24/02/2010

Saudosas Bolachas (04/1973)

03 Divas em 73

No ano de 1973, três cantoras marcantes da musica brasileira pavimentam a trilha da musica brasileira com talento, visão, sensibiliade e tato.

ELIS REGINA
ELIS (1973)

Elis Regina mergulha nos arranjos de Cesar Camargo Mariano e faz um disco ressonante, equilibrado e envolvente. Traz musicas inéditas, então, da dupla João Bosco/Aldir Blanc e outras de Gilberto Gil. A voz da cantora ganhava soltura e sobrevoava magna sobre a trilha dourada da musica brasileira.


“Oriente”(Gilberto Gil)

“Agnus Sei”(João Bosco/Aldir Blanc)

“É Com Esse Que Eu Vou”(Pedro Caetano)



MARIA BETHÂNIA
DRAMA 3.ATO (1973)


Maria Bethânia em 73 se envereda descalça, filha da natureza, buscando o Brasil de todas as cores e matizes, da vila do pescador a pesada urbe.
Bethânia se esfarelando em pedaços luminosos, raiando sobre as canções que traz em seu bojo cantante de traços modernos e cintiliantes. A voz de Bethânia destoa o Brasil de si mesmo, uma figura resplandecente nos anos 70. Ai então, tornando-se senhora.
Drama é um disco gravado ao vivo

“Baioque”(Chico Buarque de Holanda)

“Como Vai Você”(Mario Marcos/Antonio Marcos)

“Drama”(Caetano Veloso)



GAL COSTA
INDIA (1973)


Sensualidade; brasilidade pop e pós-tropicalista.
Gal Costa em 1973 grava o álbum “India” que já traz na capa o espírito libertário daquele momento e ainda as tendências musicais desta cantora que ampliava o conceito de abraçar toda a brasilidade possível, dentro de um contexto “moderno”; com seu canto sofisticado, sensível e afinadíssimo. De Lupicínio a Caeatano, trazendo o inédito Luiz Melodia.
Gal em 73 brilhava como um sol entre as galáxias de estrelas reluzentes, perdidas e cadentes.

“India”(J.Assuncion Flores)

“Presente Cotidiano”(Luis Melodia)

“Volta”(Lupicinio Rodrigues)



“BONNUS TRACK”


Em 73 no album Phono73: Um Canto de Um Povo, temos o delicioso dueto de Gal com Maria Bethania antevendo algo que se daria cinco anos depois com os Doces Barbaros.

“Oração da Mãe Menininha”(Dorival Caymmi)
Cantam Gal Costa e Maria Bethânia.


19/02/2010

Tetê Espíndola

A CANTORA DAS ESTRELAS


Tetê Espíndola é uma cantora extraordinária. Dona de uma voz envolvente e elástica, que alcança com extrema facilidade tons agudos e mantém-se neles com naturalidade; e ainda, volta repousando graciosamente em tons mais graves.
Sua voz lírica, inicialmente, ela emprestou ao canto regional, da musica pantaneira de seu Mato Grosso.
Foi no seio de sua família que Tetê encontrou seus primeiros parceiros musicais, sua irmã Alzira e seus irmãos Geraldo e Celito. Juntos formaram o “Lírio Selvagem”. O Lírio, no final dos anos 70, como shows e o disco “Tetê e o Lírio Selvagem” (1978) fez o talento de Tetê e de seus irmãos serem conhecidos pelo resto do Brasil. Mas foi em São Paulo onde Tetê obteve maior ressonância. Lá ela iniciou sua carreira solo, gravou seu primeiro disco solo (“Piraretã” /1980), se associou com a Banda Sabor de Veneno, de Arrigo Barnabé e gravou o clássico álbum “Clara Crocodilo” (1981/Arrigo Barnabé e a Banda Sabor de Veneno).
Foi com “Pássaros da Garganta” (1982), um disco marcante, do período dos Discos Independentes em São Paulo, nos anos 80; que a música de Tetê ganhou maior projeção nacional. Neste período ela ganhou o Festival dos Festivais /TV Globo , 1985, com “Escrito nas Estrelas”( Carlos Rennó e Arnaldo Black)
Assim como seu canto, sua tendência musical também se fez elástica fazendo dela uma cantora que canta o regional, o pop e que se associa ao experimentalismo e a pesquisa.
Tetê canta um clássico sertanejo como “Sertaneja” (Rene Bittencourt), a musica do Xingu ou a música polidiomática e polionomatopética do francês Philippe Kadosh com o mesmo envolvimento passional.
Este caráter contemporâneo na obra de Tetê, com dezoito álbuns gravados, faz dela uma cantora especial, dona de um brilho intenso, singular e vibrante no cenário da musica brasileira.
Leia a pequena entrevista que fiz com a cantora neste último janeiro e escute algumas de suas canções.



