01/04/2010

Saudosas Bolachas (07/73)

o sopro do rock num determinado ponto do América, num claro instante....


RAUL SEIXAS
“KRIG-HA-BANDOLO!”(1973)

" Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado"


O cantor e compositor baiano Raul Seixas (1945-1989) em 72, depois da experiência criativa com Sergio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star na Gra-Ordem Kavernista, partiu para um trabalho solo que iria transforma-lo num icone ligado ao rock e a contracultura brasileira.
O álbum “Krig-há-bandolo” traz fortes elementos da cultura popular e da cultura pop (o titulo é uma referência ao grito de Tarzan nas HQ dos anos 50), aliado a referências místicas, esotéricas e hippies. No caldeirão, ou baú, do Raul havia um fundamento roqueiro imerso numa perspectiva ampla e luminosa.
Este disco marca o início da parceria de Raul com Paulo Coelho que neste disco traz da dupla : “As Minas do Rei Salomao”, “A Hora do Trem Passar”, “Al Capone”, “Rockxixe” e “Cachorro Urubu”.
O grande sucesso do álbum foi “Ouro de Tolo”uma musica que critica o sonho consumista da classe média ao mesmo tempo em que fala de disco voadores. Foi um hino do incorformismo dos anos 70. Uma genuína balada pop brasileira.
“Mosca na Sopa” é outro grande sucesso deste álbum e demonstra claramente a capacidade elástica da musica brasileira em mixar ritmos estrangeiros com nacionais, aqui vemos o rock enveredado numa roda de umbanda.
O grito primal de Raul na orelha dos anos 70.

“Mosca na Sopa”(Raul Seixas)

“Metamorfose Ambulante”(Raul Seixas)

“Ouro de Tolo”(Raul Seixas)



SÉRGIO SAMPAIO
“EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA”(1973)


Sergio Sampaio (1945-1994) em 73 lança o seu primeiro álbum depois do estrondoso sucesso no FIC de 72. O álbum “Eu Quero È Botar Meu Bloco na Rua” funcionou como um anticlimax para o entendimento da mídia da época que esperava encontrar em cada faixa do álbum um novo sucesso como “Eu Quero ...”. Mas a poética musical de Sérgio Sampaio revelava uma face em “Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua” que não é de todo a sua fúria modernista, a sua acidez crítica e o seu bolerismo irretocado.
A musica de Sérgio Sampaio, valorosa, não ganhou os ouvidos da massa mas deixaram forte registro no período em que foram criadas de seu tempo.
Sérgio Sampaio . O tormento e a alegria de um momento louco, lírico e poético de 1973.
Regado a vinho, rock e bolero.

“ Lero, Leros e Boleros”(Sergio Sampaio)

“Labirintos Negros” (Sergio Sampaio)

“Eu Quero E Botar Meu Bloco na Rua” (Sergio Sampaio)



SOM IMAGINARIO
“A MATANÇA DOS PORCOS” (1973)


O Som Imaginário, banda mineira criada em torno da musicalidade de Milton Nascimento e Clube da Esquina. Assim; sendo uma espécie do que foi Novos Baianos para o Tropicalismo; o Som Imaginário foi o expoente musical criativo daquele momento da musica brasileira feita em Minas Gerais. Obviamente que como toda a musica feita com matizes diversas que mesclam ritmos locais com estrangeiros expande facilmente suas fronteiras geográficas.
O Som Imaginário em 1973 gravou o seu terceiro e ultimo álbum: “A Matança dos Porcos”.
Neste álbum o tecladista Wagner Tiso faz os arranjos musicais. O núcleo da banda fica em torno de Wagner Tiso (teclados), Tavito (guitarra), Robertinho Silva (bateria) e Luis Alves (b aixo).
Ainda assim, houve neste álbum participações de antigos integrantes como Fredera (violão) e Zé Rodrix (flauta). Traz a participação de Milton Nascimento, Golden Boys e Danilo Caymmi.
Em “A Matança dos Porcos” a influência do rock progessivo é patente. O som do Som Imaginário em alguns momentos assemelha-se a sonoridade que o Pink Floyd, por exemplo, fazia naquela época. Porém o disco mantém-se original. É um álbum praticamente instrumental que traz uma profusão de jazz, rock, psicoldelismo e ritmos regionais com maestria.
O Som Imaginário era um grupo de feras, como se dizia, antigamente, a respeito de grandes músicos.

Armina – Som Imaginário – (Wagner Tiso)

A Nº 2 – Som Imaginário – (Wagner Tiso)

Mar Azul – Som Imaginário – (Wagner Tiso & Luiz Alves)



SECOS E MOLHADOS
"SECOS E MOLHADOS" (1973)

O disco de estréia da banda “Secos e Molhados” traz arranjos conectados com o rock e com alguns ritmos folclóricos. Traz a veia poética de João Ricardo, a sutilidade elétrica mesclada ao acústico e a voz feminine de Ney Matogrosso. Este conjunto de talentos, fatos e fatores se traduziram num disco forte e vibrante, que ainda hoje traz intacto o frescor do momento em que foi criado. Início dos anos 70, exatamente : 1973.
O Brasil emerso do Tropicalismo, da Jovem Guarda, da musica de protesto e de outras bossas transmutava-se em MPB imerso na gama radioativa de rocks e pops ocidentais.

João Ricardo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad fizeram em 73 a musica que traduzia muito do que acontecia naquele momento.
O disco foi um grande sucesso de vendas e “Sangue Latino” (João Ricardo/Paulo Mendonça) foi uma das músicas mais executadas naquele ano.

“Sangue Latino” (Joao Ricardo/Paulo Mendonça)

“Primavera nos Dentes” (Joao Ricardo / Joao Apolinario)

“Fala” (Joao Ricardo / Joao Apolinario)

4 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Quatro discos fabulosos, dignos de se levar para uma ilha deserta.
Por todo o seu simbolismo, pela atitude contestadora em plena ditadura militar e pela estupenda presença de palco, Rauzito e os Secos e Molhados são figuras indispensáveis em nossa música!
Mas Sérgio Sampaio é adorável.
Mr. Paul, obrigado, de novo!
Eu quero é botar meu bloco na rua, brincar, botar pra gemer...

Paul Constantinides disse...

grande érico, vc tem razão.
obrigado pelo comentário.
vamos botar nossos blocos na rua...
abs
paul

pituco disse...

discos emblemáticos, goste-se ou não do estilo...não é verdade, paul?

agora...corcel...quem se lembra?...nem mesmo eu recordo-me do designer...rsrsrs

abraçsons
ps...'sangue latino' e 'eu quero botar meu bloco...' eu canto vez ou outra...coincidÊncia.

Paul Constantinides disse...

é isto ai pituco.
valeu o comentário amigo.
abs
paul