Nada mais do que adequado do que reinicia-lo com
uma postagem sobre o ultimo álbum de Antônio Adolfo, o “Fina Misturas”.
Antônio Adolfo foi um dos que sempre me incentivou
a dar continuidade a este blog, e não foram poucas as vezes desde que eu tinha
parado que o mesmo me perguntava quando eu voltaria a ativa-lo, ou lamentava
que eu não estava postando algo.
Sem duvida, devo agradecer tambem a todos os meus
amigos e leitores deste blog, que mesmo sem novidades por meses, ainda o
visitam e sempre que podem me perguntam sobre ele.
Finas
Misturas/ Antonio Adolfo
O álbum “Finas Misturas” foi lançado em 2013 pela
AAM Music. Trata-se do 26º álbum deste incrível musico que desde 1964
estabelece com seu piano um parâmetro interessante na musica instrumental
brasileira.
Seus últimos dois álbuns “Chora Baião” (2011) e “Finas
Misturas”(2013) registram o fértil momento que este compositor e arranjador
vive. Conseguindo trazer texturas tão distintas dos ritmos brasileiros imersos
num combo jazzístico intenso e métrico. Digo métrico, porque o piano de Antônio
Adolfo tem tal capacidade de nos conduzir com sua musicalidade para um limbo
suspenso que nos diz tudo ser simétrico, onde cada nota tem um sentido liquido
e certo, absoluto.
Beleza e harmonia são adjetivos gastos pelo tempo,
mas que neste álbum os aprecio com gosto.
Observar as texturas que ele busca combinando, por
exemplo, baião com Jazz, e coisas assim, é um exercício puramente jazzístico. O
resultado é vibrante e estimulante.
Em “Finas
Misturas” apresentam-se quatro novas composições de Antônio Adolfo
(Floresta Azul, Balada, Misturando e Três Meninos) e as versões de “Giant Steps”
e “Naima”, do John Coltrane, “Con Alma”, de Dizzy Gillespie, “Memories of
Tomorrow”, do Keith Jarret , “Crystal Silence”, de Chick Corea e Neville Potter
e “Time Remembered”, de Bill Evans.
O álbum tem Antonio Adolfo ao piano, Leo Amuedo na
guitarra, Claudio Spiewak no violão, Marcelo Martins no Sax Tenor e na flauta,
Jorge Helder no baixo e Rafael Barata na bateria e percussão.
Puro jazz, jazz brasileiro, jazz.
Fiz algumas perguntas ao Antônio Adolfo:
- Penso, que de sua obra recente, este é o álbum que
você mais trabalhou aqui no Brasil, com apresentações em São Paulo, Rio e Belo
Horizonte. Como se deu isto? (Para quem não sabe, Antônio Adolfo vive em Miami,
FL, USA)
“Sobre
ter me apresentado mais com o Finas Misturas, posso dizer que foi coincidência
ou, talvez, pelo pessoal da Tambores , que divulga meus discos recentes no Brasil,
ter fechado os shows de SP - Eles estão em SP (Itaú e, agora, SESC TV -
Consolação). O do Rio (Miranda) eu mesmo fechei, pois estava querendo fazer um
show no Rio, já que havia tempo não tocava por lá. O de BH, na verdade, foi o
Projeto Ernesto Nazareth 150 anos depois, do CCBB BH, que o Mario de Aratanha e
a Luz Produções já estava armando desde um ano atrás.”
- Antônio, parece
simples para você encontrar em musicas de caras como o Coltrane ou o Dizzy Gillespie
conexões com ritmos brasileiros. Como voce vislumbra isto?
“Não sei se é tão simples assim, mas como
amante da música brasileira, do Jazz e outras mais, e com certa vivência como
arranjador, sempre gostei de aproximar a nossa música com qualquer outra e
quando vejo que há uma brecha, uma afinidade qualquer, vai me aprofundando e
acaba que sinto que viro quase parceiro de quem quer que seja ou, melhor, de
qualquer música que possa me mostrar uma brecha para trazer pra musica
brasileira seja o que for. E acho que o resultado fica sendo sempre algo novo.
Mas isso não é só com musicas americanas, como fiz com Finas Misturas e Lá e Cá
(com Carol), mas também com o Guinga e o Chico, no Chora Baião. Foi como
traze-los para meu universo atual.”
Sim, sem duvida Antônio, você fez o
mesmo com a música da Chiquinha, no “Chiquinha com Jazz”, não?
“Com Chiquinha fui
com bem mais parcimônia do que com esse novo trabalho, em que mexo com
harmonia, forma, fraseado, melodias, enfim,..”
- Nos últimos anos em que vivi em Miami, era comum se ouvir
que o Jazz estava morrendo nos EUA. O que você tem a dizer a respeito?
“Acho que o Jazz
nos EUA começa a reviver, principalmente com as fusões. Aquele Jazz a que
chamávamos também de swing, ou bebop, etc… foi se transformando e experimentou
fusões diferentes, seja com o Rock, ou com as m¨´sicas de diferentes culturas.
O Jazz, na verdade, abriu=se mais e novas possibilidades pintaram e ele (Jazz)
vai se renovando e continuando, mesmo que com um público relativamente bem
pequeno. Nao se compara ao Pop, claro.”
Escute três musicas
do álbum:
Floresta Azul (Antonio Adolfo)/ Antonio Adolfo “Finas
Misturas”
Giant
Steps (John Coltrane)/ Antonio Adolfo “Finas
Misturas”
“Memories
of Tomorrow” (Keith Jarret)/ Antonio Adolfo “Finas Misturas”
2 comentários:
grande paul,
bacanuda re-estréia…salve a música…viva maestro antonio adolfo…
abrsonoros e saudosos
verdade Pituco, saudações meu caro!
tudo de bom por ai no Oriente.
abrasonoros
paul
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