Quando e como você começou a cantar?
- COMECEI A CANTAR DENTRO DA BARRIGA DA MINHA MÃE ALBA ,ELA SEMPRE CONTAVA ISSO , NASCI DE 10 MESES.DESDE PEQUENA FAZIA UM SOM CONSTANTE TIPO UMA NOTA SÓ AGUDA E TINHA O APELIDO DE DISQUINHO...CANTAR MESMO SÓ A PARTIR DOS 8 ANOS.

“Cuiabá”(Tetê Espíndola/Carlos Rennó)


Quando te vi cantar pela primeira vez, alėm da apreciação me veio a pergunta : como ela consegue? Você ė uma cantora que consegue alcançar tons agudos e afinados e manter-se neles por um tempo que poucos conseguem. Esta condição por exemplo, fez com que o poeta Augusto de Campos comentasse que você tem “pássaros na garganta”.
Eu repito a pergunta: como voce consegue isto?
ISSO PRA MIM É TÃO NATURAL. MAS É CLARO QUE COM O TEMPO A GENTE VAI LAPIDANDO A TECNICA .UMA COISA IMPORTANTE É O CONTROLE DO AR E A EMISSÃO DA VOZ .TENHO PRATICADO MEUS EXERCICIOS COM O CANTO DOS PASSAROS.

Ainda sobre sua voz. Você já passou por alguma dificuldades vocais? Que cuidados você tem que tomar em relação a sua voz, TT?
É CLARO QUE QUANDO SE PEGA UMA SINUSITE É COMPLICADO POIS A GENTE FICA AFÔNICA É UM HORROR.MAS EU ME CUIDO BASTANTE PRA QUE A MINHA RESISTENCIA NÃO CAIA ME ALIMENTO BEM TOMO PROPOLIS E MUITA AGUA E FAÇO ALONGAMENTOS ...

Você transita com muita facilidade entre o tradicional e o que ė de vanguarda/experimental, como este processo se dá em você?
JÁ FAZ PARTE DA MINHA PERSONALIDADE, PRA EU ME SENTIR INTEIRA TENHO QUE AGITAR OS DOIS LADOS DA MINHA MUSICA QUE SEMPRE FOI A RAIZ E O EXPERIMENTALISMO.

Como foi a viagem do “Lirio Selvagem”?
AS COMPOSIÇÕES ESPECIAS DO GERALDO ERAM AS MINHAS PREFERIDAS TINHAMOS UM VOCAL DE SANGUE QUE ERA SÓ ABRIR A BOCA E JÁ ESTAVA TUDO NO LUGAR EU SEMPRE NA OITAVA . Foi um difícil começo? COMO GRUPO FOI DIFICIL POIS NÃO TINHAMOS AINDA UMA ESTRUTURA EM SP PRA SEGURAR A “BARRA” E A ARTE DE CADA UM QUE ESTAVA BROTANDO COM MUITA FORÇA.

