03/04/2011

O JAZZ BRASILEIRO / 01

O Jazz e o Brasil

O Jazz é um estilo musical norte-americano nascido de uma mescla musical surgida num determinado tempo (inicio do século XX) e num determinado lugar (Nova Orleans, LA) onde ocorria uma grande afluência de negros provenientes de varias regiões dos EUA, trazendo sua diversidade musical.
Foi a partir desta particularidade afro-americana que incorporou-se um estilo musical que desenvolveu conceitos como blue notes, chamada e resposta, forma sincopada, polirritmia e improvisação. Originalmente o Jazz sugou do swing e do ragtime a suas primeiras notas, e isto se dava com os instrumentos metálicos, os trompetes, as baterias e as cordas do banjo. No entanto, o Jazz, com o tempo foi incorporando outros instrumentos, dos quais o piano, o saxofone, o baixo acústico ganharam grande espaço.
E ainda, o Jazz incorporou e continua incorporando notas de outros ritmos e instrumentos.
A aproximação do Jazz com a música brasileira se deu no período da transição do samba canção para a Bossa Nova, nos anos 50. Período em que, consequentemente, proliferam no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e depois em São Paulo os Trios, os quartetos e os quintetos instrumentais de Samba Jazz, título acrescentado a estes trabalhos e que, não sei se é correto, atribuir a nomeação deste estilo ao álbum de 1963 intitulado Jazz Samba, gravado pelos músicos de jazz, norte americanos, o guitarrista Charlie Byrd e o trompetista Stan Getz , apenas com músicas brasileiras,
E foi, desde momento em que os músicos brasileiros começaram a tocar Jazz e incorporarem neste trabalho instrumentos e notas de ritmos brasileiros, nascia o Jazz Brasileiro, propriamente dito.
Nesta série eu vou apresentar músicos, álbuns e grupos desta geração e desta seara.
Vou respeitar um critério que já usei anteriormente, em apresentar músicos em ordem alfabética.
E viva o Jazz!



ANTONIO CARLOS JOBIM
JAZZ BRASILEIRO

Antônio Carlos Jobim (1927-1994) é um dos compositores brasileiros mais reverenciado, interpretado e tocado no mundo, nos dias de hoje. Pode-se encontrar desde os anos 60, até o momento, discos gravados e sendo gravados dedicados a sua obra.
Há sempre alguém gravando ou tocando Jobim, pode ser no piano de um americano, na voz de uma norueguesa, seja uma cantora inglesa, uma japonesa, seja qual for a origem, mesma a brasileira, Jobim é um dos compositores brasileiros dos mais celebrados e lembrados no planeta. Existem centenas de discos interessantíssimos e versões maravilhosas feitas a partir de sua musica.
Sua obra não se entende pelo rótulo de estilo, mas sim, por sua qualidade, sua sofisticação, sua técnica e criatividade que o colocaram num patamar que o situou entre várias tendências musicais que atendem desde a música popular brasileira, a bossa nova e, como que em direção as suas influências musicais externas, ela, sua obra, alcançou e criou um link forte e intenso com o Jazz. Assim, sua musica se tornou imensamente popular em várias partes do mundo, tornando-se universal.
A música de Jobim tem um código genético que pede o piano, o baixo acústico, um sax ou um trompete, ou ambos. Escorrega fácil neste meio. Desenvolve-se bem.
Portanto, nada melhor que iniciar esta série homenageando este mestre da musica brasileira que tanto contribuiu para a existência do Samba Jazz, ou seja, do Jazz Brasileiro.
Jobim é dono de uma discografia interessante que iniciou nos anos 50 com sua contribuição na Sinfonia do Rio de Janeiro, com Billy Blanco, em 54, e com o Orfeu da Conceição, com Vinicius de Moraes, em 56. A partir deste momento, com a Bossa Nova, a obra de Jobim, passou a transparecer no violão de João Gilberto, na voz de Elizeth Cardoso e ganhou o mundo.
Foi a partir dos anos 70, quando acredito, Jobim se viu mais descolado do rótulo da Bossa Nova, que ele mostrou ao mundo sua veia mais jazzística e mais livre musicalmente.
Os álbuns como Wave (1967), Stone Flower (1970) ,Tide (1971) e Matite Perê (1973) revelam bem este momento de Tom Jobim. Ha ainda neste sentido o album “Elis e Tom” gravado em 74. Nele, pelos arranjos do álbum e sua atmosfera, vejo um retrato culminante da obra de Jobim capitaneado por seu piano e pela voz esplendorosa de Elis, ali, naquele registro, uma cantora de jazz com letras capitais.

Agora, devo confessar, quando escuto Tom Jobim, o prazer é tão imenso que pouco me importa que seja Bossa, Jazz ou Musica Popular.

“Captain Bacardi”(Antonio Carlos Jobim), Jobim, Wave (1968)

“Tide”(Antonio Carlos Jobim), Jobim, Tide (1971)

“Stone Flower”(Antonio Carlos Jobim), Jobim, Stone Flower (1970)

“Wave” (Antonio Carlos Jobim), Jobim, Wave (1967)

“Tereza My Love”(Antonio Carlos Jobim) , Jobim, Stone Flower (1970)

“Takatanga” (Antonio Carlos Jobim), Jobim, Tide (1971)

"Corcovado"(Antonio Carlos Jobim), Tom e Elis Regina (1974)

4 comentários:

pituco disse...

grande paul,

concordo contigo...o prazer da audição é maior e mais real do que qualquer classificação musical...

abraçsonoros
lindo post

Paul Constantinides disse...

sem duvida caro pituco. sem duvida.

olha, toda a força prá vc ai no Japão meu caro.
obrigado pela visita e comentário.
abs
paul

Érico Cordeiro disse...

Mr. Paul,
è engraçado como o Tom, mesmo usando um piano bastante econômico conseguiu criar uma linguagem única, mesclando influências da música erudita, do samba, do choro e do jazz.
E como o nosso maestro é querido e respeitado mundo afora - não há um único grande jazzista que não tenha gravado, no mínimo, uma composição do Maestro Soberano.
Muito boa essa nova série - tem bastante material prá ser mostrado!
Abração!

Paul Constantinides disse...

querido Erico
qto ao Jobim só basta reverenciar mesmo.
qto aos nomes q virão nesta série,
por gentileza sempre q puder, e tiver vontade, de um toque sobre quem devam ser lembrados nesta série, seria de grande ajuda.
portas abertas para usted.
abs
paul