02/08/2010

100 ANOS : ADONIRAN BARBOSA


(06/08/1910 – 06/08/2010)


“Todo o samba é igual. O meu só é diferente nos versos. Eu faço samba que fala em Casa Verde. Eu não posso falar em Copacabana, pois não a conheço, falo então de Sorocabana”. (Adoniran Barbosa)


Adoniran Barbosa (06/08/1910-23/11/1982). Poeta do cotidiano, dos transeuntes mais simplórios e descolados de uma São Paulo, Terra da Garoa, que agigantava-se nos idos anos 40 e 50 do século passado. Mezzo italiano, mezzo caipira, nascido na cidade de Valinhos (SP) filho de imigrantes italianos, nasceu João Rubinato . Mudou-se jovem para a capital paulista onde sonhava em ser ator de rádio e cinema e tornou-se o Adoniran Barbosa.
Porém foi perseguindo o cinema que a musica que lhe abriu os braços; o samba especificamente. E Adoniran se deixou levar sem nenhuma pretensão de ser o que acabou se tornando, uma expressão imprescindível do samba. Samba paulista pelos temas, pelo português errado, pelos ritmos sincopados, samba do bom, samba qualquer, expressão legitima.

Adoniran é um ícone construído através de sua obra requintada e original. Extremamente popular. Ainda hoje, depois de cem anos de seu nascimento, é difícil encontrar em centros urbanos do Brasil algum desprezo ou esquecimento de sua obra. “Trem das Onze”(Adoniran Barbosa), “Saudosa Maloca”(Adoniran Barbosa), “Samba do Ernesto”(Adoniran Barbosa/Alocin) e “Tiro ao Alvaro”(Adoniran Barbosa/Oswaldo Moles) são consistentes exemplares da durabilidade de seu trabalho e eventualmente são tocadas em rádios e bares e ainda regravadas.

Interessante constatar o desprezo que seu trabalho teve inicialmente fora da cidade de São Paulo nos anos 50. Interessante saber que Vinicius criticava os sambas de português quebrado de Adoniran e que Aracy de Almeida tendo em mãos um poema do poeta que lhe deu para fazer uma musica ou o que bem entendesse. E ela, que admirava o compositor paulista foi a ponte que fez os dois comporem “Bom Dia Tristeza”(Adoniran Barbosa/Vinicius de Moraes) que imediatamente foi gravada por Maysa, Sylvia Telles e Elizeth Cardoso.

Um fato marcante na obra de Adoniran, é que muitas canções suas criadas no fim dos anos 40 só aconteceriam, teriam gravações bem sucedidas, nos anos 60. E isto se deve em grande parte ao tratamento musical e carinhoso que o grupo Demônios da Garoa dedicou a obra de Adoniran.
Adoniram viveu sua arte e morreu em 1982 vitima de um efisema pulmonar, ainda nos seus últimos dias preso a sua casa devido a fraca saúde construiu com latas uma réplica de um parque de diversões. Uma mente voltado para o entretenimento absoluto. Um homem diverso e talentoso que no samba teve uma qualitativa participação.

“Tiro ao Alvaro”(Adoniran Barbosa/Osvaldo Moles), Elis Regina e Adoniran.

“Saudosa Maloca”(Adoniran Barbosa), Demonios da Garoa.

"Iracema”(Adoniran Barbosa), Clara Nunes e Adoniran.

“Bom Dia Tristeza”(Adoniran Barbosa/Vinicius de Moraes) , Silvia Telles

"As Mariposas”(Adoniran Barbosa), Originais do Samba

“Vila Esperança”(Adoniran Barbosa/Marcos Cesar), Adoniran Barbosa

12 comentários:

pituco disse...

nóis viemo aqui pra 'orvi' musica ou pra conversá???...hehehe

grande paul,
valeô o post...boas lembranças do signori rubinato...e qual música brasileiro que nunca tocou...trem das onze...????

é isso aí,
parabéns adoniran pelo legado bacanudo que nos deixaste...eterno

abraçsons

Paul Constantinides disse...

é isto mesmo pituco.
e ai meu caro como foi o show da Joyce ai no distante oriente?
abs
saudações
paul

Pod papo - Pod música disse...

Já ouvi falar muito de Adoniran e já ouvi muitas músicas dele. Que ele seja lembrado para sempre.

Paul Constantinides disse...

muito legal juliana
obrigado pelo comentário
e viva Adoniran!!!
abs
paul

Antonio Zanni disse...
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Antonio Zanni disse...
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Antonio Zanni disse...
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Antonio Zanni disse...

Conheci o Adoniran Barbosa ouvindo seu personagem mais famoso (o Charutinho), nas "Histórias das Malocas", programa de Osvaldo Mólis, pela Rádio Racord de São Paulo, num rádio com caixa de madeira, que ainda funcionava a válvulas, pelos idos de 1953/54. Tinha eu pouco mais de seis ou sete anos, mas já o identificava pela sua voz rouca e pela sua maneira peculiar de falar "nóis vai", "nóis fumo", "nóis vamus", "nóis vorta". O tempo se encarregou de elevá-lo ao seu verdadeiro patamar de sucesso, que ele sempre mereceu tanto no Cinema, como na música. Venceu um concurso de Carnaval no Rio de Janeiro com o Samba "Trem das Onze", apesar dele ser de São Paulo, que tinha sido intitulada por Vinicius de Moraes, o túmulo do Samba. Adoniran Barbosa morreu pobre, mas teve em vida o seu talento reconhecido pelos maiores intérpretes da MPB, tais como Wilson Simonal, Elis Regina, Demônios da Garôa, etc., que gravaram as suas músicas.