“Bem-Ti-Vi”(Geraldo Espindola) Lirio Selvagem (1978)


Ter trabalhado com seus irmãos teve um significado especial?
SIM APRENDI A REPARTIR O TALENTO E SUCESSO POIS SOMOS UMA FAMILIA MUITO UNIDA

Houve nesta formação familiar alguma influência ancestral?
DE UM LADO A MUSICA CLASSICA PELAS MÃOS DOS MEUS TIOS TRIGEMEOS NO PIANO ,O GOSTO PELO CANTAR DA MINHA MÃE E DO OUTRO O GOSTO PELO VIOLÃO E RITMOS PARAGUAIOS E PANTANEIROS.

Técnica ou emoção, o que te canta mais alto?
MUITA EMOÇÃO MAS UM POUCO DE TECNICA SEMPRE AJUDA

“Cio da Terra”(Milton Nascimento/Chico Buarque)(Piraretã/1980)


Quem vc considera a sua maior influência? Teve alguma cantora que para vc é uma importante referência?
ELIS COMO CANTORA ERA SEMPRE UM APRENDIZADO SINTO MUITA FALTA DELA.

TT, vc surgiu num período peculiar e bastante criativo da canção brasileira,
durante os 70; e que se manteve dentro de um processo de produção independente.
Como foi sua experiencia no inicio dos anos 80 (Vanguarda Paulista)
como foi pra vc este periodo, esta coisa da produção independente,
da qualidade musical x gravadora.....
EU VINHA DA EXPERIENCIA COM GRAVADORAS MULTINACIONAIS NO FIM DO ANOS 70. GRAVEI “TETÊ E O LIRIO SELVAGEM” E “PIRARETÔ. FOI BOM , MAS QUERIA DOMINAR O CONTEÚDO, OS ARRANJOS ,EXERCER MINHA VISÃO ARTISTICA. A INDUSTRIA CLARO SEMPRE TINHA UMA VISÃO MAIS COMERCIAL. ENTÃO TIVEMOS ESSE IMPORTANTE MOVIMENTO CULTURAL EM SÃO
PAULO, CONHECIDO POR MUITOS COMO , MÚSICA INDEPENDENTE OU DE VANGUARDA. O LIRA PAULISTANA, CASA DE ESPETÁCULOS “CULT” E DE MÚSICA ALTERNATIVA DA ÉPOCA,FOI UM ELEMENTO IMPORTANTE QUE AGIU COMO FORÇA AGREGADORA E INCENTIVADORA DA NOSSA GERAÇÃO. OS INDEPENDENTES, FOMOS ASSIM CHAMADOS, PORQUE HAVIA UM RECONHECIMENTO IMPLÍCITO DA CRÍTICA ESPECIALIZADA, DE QUE AQUELA MINHA GERAÇÃO DE ARTISTAS BUSCAVA MODELOS ALTERNATIVOS PARA REALIZAR SEUS DISCOS, RESPEITANDO ACIMA DE TUDO A VONTADE DE INOVAR E TRILHAR NOVOS CAMINHOS MUSICAIS. ESSAS EXPERIÊNCIAS RENOVADORAS QUE NÃO ENCONTRAVAM ESPAÇO NA RÍGIDA ESTRUTURA COMERCIAL DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA. ENTÃO COM MUITA AJUDA, COM FORÇA DE VONTADE E GARRA, GRAVÁVAMOS NOSSOS DISCOS: ASSIM FOI COM PASSAROS NA GARGANTA E MUITOS OUTROS QUE VIERAM EM SEGUIDA. MUITA GENTE CONSEGUIU COM ISSO “ BOTAR O BLOCO NA RUA”

“Longos Prazeres de Amor”(Celito Espindola) (Pássaros na Garganta/1982)


