08/01/2014

Antonio Adolfo / Finas Misturas

Para celebrar a volta do meu blog MuzaMusica.
Nada mais do que adequado do que reinicia-lo com uma postagem sobre o ultimo álbum de Antônio Adolfo, o “Fina Misturas”.
Antônio Adolfo foi um dos que sempre me incentivou a dar continuidade a este blog, e não foram poucas as vezes desde que eu tinha parado que o mesmo me perguntava quando eu voltaria a ativa-lo, ou lamentava que eu não estava postando algo.
Sem duvida, devo agradecer tambem a todos os meus amigos e leitores deste blog, que mesmo sem novidades por meses, ainda o visitam e sempre que podem me perguntam sobre ele.


Finas Misturas/ Antonio Adolfo

O álbum “Finas Misturas” foi lançado em 2013 pela AAM Music. Trata-se do 26º álbum deste incrível musico que desde 1964 estabelece com seu piano um parâmetro interessante na musica instrumental brasileira.
Seus últimos dois álbuns “Chora Baião” (2011) e “Finas Misturas”(2013) registram o fértil momento que este compositor e arranjador vive. Conseguindo trazer texturas tão distintas dos ritmos brasileiros imersos num combo jazzístico intenso e métrico. Digo métrico, porque o piano de Antônio Adolfo tem tal capacidade de nos conduzir com sua musicalidade para um limbo suspenso que nos diz tudo ser simétrico, onde cada nota tem um sentido liquido e certo, absoluto.
Beleza e harmonia são adjetivos gastos pelo tempo, mas que neste álbum os aprecio com gosto.
Observar as texturas que ele busca combinando, por exemplo, baião com Jazz, e coisas assim, é um exercício puramente jazzístico. O resultado é vibrante e estimulante.
Em “Finas Misturas” apresentam-se quatro novas composições de Antônio Adolfo (Floresta Azul, Balada, Misturando e Três Meninos) e as versões de “Giant Steps” e “Naima”, do John Coltrane, “Con Alma”, de Dizzy Gillespie, “Memories of Tomorrow”, do Keith Jarret , “Crystal Silence”, de Chick Corea e Neville Potter e “Time Remembered”, de Bill Evans.
O álbum tem Antonio Adolfo ao piano, Leo Amuedo na guitarra, Claudio Spiewak no violão, Marcelo Martins no Sax Tenor e na flauta, Jorge Helder no baixo e Rafael Barata na bateria e percussão.
Puro jazz, jazz brasileiro, jazz.

Fiz algumas perguntas ao Antônio Adolfo:



- Penso, que de sua obra recente, este é o álbum que você mais trabalhou aqui no Brasil, com apresentações em São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Como se deu isto? (Para quem não sabe, Antônio Adolfo vive em Miami, FL, USA)
“Sobre ter me apresentado mais com o Finas Misturas, posso dizer que foi coincidência ou, talvez, pelo pessoal da Tambores , que divulga meus discos recentes no Brasil, ter fechado os shows de SP - Eles estão em SP (Itaú e, agora, SESC TV - Consolação). O do Rio (Miranda) eu mesmo fechei, pois estava querendo fazer um show no Rio, já que havia tempo não tocava por lá. O de BH, na verdade, foi o Projeto Ernesto Nazareth 150 anos depois, do CCBB BH, que o Mario de Aratanha e a Luz Produções já estava armando desde um ano atrás.”
 - Antônio, parece simples para você encontrar em musicas de caras como o Coltrane ou o Dizzy Gillespie conexões com ritmos brasileiros. Como voce vislumbra isto?
 “Não sei se é tão simples assim, mas como amante da música brasileira, do Jazz e outras mais, e com certa vivência como arranjador, sempre gostei de aproximar a nossa música com qualquer outra e quando vejo que há uma brecha, uma afinidade qualquer, vai me aprofundando e acaba que sinto que viro quase parceiro de quem quer que seja ou, melhor, de qualquer música que possa me mostrar uma brecha para trazer pra musica brasileira seja o que for. E acho que o resultado fica sendo sempre algo novo. Mas isso não é só com musicas americanas, como fiz com Finas Misturas e Lá e Cá (com Carol), mas também com o Guinga e o Chico, no Chora Baião. Foi como traze-los para meu universo atual.”
 Sim, sem duvida Antônio, você fez o mesmo com a música da Chiquinha, no “Chiquinha com Jazz”, não?
 Com Chiquinha fui com bem mais parcimônia do que com esse novo trabalho, em que mexo com harmonia, forma, fraseado, melodias, enfim,..
- Nos últimos anos em que vivi em Miami, era comum se ouvir que o Jazz estava morrendo nos EUA. O que você tem a dizer a respeito?
“Acho que o Jazz nos EUA começa a reviver, principalmente com as fusões. Aquele Jazz a que chamávamos também de swing, ou bebop, etc… foi se transformando e experimentou fusões diferentes, seja com o Rock, ou com as m¨´sicas de diferentes culturas. O Jazz, na verdade, abriu=se mais e novas possibilidades pintaram e ele (Jazz) vai se renovando e continuando, mesmo que com um público relativamente bem pequeno. Nao se compara ao Pop, claro.

Escute três musicas do álbum:

Floresta Azul (Antonio Adolfo)/ Antonio Adolfo “Finas Misturas”
Giant Steps  (John Coltrane)/ Antonio Adolfo “Finas Misturas”
“Memories of Tomorrow” (Keith Jarret)/ Antonio Adolfo “Finas Misturas”


2 comentários:

pituco disse...

grande paul,

bacanuda re-estréia…salve a música…viva maestro antonio adolfo…

abrsonoros e saudosos

Paul Constantinides disse...

verdade Pituco, saudações meu caro!
tudo de bom por ai no Oriente.
abrasonoros

paul