMA BOLA DE GUDE SOBRE LÁBIOS FEMININOS.

Compositor, cantor e arranjador nascido em Irará (Bahia), Tom Zé aprendeu musica ouvindo rádio em sua terra natal. A juventude passou na Universidade da Bahia em Salvador, onde estudou Musica e aprendeu ,entre outras coisas, a tocar piano e violoncelo, além de harmonia e composição. Neste período, início dos anos 60, conheceu Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethania e Gal Costa, com quem montou um grupo para os espetáculos “Nos, Por Exemplo” e “Velha Bossa Nova e Nova Bossa Velha”. Partiu para São Paulo com seus amigos e participou do espetáculo “Arena, Canta Bahia”.
Durante 67, 68, participou ativamente do movimento Tropicalista. Fez parte do histórico disco “Tropicalia ou Panis Et Circenses”(1968) e no mesmo ano venceu o Festival de MPB de São Paulo com o hino “São Paulo, Meu Amor”.
Tom Zé lançaria seu primeiro album no mesmo ano “Rozemblit”.
Em 1973 ele lança seu quarto album “Todos os Olhos”.
“Todos os Olhos” é um disco marcante na carreira de Tom Zé, é o momento onde este inquieto compositor e cantor rompe com um patamar que havia alcançado na musica e parte para uma concepção mais radical e inovadora.
Usando-se de uma musicalidade por vezes dissonante, outrora distorcida, o certo é que a veia deste compositor passei livre por “Todos os Olhos” e oferece um panorama interessante de musicas pos-tropicalistas.

“Complexo de Épico” (Tom Zé)

“Augusta, Angélica e Consolação”(Tom Zé)

“Botaram Tanta Fumaça”(Tom Zé)



CAETANO VELOSO
ARAÇÁ AZUL”(1973)

A CAPA: O UMBIGO. A IMERSSÃO DO LIRICO NA TERRA.

Durante o ano de 72 , Caetano Veloso recém chegado do exílio na Europa decidiu fazer um trabalho musical imerso no expirimentalismo no período em que buscou isolado na Bahia um rumo. Vislumbrando a sua trajetória musical, entende-se que naquele momento o compositor e cantor bahiano viveu um tipo de cartase. Surfando e divagando sobre possibilidades musicais diferenciadas e líricas que iam de assovios, poemas seus e de Souzandrade a instrumentos musicais pouco convencionais (pratos, batuques no peito e invenções de Walter Smetak – inventor de instrumentos musicais da Bahia).
Trata-se de um disco muito único nas intergralatáctica discografia do compositor; um disco experimental que causou certo descontentamento a sua gravadora Polygram, que imediatamente após o seu lançamento recolheu o produto devido ao grande numero de devoluções e o retirou de catálogo.
O disco logo tornou-se cultuado por uma fiel legião de fãs e foi relançado em 87 quando voltou a ganhar interesse de um publico maior.
Araçá Azul é um tipo de disco importante no entendimento das coisas que rolavam nos primeiros anos 70. O trabalho remete em si um desejo de liberdade inserido no contexto político e social daquele período
.Caetano colocou num caldeirão as coisas “loucas” (experimentais) dos discos “loucos” (rock e jazz) dos anos 60/70 e que geralmente apareciam em apenas uma faixa, ou num pequeno trecho; e fez um disco inteiro com isto tudo.

“Sugar Canes Fields Forever”(Caetano Veloso)

“De Conversa/Cravo e Canela”(Caetano Veloso/Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)

“Gilberto Misterioso”(Caetano Veloso)

5 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Grande Paul,
Três discos radicais, complexos e absolutamente indispensáveis!
Três músicos no auge da ousadia, do experimentalismo e da capacidade de provocar e instigar.
Para entender como foram os anos 70, do ponto de vista da música moderna que se fazia no Brasil, é necessário conhecer essas verdadeiras obras-primas.
Abração!

Paul Constantinides disse...

è isto ai Èrico.
sem duvida grande mestre do Jazz.
abs
paul

Paul Constantinides disse...

è isto ai Èrico.
sem duvida grande mestre do Jazz.
abs
paul

pituco disse...

grande paul,

é muita viagem...trip pacas...rs...bom, mas são as quebras de estéticas convencionais e coisa e tal...vale o pioneirismo desses exprimentos...não é isso?

abraçsons

Paul Constantinides disse...

sem duvida pituco, é isto mesmo....não vale apenas o pionerismo..tbm o momento em que foi feito conta muito.

abs
paul