Como vc vê o panorama da musica brasileira produzida hoje?
ESTOU PRESENCIANDO UM NOVO MOMENTO NA MUSICA BRASILEIRA GRAÇAS AO MEU FILHO DANI BLACK COMPOSITOR INTRUMENTISTA E CANTOR,QUE FOI O VENCEDOR DO FESTIVAL DE AVARÉ DE 2009. CONVIVO COM TODA A SAFRA DE NOVOS COMPOSITORES E INTERPRETES ATUAIS QUE FAZEM PARTE DESSA GERAÇÃO QUE ESTÁ EM PLENA FLORAÇÃO.PRA CITAR ALGUNS, ADORO PEDRO ALTÉRIO,TÓ BLANDINEONE,VINICIUS CALDERONI,TATIANA PARRA E DANI GURGEL.
E DOS CONSAGRADOS AINDA ACHO O LENINE O MAIS INTERESSANTE COMO CRIADOR.

Como foi que se deu seu envolvimento com o trabalho de Arrigo Barnabé, e o que você pode nos dizer de seus dois discos feitos com Philippe Kadosch? O “VOZVOIXVOICE”(2001) e o recente “BABELEYES” (2009)?
TER ME ENVOLVIDO COM A MUSICA DE ARRIGO FOI UMA EXPERIENCIA FUNDAMENTAL PRA MINHA CRIAÇÃO ISSO FOI EM 1980 QUANDO ELE ME CHAMOU PRA FAZER UMA PARTICIPAÇÃO NA BANDA SABOR DE VENENO E DEPOIS VEIO O MP SHELL QUE ETERNIZOU LONDRINA NO MEU REPERTORIO.

“Diversões Eletrônicas”(Arrigo Barnabé/Regina Porto) (Clara Crocodilo/1980)
Voz Masculina : Arrigo Barnabé, Vocais femininos : Tête Espindola, Vânia Bastos e Suzana Salles.


FOI O ARRIGO QUEM ME APRESENTOU KADOSCH, ISSO FOI EM 1990 E PROPUS PRO KADOSCH EM FAZER UM TRABALHO SÓ COM A MINHA VOZ EM 1998 E ELE MUITO TALENTOSO FEZ ACONTECER O VVV .FIZEMOS MUITOS SHOWS NA EUROPA. ESSE CD AINDA É O MEU PREFERIDO, UMA EXPERIêNCIA MARAVILHOSA. “BABELEYES” JÁ FOI UMA PROPOSTA DELE E EU ACEITEI E FOI UM DESAFIO QUE VALEU A PENA POIS O SHOW FOI LINDO EU CRESCI MUITO COMO INTERPRETE. ESTAMOS LOUCOS PRA FAZE-LO DE NOVO,SÓ QUE DIFICULTA UM POUCO MORARMOS EM PAISES TÃO DISTANTES...

Tetê canta Phillipe Kadosh (Babeleyes/2009)




Seu trabalho com sua irmã Alzira E , o “Anahí”, remete as Irmãs Galvão e vcs juntas obtem uma sonoridade vocal forte e expressiva. É uma experiência que vcs pretendem repetir? Aliás, qual foi a receita de seus pais em terem duas filhas que cantam tão bem? NA VERDADE ESSE TRABALHO FOI INSPIRADO NUMA DUPLA MAIS ANTIGONA “CASCATINHA E INHANA”QUE NA EPOCA FOI A NOSSA REFERENCIA.AS NOSSAS BRINCADEIRAS DE CRIANÇA A NOSSA INSPIRAÇÃO E O FATO DE CADA UMA TER UMA VOZ TÃO OPOSTA QUE SE COMPLETAM É A NOSSA CURTIÇÃO ALÉM DE UMA PROFUNDA ADMIRAÇÃO MUTUA.


“Galopeira”( Maurício Zayas, Cardoso O. Campo Versão: Pedro Bento) (Anahí/1998) Alzira e Tête Espindola.


