25/08/2010

CHORO PORQUE CHORO (01)

(O Flautista, Candido Portinari)


O Choro é um gênero musical surgido provavelmente nas ultimas duas décadas do século 19. È correto se dizer que o surgimento desta musica teve como fator de decorrência inicial a vinda da família real portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808 e depois quando em 1815 transformou a cidade em Capital do Reino Unido de Algarves e Portugal. Esta fato alavancou uma mudança urbana e cultura no Rio. Neste periodo, transferiu-se para cidade uma comunidade artística que introduziu no país instrumentos musicais como o piano, o clarinete, o saxofone, o violão e o bandolim. Além disto, paralelamente, começaram a se popularizar as musicas europeias como a valsa, o minueto e a polca. E ainda, por outro lado, a musica africana, através dos escravos negros era promovida através de bailes como o Xolo (muitos acreditam que daí venha o nome Choro) e do ritmo Lundu.
Os ritmos locais e os europeus de certa forma se fundiram num dado momento do século 19, certamente em rodas musicais de boêmios e graças ao talento de musicos locais que souberam captar esta possibilidade. Assim, o Choro se transformou, surgiu, ganhando formato delicado, rompante, melódico e sensual. Este ritmo, então, começou a ganhar as casas de espetáculos e de apresentações musicais, assim como conservatórios musicais.
Inicialmente o Choro era entendido como uma forma de se tocar a musica e não como um gênero musical.
De 1870 existem registros de grupos musicais chamados de “Regionais” que acompanhavam cantores e tinha sua formação com flauta, violão, bandolim, cavaquinho e tamborim. Neste período, tem papel importante o flautista e compositor Joaquim Antônio da Silva Calado (Rio de Janeiro, 1848-1880). Calado era um professor de flauta no Conservatório Imperial do Rio de Janeiro e tocava nas casas cariocas apresentando-se com um grupo chamado “O Choro do Calado”. A composição de Calado, “Flor Amorosa” (publicada em 1880) é considerada como um dos marcos iniciais do surgimento do Choro. O Choro é pioneiro quando se trata de musica urbana brasileira, ou seja, um dos primeiros estilos musicais então surgidos em urbers no Brasil, sendo original. Tem tradição instrumental e vale notar a influência que teve no surgimento do samba. Também é interessante notar que o Choro surgiu antes do Jazz nos Estados Unidos. Desde o seu surgimento foram muitos os músicos que se destacaram e conduziram o Choro e deram a ele a possibilidade de se transformar e ter ainda hoje uma presença importante na Musica Brasileira. Nesta série se apresentará expressivos músicos de Choro e sua musica inspiradora.


Escute o considerado primeiro Choro, de Joaquim Calado, “Flor Amorosa”, que teve sua primeira gravação em 1902, na Casa Edson, pelo irmão Eymar, grupo composto por clarinete, requinta, tuba e flauta. A gravação que se ouve aqui é de 1977, levada pela flauta de Altamiro Carrilho.

“Flor Amorosa”, Altamiro Carrilho (1977)


O poeta Catulo da Paixão Cearense (Sáo Luiz do Maranháo, 1863-1946) posteriormente, fez uma letra para o Choro de Calado. Escute aqui a versão cantada de “Flor Amorosa” com o conjunto vocal Flor Amorosa formado pelas irmãs Rosana, Vera e Lurdinha Mancini e Anna Maria Machado. A gravação é de 2003.

“Flor Amorosa”, Grupo Flor Amorosa (2003)



Flor amorosa
(polca, choro, 1880)
Música de Joaquim Antônio da Silva Calado e letra de Catulo da Paixão Cearense

C-------- G------- -G7b------ -C3b----- C----- G3b--- G
Flor amorosa, compassiva, sensitiva, vem porque
C- C#° Dm7- Fm C Am--- Dm7----- G7----- C ----G

Versão cantada
É uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa
---------------G-------- G7b----------- C3b--- C-- G3b-- G
Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor
C-- C#°--------- Dm7- Fm ----C -Am-- Dm7-- G7-- C ---E7/5b
Oh, dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor
-------------Am----------------- Dm
Em uma taça perfumada de coral
Dm7b--- Bm5-/7 E7 ----Am
Um beijo dar não vejo mal
E7------ Am------------ A7-------- Dm
É um sinal de que por ti me apaixonei
----------------Am------- B7/9 E7 Am E7 Am
Talvez em sonhos foi que te beijei
------------Am------------------------ Dm
Se tu pudesses extirpar dos lábios meus
Dm7b-- Bm5-/7 E7------- Am
Um beijo teu tira-o por Deus
E7--------------- Am------------------- Dm
Vê se me arrancas esse odor de resedá
Bm5-/7 ---------Am7------ B7/9- -E7 Am G C
Sangra-me a boca, é um favor, vem cá
F ------------------(Gm7 C7)
Não deves mais fazer questão
----------------------------F
Já perdi, queres mais, toma o coração
--------------------------Am
Ah, tem dó dos meus ais, perdão
B7/9- ----------E7
Sim ou não, sim ou não
Am------------ Gm --C7---- F
Olha que eu estou ajoelhado
--------------------(Gm7 C7)
A te beijar, a te oscular os pés
------------------------------F
Sob os teus, sob os teus olhos tão cruéis
Dm---------------- A#------- B°
Se tu não me quiseres perdoar
---------F----- Em----------Gm---- C7 --F-- G
Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar
-----------------G -----------G7b--------- C3b
Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim
C ---G3b--- G
A mim, a mim
C -C#° -------Dm7-- Fm--- C
Oh, por que juras mil torturas
Am ----Dm7-- G7 -----C ---G
Mil agruras, por que juras?
-----------G------------ G7b --------C3b------ C --G3b G
Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê
C -C#° ------Dm7 -Fm --C --=-Am---- Dm7
Só por um beijo, um gracejo, tanto pejo
-G7-------- C
Mas por quê?

6 comentários:

fernanda disse...

ai, quanto tempo não passava nessa rua............ de nome muzamusica, num dia bom, de ouvir um bom chorinho e fiar com vontade de baixar mais músicas a conhecer!
beijos Paul!

Paul Constantinides disse...

valeu fernadinha.
sempre benvinda aqui.
adoro o seu blog.
abs
bjs
paul

pituco disse...

grande paul,

por isso esse é um blogaço bacanudo na web...muitas e muitas estórias de música...e brasileira

abraçsons e tô curtindo o som

Paul Constantinides disse...

pituco
muito obrigado amigo virtual.
tá valendo meu caro pituco, embaixador da musica brasileira no Japão.

abs
paul

Érico Cordeiro disse...

Excelente a postagem, meu caro Paul! O choro é o nosso jazz!
E o Catulo da Paixão Cearense é, na verdade, maranhense.

Paul Constantinides disse...

é verdade èrico, o catulo é maranhense...q paixão cearense tomou o coração deste poeta hen?
uma johia rara ai de sua terra meu caro.
abs
paul