"Jacob do Bandolim tem a mesma importância de Segóvia para o violão." (Pedro Amorim, bandolonista e compositor)
JACOB DO BANDOLIM
(1918 - 1969)
Muito do que o bandolim significa hoje na musica brasileira contemporânea deve-se ao talento e a criatividade de Jacob Pick Bittencourt, o Jacob do Bandolin (Rio de Janeiro, 1918-1969).
Filho de uma jovem polonesa casada com um capixada, Jacob, filho único, viveu uma infância solitária onde o som do violinista cego que vivia no andar de baixo de sua casa o seduzia. Aos sete anos ganhou um violino da mãe, porem abandonou o arco e sem muito sucesso tentava dedilhar as cordas do instrumento. De tanta persistência com o violino a família decidiu lhe dar um bandolim italiano que Jacob aprendeu a tocar sozinho. Narra o compositor que aos 12 anos de idade ouviu numa das ruas das Lapa, bairro onde vivia no Rio de Janeiro, a execução de “É o que Há”(Luis Americano) e desde então nasceu sua paixão pelo Choro que jamais acabou durante sua, relativamente, curta existência.
Aos quinze anos Jacob começou a tocar em rádios, organizou por um curto período o Grupo do Sereno e depois o Jacob e Sua Gente (com Valério Farias e Osmar Menezes nos violões, Carlos Gil no cavaquinho, Manuel Gil no pandeiro e Natalino Gil na percussão). Com este grupo o nome de Jacob começou a se consolidar como o de um promissor instrumentista no início dos anos 30.
Juntamente com a musica Jacob exerceu a atividade de farmacêutico, vendedor de material elétrico; foi dono de duas farmácias e um laboratório. No inicio dos anos 40 conheceu o violinista Benedito Cesar Ramos de Faria com quem passaria a tocar horas a fio e teriam até o fim da vida uma intensa amizade tocando juntos no grupo de Jacob o Época de Ouro. Benedito Cesar Ramos de Faria , pai de Paulinho da Viola.
Jacob é responsável por diversas entradas e arranjos de gravações feitas pela Continental e RCA Victor nos anos 40 e 50. Foi importante neste sentido nas gravações de Ataulfo Alves. Tocou por diversas ocasiões com Pixinguinha, tocou com o Regional de Canhoto, teve em certo momento de sua carreira uma sadia rivalidade com Waldir Azevedo, autor de “Brasileirinho”.
Casado e pai de dos filhos, sendo que um deles se tornaria um polêmico jornalista nos anos 60/70 (Sergio Bittencourt), Jacob buscou num emprego publico, como escrevião de justiça, a solidez econômica que a musica não lhe dava. Mas jamais abandonou a musica, mesmo num período em que o choro se tornou pouco atraente para o mercado fonográfico e para a mídia em geral, Jacob não abandonou o gênero e ainda, deixou um repertório precioso e peculiar por seu estilo lírico e requintado, onde o virtuosismo instrumental tem uma suprema importância e imponência.
Não é a toa que Radamés Gnatalli certa vez declarou: “Jacob toca Jacob, os outros tocam bandolim.”
Outro fato importante na vida de Jacob foi sua devoção a obra de Ernesto Nazareth a quem dedicou importantes versões trazendo-as das, então, usuais versões piano-clássicas, para o calor dos regionais.
Nos anos 60, Jacob gravou um belíssimo album “Vibrações” onde reuniu um grupo requintado de velhos amigos musicais, o Época de Ouro.
Na contracapa deste disco Jacob se auto apresenta como “Jacob: Jacob Pick Bittencourt, estudante de bandolim desde 1933 (que perseverança!) perito contador, escrivão de Justiça Criminal da GB e escapulido do primeiro enfarte quando interpretava o “Lamento” de Pixinguinha, o que valeu a pena”.
Formavam o Época de Ouro: O Dino, Horondino Jose da Silva (violão de 6, 7 ou mais cordas); o Cesar, Benedito Cesar Ramos (harmonizador, violão); Jonas, Jonas Pereira Silva (cavaquinho, o centro); Gilberto, Gilberto D’Avila (pandeirista, segurança e tranquilidade) e Jorginho, Jorge Jose da Silva (ritmista, ouvido apurado).
Em 1968 Jacob faria um memorável show na Praça Tiradentes ao lado de Elizeth Cardoso e do Zimbo Trio, que felizmente foi gravado sendo hoje propriedade do Museu de Imagem de Som do Rio de Janeiro. O lançamento do disco gerou um grande entrevero entre as gravadoras de Elizeth (Copacabana), de Jacob (RCA) e do Zimbo Trio (RGE). Porem o album foi lançado.
No dia 13 de agosto de 1969, um domingo, voltando de uma visita ao seu ídolo e amigo Pixinguinha, Jacob teve na varanda de sua casa um segundo e fatal enfarte.
Seu legado musical depois de 40 anos ainda vibra e se faz marcante na musica brasileira.
“Noites Cariocas” (Jacob do Bandolim), Jacob do Bandolim, 1962
“Assanhado” (Jacob do Bandolim) , Jacob do Bandolim, 1961
“Nostalgia” (Jacob do Bandolim), Jacob do Bandolim, 1951
“Alvorada” (Jacob do Bandolim), Jacob do Bandolim, 1955
“O Voo da Mosca” (Jacob do Bandolim), Jacob do Bandolim, 1962
“Doce de Coco” (Herminio Bello de Carvalho/Jacob do Bandolim), Jacob do Bandolim, 1951
“Floraux” (Ernesto Nazareth), Jacob do Bandolim, 1967
4 comentários:
Salve Paul que permanece em Jacareí! Delícia ouvir o bandolim do Jacob, curtindo o frio repentino que abraçou Rio Grande! Saudades, amigo!
q beleza Lud.
q tudo esteja certo ai na sua mudança pro Rio Grande....ventos sulinos...belas fotos no seu blog.
viva o Jacob...mestre do bandolim.
abs
paul
paul,
hehehe...só agora percebi tua nova postagem, que já não é tão nova assim...rs
bom,
curto pacas o jacob...e por causa do famoso disco com a elizete cardoso e o regional...que furei de tanto ouvir quando era adolescente...bons tempos
valeô a dica sempre
abraçsons
bons tempos mesmo pituco
jacob é um belissimo musico.
abs
paul
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