MEUS PAIS USARAM A MESMA RECEITA MISTERIOSA PRA PRODUZIR TAMBEM MAIS CINCO VOZES MASCULINAS QUE SÃO NOSSOS MANOS ,HUMBERTO SERGIO GERALDO CELITO E JERRY, BASTA OUVIR O CD ESPINDOLA CANTA. DE ALGUMA FORMA ESTOU DANDO CONTINUIDADE A PARCERIA COM ALZIRA NO SHOW “MUSICA PANTANEIRA”DEEM UMA OLHADA NOS VIDEOS DO YOUTUBE QUE TAMBEM TEM JERRY LUCINA E UMA SUPER BANDA.

http://www.youtube.com/watch?v=hCI9c9NvDpA
http://www.youtube.com/watch?v=Q4zf3pIEMns
http://www.youtube.com/watch?v=1kCbcGJCZ1I
http://www.youtube.com/watch?v=mH2atbHomBU

Teu trabalho tem uma referência ecológica em vários momentos. Eu gostaria de saber se você realmente tem uma preocupação ambiental e que questão ambiental mais lhe concerne?
ADORO A NATUREZA COMO UM TODO, DO MACRO AO MICRO. ACHO QUE NOSSO PLANETA ESTÁ SE REBELANDO POR ESSE MALTRATO QUE NÓS OS “CIVILIZADOS” TEMOS PROPORCIONADO DURANTE MUITO TEMPO.
ME PREOCUPA “O AGORA EM DIANTE” POIS TENHO FILHOS E PRETENDO TER NETOS. POR ISSO USO O MEU AGUDO PRA ME REBELAR E ABRIR OS OUVIDOS DE QUEM FOR. MAS QUE SEJA EM PROL DA RESERVA NATURAL DO PLANETA.

“Na Chapada”(Tetê Espíndola/Carlos Rennó)(Canção do Amor/1996)


Quais são seus projetos para 2010? Novo disco a vista?
TENHO SIM UM PROJETO DAS MINHAS COMPOSIÇÕES NA CRAVIOLA EM PARCERIA COM MINHA AMIGA QUERIDA MARTA CATUNDA .CHEGOU A HORA DE MOSTRAR A NOSSA IDEIA COMO UM TODO. MAS PARALELO A ESSE PROJETO TÃO INTIMO PRETENDO DAR CONTINUIDADE PRO SHOW MUSICA PANTANEIRA E A EXPEDIÇÃO AGUA DOS MATOS QUE SE PREOCUPA MUITO COM O COMUNITARIO E É CLARO AO BABELEYES E SUAS LINGUAS VIRGENS.

“Relógio da Paulista”(Passoca/Guga Domenico) (Só Tête/1994)



TT, para finalizar: o que está escrito nas estrelas?
A MINHA ETERNA VONTADE DE CANTAR CADA VEZ MAIS,SEM FRONTEIRAS .

Tête na final do Festival dos Festivais (1985)


16/02/2010

Reflexões sobre um Carnaval Inacabado


Reflexões sobre um Carnaval Inacabado
(paul constantinides)

Olho a sombra do meu corpo sobre a calçada remendada
Meu sonho pequeno se estende num varal imaginário
Não tenho perplexidade, não a ganhei com a idade
Queria ser invisível como a ar que nos agrega
Ou vago como, ao que nos cerca, o espaço
Não consigo ser, sequer seguir sozinho
Ser a flor morta que bóia nas ondas
Ser levado por um delírio coletivo
Um rio de confetes
Um rio
O rio

16.02.2010

“Samba-Canção” Samba em 03 Andamentos (Radamés Gnatalli)


12/02/2010

grito de carnaval

Domingo passado fotografei o Baile da Carnaval da 3ª. Idade da cidade de Jacareí.

Marchas antigas e gente se divertindo a valer ao sabor destas canções tocadas por uma eficiente banda de sopro, percurssão, piano elétrico, violão e voz.

Ares fellinianos e muita empolgação.

É carnaval no Brasil!

Marchas :

“Taí” (Jobert de Carvalho) canta Lolita Franco

“Andorinha” (Silvio Caldas) canta Dalva de Oliveira e Francisco Alves

“Chik Chik Bum” (Antonio Almeida) canta Vassourinha.



09/02/2010

Adeus Pena Branca

Tirando o chapéu, pagando os respeitos a esta excelência musical.


PENA BRANCA
(1939-2010)

Caipira, é sempre bom lembrar, é um termo de origem indígena surgido em São Paulo no século XVI.
Caipira : Kaai Pira ( O que vem de longe)
Este termo utilizado para denominar os colonos portugueses , nas planícies paulistas, foi sendo apropriado pelos próprios e quando, com o passar do tempo, a musica de viola, da dupla de viola, tornou-se expressiva nesta região; ganhou o nome de Musica Caipira.

A musica Caipira perdeu neste dia 08 de fevereiro uma voz doce e pausada que deu tanto valor e tanto lume ao que cantava.
Pena Branca (Jose Ramiro Sobrinho), nos deixa, vitima de um enfarto cardiaco.
Junto com seu irmão Xavantinho (Ranulfo Ramiro da Silva), que faleceu em 1999, formava uma dupla expressiva e de grande qualidade interprativa.
No mundo das duplas caipiras/sertanejas; o nome Pena Branca & Xavantinho ocupa um ponto de destaque na imensa constelação de valorosos artistas.
Som Brasil. Som da Terra. Raizes da Terra. Musica de Viola.
Quem já passou a tarde deitado numa rede, na varanda de uma casa na beira de uma estrada de terra, onde os cachorros latem quando passa um carro, onde o dia passa mais devagar que os pingos despencados de uma bica de pia, onde as nuvens passam esquecidas e se ouve uma constante sinfonia de grilos e pássaros. Quem já sentiu sensação assim, que já viveu num canto do mundo; sem luz elétrica, a custo de um lampião e das águas quentes vindas do fogão a lenha, sabe o valor que a musica que Pena Branca cantava tem.


“Cuitelinho” (Paulo Vanzolini / Antônio Xandó)

“Encontro de Bandeiras” (Pena Branca e Xavantinho)

“O Cio da Terra” (Milton Nascimento/Chico Buarque), participação de Milton Nascimento

“Vaca Estrela e Boi Fubá”(Patativa do Assaré)

06/02/2010

DISCÃO

Gravado na primavera de 72.
Curtido desde o verão de 73

CAETANO E CHICO
JUNTOS E AO VIVO

Gravado ao vivo em precárias condições, durante duas apresentações feitas nos dias 10 e 11 de novembro de 1972, no Teatro Carlos Gomes, Salvador, Bahia; “Caetano e Chico Juntos e Ao Vivo” é um disco antológico.
Mesmo que tenha falhas técnicas, o disco traz a tensão, a euforia e uma certa transcendência do momento que se vivia.
Dois compositores distintos, com propostas distintas dividiam o palco e associavam-se num claro intento de desenhar e demonstrar o que a musica brasileira era e é, senão o canto de um pensamento, o canto de uma emoção, senão um banco, uma voz e um violão, um grito retratado com poética precisão.
“Caetano e Chico Juntos ao Vivo” é um discão.
Gravado em 72, tocado em muitas vitrolas no anos seguintes. De 73 em diante.

Cena: Dois jovens fumam um baseado no interior de um pequeno apartamento em Pinheiros. Ano: 1979. “O que deu o que dá/ O Que Deus dará o Nega....”risca na pequena vitrola colocada no chão. Janela aberta e o céu se repartindo em trihas.
Anos 70.
Amém.

Ouça o disco na integra.

“Bom Conselho”(Chico Buarque)

"Partido Alto" (Chico Buarque)

"Tropicália" (Caetano Veloso) – 3:30

"Morena dos Olhos d'Água" (Chico Buarque) – 2:32

"A Rita"/"Esse Cara" (Chico Buarque / Caetano Veloso)

"Atrás da Porta" (Chico Buarque, Francis Hime)

"Você Não Entende Nada"/"Cotidiano" (Caetano Veloso / Chico Buarque)

"Bárbara" (Chico Buarque, Ruy Guerra)

"Ana de Amsterdam" (Chico Buarque, Ruy Guerra)

"Janelas Abertas Nº2" (Caetano Veloso)

"Os Argonautas" (Caetano Veloso)



03/02/2010

Divas de Outrora (03)

DÓRIS MONTEIRO

Adelina Dóris Monteiro é o nome desta diva nascida no Rio de Janeiro em 1934.
Dóris Monteiro iniciou sua carreira aos 14 anos de idade, cantando fados no programa Papel Carbono da Rádio Nacional em 1949. Em 51 foi contratada pela Radio Tupy onde permaneceu por oito anos.
Neste ano gravou o seu primeiro disco já registrando sua voz afinada e melódica e cantando regularmente no Copacabana Palace.
Cantora romântica tinha em seu repertório modinhas, sambas e boleros. Seu primeiro sucesso foi a romântica “Fecho Meus Olhos, Vejo Você” (José Maria de Abreu) e o samba-canção “Se Você Se Importasse” (Peterpan).
Dóris neste período se apresentava nas rádios e nas casas noturnas acompanhadas de sua mãe e um alvará dos Juizados de Menores. Ela tinha apenas 16 anos.
Considera-se Dóris como uma das precursoras, junto com Carmem Costa, de um estilo “diseuse” de cantar; isto é cantar num estilo confidente, proveniente da França.
O estilo de Dóris tornava suas canções ternamente envolventes.

É interessante observar na capa de um de seus primeiros álbuns “Minhas Musicas” (1954) o ar intelectual que lhe confere a foto da capa, sentada no chão, segurando um livro aberto, com uma expressão pensativa.
Ela se casou em 54 com Carlos Rui Meneses, ano em que gravou seu primeiro disco pela Continental (Vento Soprando) onde grava “Joga Rede No Mar” (Fernando Cesar/Nazareno Brita).
Em 56 grava “Mocinho Bonito” (Billy Blanco) que se torna uma das musicas mais marcantes de seu repertório; e neste mesmo ano consagra-se como a Rainha do Rádio, prêmio concedido tradicionalmente pela Rádio Nacional as melhores cantoras.
Dóris gravou várias Bossas e passou entre os anos 60 e 70 mantendo o estilo samba canção, abraçando novas tendências com sua usual delicadeza vocais.

Dóris atuou também como atriz e no cinema participou de filmes como “Agulha no Palheiro” (1952), que lhe rendeu prêmio de Melhor Atriz. Foi dirigida por Carlos Manga em “De Vento em Popa” e por Lulu Barros em “Tudo é Musica”
Na musica, com mais de 40 discos gravados de 1951 a 1981, vale ainda destacar a série de álbuns em dueto com Miltinho (70, 71,72) e outro com Luis Alves derivado de um show do projeto Pixinguinha (1978).
Dóris atualmente ainda se vê requisitada para entrevistas, depoimentos e apresentações. È a memória viva de um período significativo da musica brasileira e sua obra é um retrato deste momento feito com lirismo, estilo e suavidade.
Dóris Monteiro a Diva de Outrora que ainda resplandece.


“Se Você Se Importasse”(Peterpan), 1951

“Faça de Conta”(Fernando Cesar), 1957

“Cigarro Sem Batom”(Fernando Cesar),1956

“Mocinho Bonito”(Billy Blanco), 1957

“Bate um Sino Alem” (Alberto Ribeiro/José Maria de Abreu)

“Coqueiro Verde”(Roberto e Erasmo Carlos), 1970

“O Amor e a Rosa/Guardei a Rosa”(Antonio Maria/Pernambuco), Dóris e Miltinho, 1972.

“De Conversa em Conversa”(Haroldo Barbosa/Lucio Alves)


Dóris Monteiro no Tenis Clube do Rio de Janeiro, em 2007.